segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Navegando Pela Vida 

Confesso que o mar sempre exerceu um grande fascínio sobre mim...
A sua dimensão além do horizonte, sua força e movimento, a grande biodiversidade marinha ; um mundo ainda pouco explorado e misterioso...
A vida também é um oceano, com seus mistérios e sua imensidão de atitudes e comportamentos e nós somos navios tentando encontrar o rumo do porto seguro.
Você já fez um cruzeiro marítimo em um daqueles luxuosos transatlânticos?
Então vamos embarcar nessa aventura!
O Navio “Life of Sea” está soltando as “espias” do cais rumo ao alto mar e nós vamos conhecer um pouco das atividades de bordo.
A “proa” aerodinâmica do nosso navio vai furando as ondas em alto mar e os “marinheiros de primeira viagem” vão tentando localizar o seu “novo” centro de gravidade!!
O “jogo” do navio em harmonia com as ondas do mar quebram o paradigma da “estabilidade” e a gente tenta se equilibrar e se aprumar dentro dessa nova realidade.
Na vida também é assim, precisamos quebrar os paradigmas e encontrar novos rumos e novas formas de navegar em busca de nossas realizações.
Dentro do navio encontramos dois tipos de pessoas: tripulantes e passageiros.
Os Passageiros

Os passageiros de um cruzeiro marítimo só têm um pensamento: satisfazer as suas necessidades de diversão e lazer.
Compreensivelmente, não estão preocupados com o rumo do navio, com o estado do mar, com a pressão nas turbinas ou com qualquer outra atividade inerente ao controle do navio.
Em um transatlântico, ser passageiro significa a recompensa pelo esforço e dedicação ao longo dos anos.

Mas no navio que percorre o oceano da vida a coisa é um pouco diferente. Nesse navio você está em busca de um sonho, de um destino.
Os “passageiros da vida” são aqueles que ficam esperando as coisas acontecerem, reclamam de tudo e de todos e não fazem nada para mudar o que está errado.
Quando chegam no “porto” errado colocam a culpa no “destino” e não se dão conta de que o rumo estava errado há muito tempo e só eles não sabiam.
Os Tripulantes

Os tripulantes de um navio podem ser divididos basicamente em duas categorias, conforme as suas atribuições: área de serviços e área de navegação.
Serviços

Os tripulantes da área de serviços cuidam do conforto e orientação dos passageiros e garantem as condições de integridade do navio. São solícitos e rápidos no atendimento e estão sempre preocupados, em primeiro lugar, em atender as necessidades de passageiros e demais tripulantes. Têm alguma noção da navegação, mas não tomam parte na condução do navio.
Os tripulantes da área de serviços do navio que corta as ondas da vida se comportam de modo semelhante! Estão muito preocupados com seus semelhantes e esquecem de conduzir o rumo de suas vidas.
Procuram ajudar e orientar parentes e amigos, mas não tomam as iniciativas necessárias para levar o seu navio rumo ao porto. Sabem que possuem condições para influir no rumo dos acontecimentos, mas por receio, se deixam levar pelas correntes da vida.
Navegação

