Nestes tempos globalizados em que vivemos, a palavra humilde teve seu
significado distorcido para pobreza de espírito, ignorância, fraqueza. Sentidos
que, na realidade, ela não possui. A palavra humilde vem do latim humile e,
etimologicamente, quer dizer baixo, rente com a terra.
Segundo os hebreus, humildade é modéstia e reconhecimento, oriunda da
palavra hebraica "hoda'a", que significa dizer "muito
obrigado" a Deus.
A humildade, ao contrário do que muitos pensam, não é
depreciar a si mesmo, nem a ignorância com relação ao que somos, mas justamente
o inverso; é o conhecimento exato do que não somos; é a aceitação plena dos
próprios defeitos e qualidades sem a necessidade de invocar a vaidade.
Na natureza, como todos sabem, tudo se transforma. Temos um grande
exemplo de humildade quando as folhagens, frutos, animais mortos e troncos se
decompõem, voltam para a terra em forma de adubo orgânico, nutrindo toda a vida
à sua volta. Sob este prisma, cada um de nós, um dia, terá com certeza a sua
oportunidade de ser humilde.
Mas no dia a dia, a verdadeira humildade é vista apenas nos processos de
autoconhecimento avançados; é aquela em que o homem tem consciência plena de quem
ele é – das suas habilidades, das suas qualidades e defeitos –, compreende,
assim, a natureza da sua inferioridade, reconhece seus limites, mas isto não o
aflige; ele se esforça para atingir a excelência na busca incessante de seu
aperfeiçoamento físico, mental e espiritual.
Praticando no dia a dia
A humildade é a coragem de assumir que "posso estar errado" e
exige a responsabilidade de aprender com as experiências e conhecimentos
disponíveis ao seu redor. Segundo a filosofia judaica, se a tolerância é o
motor da vida, a humildade é o seu combustível.
Juan Luis Lorda, professor de Antropologia na Faculdade de Teologia da
Universidade de Navarra na Espanha, diz que quem ama a verdade, procura formar
a consciência: conhecer os princípios morais, pedir conselho a pessoas corretas
e com experiência; não considerar humilhante que nos corrijam.
De fato, os
outros observam-nos de fora e com mais objetividade do que nós mesmos. Também é
preciso tirar experiência dos próprios atos, examinar-nos com freqüência (diariamente)
e corrigir os erros.
É preciso ser humilde para reconhecer os erros e
retificar, mas isso nos dará uma grande sabedoria, e capacidade de ajudar os
outros também.
Sendo assim, o autoconhecimento é a base da humildade. E um exemplo
inverso disso é a declaração do jogador de futebol, o Português Cristiano
Ronaldo no final de 2008, “Eu sou o Primeiro, o segundo e o terceiro melhor
jogador de futebol do mundo”.
Quantos supostos Cristianos Ronaldos nós
conhecemos na empresa e no mundo, aqueles que acham que resolvem tudo sozinhos.
Experimente colocá-lo num jogo onde somente ele integrasse o time. Humildade é
trabalho em equipe, é reconhecer que o outro é também peça fundamental do seu
sucesso.
Também é aceitar que você não é perfeito tanto quanto o outro e por isso
pare de julgar indiscriminadamente as pessoas ao seu redor, existem pessoas que
nunca estão satisfeitas com nada, são eternas caçadoras de falhas e erros, li
em uma revista certa vez, a seguinte declaração:
“Caso você encontre quaisquer
erros nesta revista, por favor, lembre-se que eles foram colocados ali de
propósito. Tentamos oferecer algo para todos. Algumas pessoas estão sempre
procurando erros e não desejamos desapontá-las”.
Como desenvolver a humildade?
Segue algumas atitudes diárias que desenvolvem a humildade:
1 - Admitir que você não é o dono da verdade e que não sabe tudo.
2 - Ouvir os outros com atenção, pois qualquer pessoa pode lhe ensinar
alguma coisa.
3 - Não confundir humildade com humilhação;
4 - Coragem! Humildade não é para covardes e fracos, somente os fortes
conseguem ser humildes.
5 - Enxergar os pontos fortes e não somente os fracos das pessoas ao seu
redor.
6 - Ter sensibilidade para perceber e disponibilidade para servir.
Roberto Recinella. M.B.A pela FGV e Ohio University, eleito um dos 25
maiores nomes em motivação corporativa no Brasil, palestrante nacionalmente
conhecido, atua na área de coaching de vida e consultoria em Gestão do Capital
Humano e é autor de diversos livros.
Muito boa a matéria.
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