terça-feira, 16 de abril de 2013

Por que as pessoas não fazem o que esperamos delas?

É comum reclamarmos que as pessoas não fazem o que esperamos delas, não realizando sequer o que consideramos óbvio. O grande problema das solicitações não serem atendidas como o esperado é fruto de falhas no processo de formulação do pedido, ou seja, falha de comunicação.

Agimos como se as pessoas tivessem a obrigação de adivinhar o que queremos. Ninguém possui bola de cristal e só existe um instrumento que possibilite ao outro descobrir exatamente o que, e como queremos que as coisas sejam realizadas.  Este instrumento é a comunicação!

A qualidade da sua vida é o resultado da qualidade da sua comunicação. O ato da fala é um dos maiores poderes concebidos ao ser humano. O Homem é a única espécie capaz de transmitir conhecimento de uma geração a outra e de expandir continuamente este conhecimento, à medida que o transmite. 

Nossas solicitações não são atendidas porque não sabemos pedir. Geralmente escuto muitos os gestores reclamarem: os subordinados não fazem o que foi solicitado, e era óbvio o que era para ser feito...

 Eu pergunto: Obvio para quem?




Na nossa cultura quem pede muito é chamado de “pedinte” “pedinchão”; como ninguém gosta de ser rotulado, passa a pedir menos do que precisa e a exigir mais do que realmente pediu.

As mulheres são campeãs. Quando chega alguma data festiva, das típicas em que se presenteia, o esposo atencioso pergunta o que a esposa deseja ganhar. Ela, criada para ser Amélia, mulher de verdade, agradece e verbaliza – Nada não! Não vamos gastar. O marido não muito convencido fica como escoteiro “Sempre Alerta”.  No café da manhã a amada esposa reclama da sanduicheira que esta com antiaderente desgastado. O esposo rapidamente entende o recado – Ela quer uma sanduicheira nova. Pronto, a confusão foi armada. Ele empolgado chega com o presente e não consegue entender o rosto de ingratidão da esposa, que não queria nada e mesmo assim ganhou o lindo eletrodoméstico. Ela por sua vez o acusa de insensível. Nas empresas as mesmas frustrações de expectativas se repetem constantemente.

Os pedidos são mágicos, toda vez que um pedido é bem formulado aumenta as chances de mudar o futuro, as relações e os resultados. Pedir gera uma oportunidade real de que algo aconteça.

As chaves para fazer um pedido bem feito:

  • Precisa existir uma carência identificada: o objetivo que gera o pedido. Tendo identificado a necessidade que dá origem ao pedido, comunique ao “solicitado” o motivo da sua solicitação, isso o ajudará a buscar alternativas de soluções. 
  • Averigue se o solicitado possui as competências técnicas e comportamentais para executar o pedido. Como diria Goethe “Nada mais assustador do que a ignorância colocada em prática”.  Não adianta ter um subordinado cheio de garra e boa vontade, mas que não sabe o que fazer nem como fazer. Vai gerar no mínimo retrabalho e gastos. 
  • Deixe claro o que você quer e qual a qualidade considerada aceitável para a execução da tarefa, o padrão de satisfação esperado.  
  • Estabeleça o prazo, delimite o tempo – deixe bem claro quando o pedido deve estar finalizado. 
  • Certifique-se que a solicitação foi compreendida com clareza e objetividade (os dois têm que compartilhar o entendimento sobre o que exatamente está sendo pedido).  Claro que não iremos perguntar – Você entendeu? O ouvinte a maioria das vezes responde que sim. Até porque ele deve ter entendido o que ele quis entender. A maioria das pessoas não responde a realidade. Se não aceitam ou não gostam do que entenderam tendem a “deletar”, a distorcer ou a generalizar a informação. Para otimizar a sua comunicação pergunte o que a pessoa entendeu, o que foi solicitado e como ela ira realizar. 
  • Deixe espaço para esclarecimentos adicionais e possibilidade para o outro declinar, se for o caso. Dê espaço para que as pessoas tenham uma saída honrosa se não puderem ou não tiverem condições de realizar o seu pedido. Conceda a liberdade para que o pedido seja negado, negociado e para que as dúvidas possam surgir na fase apropriada. Quando negamos este direito corremos o risco de descobrir que não fomos atendidos somente após o termino do prazo dado para a realização da tarefa, muitas vezes,  tarde demais. 
  • Demonstre gratidão.  Agradeça todas as pequenas gentilezas que lhe são oferecidas, todos os pedidos que foram realizados ou a sinceridade na negação de uma solicitação. A gratidão é resultado obtido na interação de pessoas felizes porque reconhecem e são reconhecidas. Você conhece alguém feliz ingrato? 
E a maior de todas as gratidões é sermos úteis na vida das pessoas que nos cercam. E toda vez que você puder atender alguma solicitação, não se espante se a pessoa mais realizada e feliz for você, afinal somos o reflexo do que projetamos na vida dos outros. Peça e seja atendido, mas saiba pedir e ser grato aos que lhe atendem. Pedir é uma arte, atender é uma satisfação quando existe qualidade nas relações humanas.

Peça o necessário, estabeleça e comunique suas expectativas, cheque as condições de realização do seu pedido, o entendimento das suas expectativas e comemore os resultados!

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”, como Jesus disse a seus discípulos.  Assim é a recomendação, assim também é a realidade!

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