Os tripulantes da área de navegação são os responsáveis diretos pela condução do navio.
Estão sempre atentos ao rumo, às necessidades de mudança de velocidade, à chegada de tempestades e a todos os demais fatores que possam afetar a condução e a segurança da embarcação rumo ao seu porto seguro.
Além dessa atribuição, procuram sempre que possível orientar e auxiliar os passageiros e demais tripulantes.
No navio que singra pelo oceano da vida é muito fácil distinguir os tripulantes que conduzem o rumo do seu destino em busca dos seus sonhos. Sabem direcionar e conduzir o navio para o porto de destino programado, se desviando das tempestades e tomando as precauções necessárias quando tiver que enfrentar as tormentas.
São aquelas pessoas que, efetivamente, conduzem suas vidas e realizam as mudanças necessárias sempre que algo esteja impedindo a realização de seus desejos.
Procuram dar o exemplo, são pessoas alegres e criativas, não reclamam da vida, transformam as adversidades em oportunidades e desafios. São líderes por opção e estão sempre orientando e auxiliando parentes e amigos.
Como anda o seu navio?
E você...Como está navegando pela vida?
Você é passageiro ou tripulante do seu navio?
Você conduz ou deixa ser conduzido pela vida?
Todos nós somos em um determinado momento da vida passageiros e tripulantes!
Temos que saber o momento para relaxar e curtir a viagem e o momento em que é necessário planejar o nosso rumo e, com firmeza e segurança, conduzir a embarcação enfrentando os desafios do oceano.
Não faça como a música do famoso Zeca Pagodinho...
”Deixa a vida me levar, vida leva eu...”
Tome logo o rumo de sua vida!
Não deixe as correntes do oceano te levar para um destino não programado.
Faça o seu destino e conduza o seu navio com firmeza, competência e determinação rumo ao porto seguro.
Não fique olhando a vida passar, ficando ao sabor das ondas.
Solte as amarras do medo , segure firme o timão do seu navio, trace seu rumo (objetivos) e navegue na direção do sucesso!
Boa viagem!
Ivan F. Cesar
EMPREENDER PARA TODOS
email: ivan@empreenderparatodos.adm.br

Quer ser um vencedor? Alimente-se de entusiasmo

Por Cíntia Bortotto para o RH.com.br 
Sempre ouvimos falar que uma das características fundamentais de um bom líder é sua capacidade de motivar seus subordinados. Mas por que isso é tão importante? Motivação é um tema estudado há muito tempo, pois o ser humano sempre tenta entender o porquê de determinados comportamentos em alguns indivíduos e outros comportamentos em outras pessoas.

O mundo corporativo investe tempo e dinheiro para entender o nível de satisfação de seus funcionários e percebe que isso está diretamente relacionado ao quanto suas necessidades estão sendo saciadas. 

O líder tem um papel fundamental neste ponto, pois muitas vezes ele é a representação da organização para os trabalhadores; assim, ele motiva e engaja. As pesquisas sobre engajamento vêm geram também outras pesquisas sobre a liderança e o reconhecimento. 

O reconhecimento aparece como uma forma de motivação e tende a motivar mais funcionários que querem fazer de tudo, para que os objetivos da empresa sejam alcançados. 

Assim, é de responsabilidade especialmente do líder se ater a este tema, pois ele sabe que quando a motivação de sua equipe aumenta, há um crescimento efetivo na produtividade. As pessoas produzem mais quando estão felizes e motivadas. Ser capaz de detectar o que motiva cada funcionário e o que desmotiva traz eficiência para a sua gestão e é por isso que os líderes devem necessariamente entender do assunto.

Um pouco de teoria

Uma das teorias de motivação mais conhecidas é a chamada "Teoria das Necessidades de Maslow", que de acordo com uma pirâmide em que elenca a hierarquia das necessidades humanas, o autor acabou levando à luz muitos líderes sobre o que pode motivar seu funcionário, como auto-realização, estima, necessidades sociais, de segurança e básicas. 

É sabido que quando as necessidades básicas ou de segurança do ser humano não são atendidas, o nível de insatisfação cresce. Assim, as pessoas precisam ter condições de trabalho que garantam que as necessidades básicas (abrigo, vestimenta, fome, sexo, sede, conforto) e de segurança (proteção, ordem, consciência dos perigos e riscos, senso de responsabilidade) sejam satisfeitas e as demais aumentam o nível de satisfação e a vontade de pertencer que os funcionários têm.

Os caminhos para motivar

As estratégias da organização - como um todo - devem reforçar uma cultura de reconhecimento e de forte motivação. Ao líder, cabe o papel de personalizar o reconhecimento, identificando o que cada funcionário que reporta diretamente a ele gosta, prefere ou tem de necessidade, para ter mais satisfação, engajamento e motivação.

