Uma das maiores motivações humanas é
saber-se importante.
Não me refiro àquela “importância” dos abastados e poderosos. Essa
é fútil, porque se impõe pela riqueza ou pelo poder – e acaba quando essas
coisas acabam.
Refiro-me à importância imaterial
da sua utilidade, do seu valor pessoal, da qualidade da sua essência e da sua
existência. Aquela que é construída pelo Ser e não pelo Ter. Essa importância é
que é verdadeiramente importante, porque o Ser é perene e o Ter é passageiro.
Quer um exemplo? Lembre das pessoas que tiveram mais importância
na sua vida. Você descobrirá que muitas delas foram, simples, humildes,
modestas – mas tremendamente valiosas pelo que lhe ensinaram de bom, pelas
marcas e mensagens positivas que deixaram em você. Tantos anos já podem ter se
passado, mas a importância delas para você continua presente até hoje.
Se você ouvir: “Fulano é importante”, significa que Fulano
tem poder, fama ou riquezas. Mas se você ouvir: “Fulano é importante para
mim”, significa que Fulano tocou seu coração pela solidariedade, companheirismo
ou afeto – embora não precise ser rico, famoso nem poderoso.
Em suma, ser importante é ser útil, é saber que ocupa com mérito e
direito seu espaço na vida.
O mais maravilhoso de tudo isso, é que cada um nós pode fazer
alguém sentir-se importante. Todo dia. Várias vezes ao dia. Basta reconhecermos
e declararmos explicitamente seu valor e sua importância para nós.
O mundo anda cheio de pessoas carentes e ressentidas porque as outras se
esquecem dessa ação singela de deixar que elas ouçam ou percebam como são ou
foram importantes para nós, num determinado momento.
Lembra-se de como foi importante aquele sujeito que lhe ensinou
uma direção segura, quando você estava perdido numa rua desconhecida? Ou aquele
que, sem conhecê-lo, emprestou-lhe um dinheiro – ainda que muito pouco – o suficiente
para completar a conta do supermercado, do ingresso do cinema ou da passagem do
ônibus? E o que dizer daquela senhora desconhecida que o amparou e providenciou
um copo d’água quando você sentiu-se mal na fila?
Nessas e em muitas outras ocasiões, a gente costuma dizer um
rápido “muito obrigado”,
para logo em seguida esquecer a importância e a beleza daquele ato voluntário,
o qual certamente mereceria um agradecimento menos automático e muito mais
caloroso, mais humano. Aquelas – e muitas outras - são pessoas que, embora
tenham sido importantes, passam pela nossa vida sem maiores registros afetivos
e logo são esquecidas.
No entanto, é muito mais fácil lembrar daquelas que fazem o oposto,
que o desqualificam ou o ignoram, em ações opostas à arte de fazer o outro
sentir-se importante. E isso acontece com frequência porque, ironicamente, a
crítica flui com muito mais facilidade da boca humana do que o elogio – e assim
as pessoas vão deixando de se sentirem importantes.
No mundo corporativo, os gestores têm às mãos uma ótima oportunidade
de fazer cada membro de suas equipes sentir-se importante: é durante o chamado “feedback”, ocasião em que é
manifestada sua opinião sobre o desempenho do colega.
O “feedback” não
foi criado para ser um instrumento de crítica e desqualificação. É justamente o
contrário: deve ser uma oportunidade para identificar as competências que devem
ser aperfeiçoadas. Mas,
sobretudo, deve ser um instrumento para reconhecer e expressar a importância
daquela pessoa na equipe – porque se não o fosse, não deveria estar na equipe.
Se está, é porque é importante, ainda que precise desenvolver algumas
habilidades ou conhecimentos.
Como “feedback” não
tem dia nem hora para ser dado, isso significa que qualquer gestor pode fazer
com que, frequentemente, qualquer membro da sua equipe se sinta importante – de
preferência todo dia. Bastam algumas poucas palavras. Ou, às vezes, um pequeno
gesto.
Eu não tenho a menor dúvida de que cada leitor tem um monte de
gente importante à sua volta - em casa ou no trabalho. A questão é: eles sabem
disso? Você já lhes disse?
Se você fizer a sua parte, você também vai se tornar muito importante
para alguém. E ao sentir como isso é gratificante, você certamente vai querer
compartilhar esse sentimento e fazer com que outros sintam a mesma coisa. Chame
a isso de “efeito dominó” ou “bola de neve”. Não importa o nome, importa a
ação.
Talvez a origem fundamental desse sentimento de prazer ao
nos percebermos importantes, esteja na consciência definitiva de que, em
resumo, importante é aquele que cumpre com dignidade a sua Missão.
Por Floriano Serra
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