Seguem algumas dicas para motivar sua equipe, baseadas na literatura especializada e em meu cotidiano corporativo:

* Reconheça no dia a dia! - Faça elogios, escreva bilhetes e demonstre que seu funcionário está no caminho certo e fez um bom trabalho. É um reconhecimento que custa pouco, comove e cria vínculo.

* Agradeça pelo que ele fez além do esperado! - Este é o tipo de reconhecimento mais formal, onde funcionários que desempenharam acima e além das suas atribuições merecem. São prêmios para aqueles que entregaram conquistas significativas, ideias diferenciadas que trouxeram retorno para a empresa ou vendas muito acima das expectativas. 
Um aspecto importante é que o prêmio seja proporcional ao resultado. Não adianta achar que o benefício por um trabalho que gerou como resultado 200 reais pode ser o mesmo que para um projeto diferenciado que gerou 200 milhões de reais. E quanto mais personificado o prêmio maior a sensação de reconhecimento para quem o recebe.

* A carreira na empresa é importante! - Reconhecimento pela carreira são os já conhecidos prêmios por tempo de serviço. Eles continuam sendo efetivos, pois são reconhecimentos formais e suscitam confiança e vínculo. Para melhorar adaptação às necessidades imediatas da nova geração, a recomendação de especialistas é de que o modelo atual seja revisto, para começar ainda no primeiro ano e não mais apenas com cinco anos.

*Faça a maior festa! - Eventos de final de ano, ou para abertura ou fechamento de algum projeto grande, aniversário da empresa, lançamento de um novo produto, dia das secretárias etc. motivam as pessoas. Eles reforçam a marca da empresa e agradecem a todos os integrantes de uma equipe, divisão ou, até mesmo, a organização inteira.

Bem, motivação é um exercício constante. Você deve praticá-lo consigo mesmo, com pessoas da sua vida pessoal. Desafiar as pessoas, reconhecer, elogiar deixa a vida mais leve e gostosa. 
É lógico que a vida não é só feita de elogios, os feedbacks construtivos devem ser dados para o desenvolvimento, mas a vida fica mais motivante quando o reconhecimento faz parte dela! 
Siga confiante e boa sorte!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Como fazer a transição do emprego atual para a carreira sonhada? - Roberto Shinyashiki

UOL Empregos me encaminhou uma questão de uma internauta. Como a dúvida dela é bastante freqüente na vida profissional de muita gente, resolvi responder com este artigo. 

Eis a pergunta que ela nos enviou:

“Sou formada em propaganda e trabalho com design gráfico, no qual sou pós-graduada. Porém, quero trabalhar com moda e estou fazendo alguns cursos livres. 
Fui fazer algumas entrevistas e senti dificuldade nessa transição, pois não dão muita importância à experiência que tenho, que é de grande valor para ambas as áreas. Como devo proceder, pois eles só enfatizam que nunca trabalhei com moda?”

Essa situação é mesmo frustrante. Mas não podemos deixar que ela nos impeça de seguir nossa vocação e realizar nossos sonhos. Em meu livro “Sempre em Frente” falo bastante sobre essa sensação de estar dentro de um carro atolado, sem conseguir avançar e nem retroceder, ou mesmo sem saber como resolver a situação.

Eu também tive de trabalhar em algo muito diferente, antes de atuar como psiquiatra, que era a minha verdadeira vocação: ganhava minha vida como cirurgião, em plantões de pronto-socorro. 

 Como minha necessidade de dinheiro era grande naquela época, não podia arriscar mudar para a psiquiatria e abandonar a cirurgia, trocar o certo pelo incerto. 

Afinal, embora eu já fosse um ótimo cirurgião, com certeza enfrentaria o descrédito na área da psiquiatria – aquela falta de confiança que as pessoas têm quando você não tem experiência na nova área em que tenta atuar. 

 A verdade é que ninguém repara, inicialmente, no seu sucesso em outras áreas, mesmo que elas sejam afins desse novo segmento em que você pretende atuar.

Então, fiquei um bom tempo preso à área cirúrgica. Mas, ao mesmo tempo em que optava pela segurança de ficar onde eu estava, tive receio de nunca conseguir praticar a minha verdadeira vocação. 

Via-me como vítima do destino, porque estava impossibilitado de me dedicar ao que realmente queria. 

Até que um dia resolvi tomar uma atitude e mudar de vez a minha vida. 

Organizei as finanças e todas as outras coisas que me pareciam impedimentos para eu realizar minha vocação, e iniciei a mudança da cirurgia para a psiquiatria. Hoje, olho para trás e fico orgulhoso de ter apostado nessa guinada.

Carreira dos sonhos: os cinco passos para chegar lá

Para todos os que estão vivendo uma situação parecida, aqui vão alguns conselhos:

1º) Estabeleça um prazo para dar fim a esse “purgatório”. Isso vai ajudá-la a se organizar para a nova etapa da sua vida e renovar suas esperanças;

2º) Pense em um projeto de mudança: liste tudo o que precisa fazer para conseguir realizar a sua meta;

3º) Monte um plano de transição. Não é preciso jogar tudo para o alto do dia para a noite. Prepare o terreno, plante as sementes e cuide de sua plantinha, até que ela dê frutos;

4º) Não se sinta uma vítima do destino. Agradeça todos os dias por seu trabalho, mesmo que não seja seu ideal. Pense que é esse trabalho que você faz hoje que a ajuda a criar a estrutura para lançar-se para onde você quer estar.

5º) Por fim, não desista da sua vocação.

Se eu tivesse me acomodado com as cirurgias, hoje estaria muito frustrado.

De coração, não quero que isso aconteça com você! Além do mais, lembre-se: determinação é fundamental e, quanto mais árdua a caminhada, melhor o sabor da chegada.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Qualidade de vida no trabalho: as relações com seu chefe, colegas e a sua carreira - Max Gehringer + Dez mancadas que podem custar a sua cabeça

Para se dar bem na carreira profissional, não basta somente competência e excelência de resultados a curto prazo. 

É preciso ter um bom fair play, jogo de cintura, saber lidar com o chefe e gerir a carreira como um todo.

Nesta entrevista ao Vya Estelar, o escritor, jornalista e economista, Max Gehringer, que acaba de lançar o livro, Não Aborde o Seu Chefe no Banheiro, (E. Campus), revela dez mancadas que podem arruinar a sua carreira. 

Ele diz como preparar um currículo, como proceder numa entrevista, como se comportar no ambiente de trabalho e gerir a carreira. E é claro, como lidar com o seu chefe.

Vya Estelar - Meu chefe, abusando de seu poder e autoridade, me deu um grande bronca? O quê fazer?

Max Gehringer - Se a bronca foi merecida, o melhor é assumir o erro. Se o tom do chefe for de alguns decibéis acima do normal, uma resposta curta e em tom sussurrado normalmente faz com que ele baixe a voz na sentença seguinte. Agora, se o funcionário não tem culpa de nada e o chefe está descarregando em cima dele todas as suas frustrações pessoais, só há um conselho prático: é mais fácil mudar de chefe do que mudar o chefe.

Vya Estelar - Você percebe que o seu chefe não te topa? Tem como reverter esta situação?

Max Gehringer - Só há dois motivos, profissionalmente falando, para um chefe não gostar de um funcionário: ou o funcionário é incompetente demais, ou é competente demais. O segundo caso é o mais grave, porque o chefe fica com inveja e com medo do funcionário, e faz o possível para mantê-lo sob controle. Mas há funcionários que, sem querer, fazem o chefe ficar com raiva deles, de graça. Por exemplo, vestem-se melhor que o chefe. Ou sabem que o chefe não fez faculdade e ficam comentando em voz alta seus MBAs e mestrados. Ou sabem que o chefe só fala português e insistem em usar termos ingleses na conversa. Nada disso é culpa do funcionário, claro, mas é bom não esquecer que sempre prevalece o ponto de vista do chefe.

Vya Estelar - Por que eu não devo abordar o meu chefe no banheiro?

Max Gehringer - Porque, entre outras coisas, ele pode estar com as mãos ocupadas. Mas o conselho é uma metáfora para as coisas simples e perfeitamente evitáveis que podem complicar a carreira de um funcionário. Coisas que a gente faz sem perceber o risco e depois passa o resto da vida se arrependendo de ter feito.

Vya Estelar - Acabei de ser contratado numa empresa, como devo agir no ambiente de trabalho?

Max Gehringer - Observando tudo com visão microscópica. Nunca dando a entender que sabe mais do que o pessoal da casa. Nunca mencionando a empresa anterior como paradigma. Oferecendo-se para colaborar com qualquer um, em tudo o que for necessário. Parece incrível, mas eu diria que nem 20% dos novos contratados procedem assim.

Vya Estelar - Como você vê a figura do puxa-saco?

Max Gehringer - O puxa-saco é assim como o corrupto: ele é só a metade da equação. Só existem puxa-sacos porque existem sacos puxáveis, e há muito mais gente do que parece que adora ter o saco puxado constantemente. 

Assim, o puxa-saco acaba conseguindo um ambiente favorável para progredir e deixar os profissionais éticos para trás. Gostar de puxa-sacos nenhum de nós gosta, mas eles são como os carrapatos: a única maneira de extingui-los é extinguindo o corpo que lhes fornece pousada. Mas o pior de tudo é que, sim, há puxa-sacos muito competentes. E eles vão longe...

Vya Estelar - Como preparar um currículo?

Max Gehringer - Curto e grosso, com as informações básicas. Porém, mais importante que o currículo em si, é a carta à qual ele é anexado. Uma carta pessoal, que sensibilize o selecionador. 

Uma vez, eu recebi um currículo com uma carta que começava assim: "Sou entregador de pizza e estou no quarto ano da faculdade...". Mandei contratar o sujeito correndo.

Vya Estelar - Por quê?

Max - Porque ele foi o único que se diferenciou da mesmice geral - aquelas cartas que começavam com "implementei", "economizei", "liderei" e outros verbos na primeira pessoa. Além disso, alguém que está no último ano da faculdade e entrega pizzas num sábado à noite já diz, em uma única frase, que é pró-ativo e não tem problemas para trabalhar sob pressão, sem precisar repetir esses chavões.

Vya Estelar - Como proceder numa entrevista?

Max Gehringer - O maior erro que os entrevistados cometem é a falta de traquejo para lidar com o silêncio. O entrevistador faz uma pergunta simples, o entrevistado dá uma resposta adequada, e aí o entrevistador não diz nada. É quando o entrevistado acha que tem que "acrescentar" mais alguma coisa à resposta e, normalmente, inventa, exagera, ou dramatiza. E aí começa a derrapar.

Vya Estelar - Quais atributos ou talentos um profissional precisa ter ou desenvolver para ser bem sucedido na carreira?

Max Gehringer - Só há um: conseguir resultados práticos de curtíssimo prazo. O resto - escolaridade, liderança e mais uma imensa lista de atributos desejáveis - se assenta sobre o pilar dos resultados. Empresas perdoam tudo num funcionário que extrapola suas metas.

Vya Estelar - O fator sorte conta para você se dar bem?

Max Gehringer - A sorte existe, mas é preciso que o funcionário se prepare para ter sorte. Uma vez, numa múlti em que eu trabalhei, um colega "teve a sorte" de ser escolhido em um programa mundial de treinamento, de seis meses, na Matriz, nos Estados Unidos. Aparentemente, a escolha tinha sido aleatória, já que havia muitos outros candidatos locais iguais ou até melhores que o felizardo. Depois, descobrimos que nosso colega "de sorte" andava mandando alguns e-mails para o Diretor Mundial de RH, que havia apreciado a iniciativa do danadinho. 

Os e-mails eram inofensivos: falavam da situação da floresta amazônica e coisas do tipo, mas quem tinha a palavra final no processo de seleção era exatamente esse Diretor Mundial de RH. E, na hora do vamos-ver, ele lembrou de nosso colega "de sorte"...

Vya Estelar - Meu colega quer puxar o meu tapete? O quê fazer?

Max Gehringer - Prepare-se. Se o colega é daqueles que vai jantar com o chefe, vá também. Se ele é daqueles que fica até mais tarde para conversar sozinho com o chefe, seja o último a sair. Isso é mais ou menos como luta de boxe: depois do nocaute, não adianta dizer que não esperava o golpe...

Vya Estelar - Qual é o perfil de profissional que as empresas estão procurando hoje em dia?

Max Gehringer - Cada empresa tem o seu padrão. Há coisas meio óbvias, como formação superior, conhecimento de idiomas e de informática, mas uma empresa está também interessada no comportamento do candidato. Para algumas empresas, o candidato com o perfil ideal é o que está disposto a sacrificar seu lazer e sua família em nome do trabalho. Para outras, funcionários assim nem passam pela Portaria. 

O importante é o candidato se informar sobre a empresa e ver se o seu perfil se encaixa no que a empresa quer. Isso pode ser feito através do site da empresa, ou em conversas com ex-funcionários.

Vya Estelar - Você trata a questão do mau hálito no seu livro. Um profissional competente pode ser demitido exclusivamente por esse quesito, já que você coloca que o mau hálito já arruinou carreiras.

Max Gehringer - Não conheço ninguém que foi dispensado só por isso (ou por ter caspa, ou por não usar desodorante). Mas conheço muita gente que teve a carreira desacelerada por causa dessas coisas, já que empresas não são lá muito a favor de ver alguém que cheire mal representando-as publicamente. 
O mau hálito é um dos elementos que podem arruinar uma carreira, mas é um dos poucos que podem ser corrigidos rapidamente. O problema é que as pessoas com aquele mau hálito insuportável não se dão conta disso. Aliás, todos nós temos mau hálito, só não sabemos o grau.

Vya Estelar - Como contar isso para quem tem?

Max Gehringer - No meu livro, eu conto como resolvemos um problema aparentemente insolúvel: dizer para um cara muito mal-humorado que ele tinha mau hálito. Fizemos então o seguinte: pedimos para o Nelson dizer para o Vítor que o Vítor tinha mau hálito. O Nelson não queria fazer isso de jeito nenhum, mas nós o convencemos de que só ele tinha ascensão suficiente sobre o Vítor para dar conta da tarefa. A muito custo, o Nelson concordou. E nós o enchemos de estatísticas e dados clínicos sobre o mau hálito. Aí, um dia, o Nelson chegou para o Vitor e disse: "Vitor, você sabia que a maioria das pessoas que têm mau hálito nem sabem disso?". E o Vitor respondeu na lata: "Pô, Nelson, até que enfim você se tocou". E foi assim que nós curamos o mau hálito do Nelson.
Vya Estelar - Qual foi a história corporativa mais estapafúrdia, hilária e inusitada que você já viu?

Max Gehringer - Eu trabalhei em um grupo nacional, fanático por redução de custos. Um dia, precisávamos comprar bonés para os temporários que trabalhariam na fábrica durante a safra de tomate. E o setor de Compras informou à Alta Direção que conseguiria comprar um lote de 250 bonés com um desconto incrível, coisa de 60% abaixo do preço de mercado. Só que tinha um probleminha: os bonés eram todos de tamanho "P", o que quer dizer que dava para enfiar, quando muito, um mamão papaya dentro deles. 

E a Alta Direção nem teve dúvidas: autorizou a compra e emitiu um comunicado para a área de Recrutamento, informando que "os admitidos deverão ter uma circunferência craniana de, no máximo, 32 centímetros". 

Ou seja, em nome da suposta economia, deixamos de contratar boas cabeças para contratar cabecinhas de prego...

Vya Estelar - Quais seriam as principais mancadas que podem arruinar uma carreira?

Dez mancadas que podem custar a sua cabeça

Falar mal do chefe - Matematicamente, a extensão do alcance das orelhas do chefe corresponde à soma da área total de todas as paredes da empresa. Até o espelho do banheiro é espião do chefe. Não importa o que o subordinado diga, nem onde, nem a quem, a coisa acabará chegando aos ouvidos do chefe. E de forma bastante ampliada.

Ofuscar o chefe - O chefe acabou de dizer, em uma roda de funcionários, que só conseguiu terminar a faculdade com muito sacrifício, porque era pobre... e o subordinado imediatamente se põe a falar sobre o MBA que fez em Harvard?

Botar a culpa no chefe - Nem sempre o caminho mais fácil é o mais seguro. E esse é o mais inseguro de todos.

Assumir responsabilidades que são do chefe.

Tratar o chefe como amigo íntimo na frente de estranhos.

Interromper o chefe. Não é que chefes não gostem de ser interrompidos. Eles detestam.

"Chefe temos um problema". Temos quem, cara-pálida? Você tem um problema. Tecnicamente, isso se chama "delegar para cima".

"Tenho certeza, chefe, de que você é aberto a críticas, portanto..." Portanto, quem disse isso não entende nada de certezas.

"É urgente?" Se não fosse, por qual outro motivo o chefe estaria pedindo pessoalmente?

"Ah, eu tinha entendido outra coisa". O chefe, até onde se sabe, fala português. E, se não fala, aprender sânscrito para entendê-lo é um problema do subordinado.

"Ah, tem mais um detalhezinho". Chefes detestam detalhes, principalmente aqueles que eles mesmos esqueceram de lembrar.

Para falar com Max Gehringer o e-mail é: max.g@uol.com.br

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Prazer e vocação

Os anos ensinaram-me algumas lições.
A primeira delas vem de Leonardo da Vinci que dizia: “A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”.
Sempre imaginei que fosse o contrário. Porém, refletindo, passei a compreender que quando estimamos aquilo que fazemos, podemos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se apenas procurarmos fazer o que gostamos, sempre estaremos numa busca insaciável, porque o que gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.
Todavia, é indiscutível a importância de alinhar o prazer às nossas aptidões. Encontrar o talento que reside dentro de cada um de nós ao que chamamos vocação.
Oriunda do latim vocatione, e traduzida literalmente por “chamado”, simboliza uma espécie de predestinação iminente a cada pessoa, algo revestido de certa magia e divindade. Uma voz imaginária que soa latente, capaz de converter advogados em músicos, fazer engenheiros virarem suco. É um lugar no tempo e no espaço onde a felicidade tem sua morada.
Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí torno a recorrer à etimologia para descobrir que o verbo “preferir” vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre-arbítrio.
O mundo corporativo nos reserva muitas armadilhas. Trocar de empresa ou mudar de atribuição, por exemplo, são convites permanentes. O problema de recusá-los é passar o resto da vida se perguntando: “O que teria acontecido se eu tivesse aceitado?”. Prefiro não carregar comigo o benefício da dúvida. Por isso, opto por assumir riscos calculados e seguir adiante. Somos livres para escolher, porém prisioneiros das consequências.
Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um bom caminho. De nada adianta assumir uma postura defensiva e crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra você, mas a favor delas.
Por fim, combata a mediocridade em todas as suas vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados com sua vocação, de empresas que não lhe valorizam, de relacionamentos falidos. Sob este aspecto, como diria Tolstoi, “Não se pode ser bom pela metade”. Meias-palavras, meias-verdades, mentiras inteiras, meio caminho para o fim.
Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele viveu com paixão?” Qual seria a resposta para você?
Tom Coelho (Educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 15 países. É autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva, e coautor de outros quatro livros. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br ewww.setevidas.com.br).