Ter um desafio para cumprir não se trata de uma
dificuldade no trabalho. A maioria das pessoas precisa que alguma atividade
em seu trabalho seja desafiadora, alimente a sua curiosidade e a faça buscar
novos mecanismos de se atingir a qualidade.
A isso chamamos de inovação.
O
problema (e aí é problema para muitos) é que o não despertar da curiosidade
traz uma mesmice para o trabalho.
E quanto esse trabalho se torna burocrático
(do ponto de vista filosófico) e mecanizado demais, tem-se o que comumente o
RH chama de "zona de conforto".
Quando se diz que "Fulano caiu na zona de
conforto", tem-se a nítida impressão de que uma espécie de buraco negro
o sugou para uma região de onde ele terá extrema dificuldade em sair. Na
verdade, isso acontece para algumas pessoas, mas não para outras.
Recentemente o redator desta matéria se identificou muito com o depoimento da
coach Cristina Meirelles, que, em um evento sobre Gestão Pública (mas
referindo a qualquer espécie de gestão) disse que "não precisamos tirar
ninguém de zona de conforto nenhuma; porque é na minha zona de conforto que
eu performo melhor; todo mundo conhece uma coisa melhor do que outra e é
nesta coisa melhor, que precisamos buscar pontos de melhoria contínua;
estando em uma zona de conforte, onde não serei ameaçado, tenho tranquilidade
e tempo para buscar coisas sempre novas".
Cristina, assim como muitos
outros consultores – Antonio Furtado, autor de "A Metáfora do
tempo", pela Qualitymark Editora, está entre eles – entende que a
própria pressão que o mercado coloca em cima das pessoas, usando o tempo como
"arma para espremê-las", é nociva à atividade criadora.
"Entrar em zona de conforto é muito bom para que
eu desenvolva o melhor de mim; quem disse que para haver desafio eu preciso
estar ameaçado?!; precisamos desmistificar essa ideia", considera.
Esta não é, no entanto, a opinião de muitos outros
consultores organizacionais. Há uma corrente que acredita que a angústia,
embora tenha uma faceta negativa, funciona como "combustível para a mobilização
pela melhora" e que "sem ela, todos temos certa tendência à
acomodação nessa zona de conforto".
A questão é, de fato, por demais complexa. Vivendo numa época em que a
competição é tão acirrada e a mudança já não causa nenhuma surpresa; em um maio
profissional onde as cobranças são vigorosas, como distinguir a ansiedade
provocada pelo surgimento constante de cursos da real necessidade de sacudir
a carreira?
Executivos com larga experiência no mercado acreditam, de pés juntos, que, na
verdade, perceber se está acomodado é perceber se está ficando para trás na
empresa.
Para verificar se é o caso, responda às seguintes questões:
1- Ninguém pede a você nada além do que você já faz habitualmente?
2- Há muito tempo você não muda de cargo ou de função?
3– Não é convocado para novos projetos?
4- Há muito tempo você não assiste palestras e cursos ou participa de
reuniões externas?
5- Você descobriu que há pessoas novas na empresa que você nem conhece?
Segundo José Tolovi Júnior, presidente mundial do Great Place to Work
Institute Brasil, um profissional está acomodado quando:
1- As coisas que julgava erradas há algum tempo passam a não parecer tão
erradas, o que significa que o indivíduo mudou a ótica.
2- O profissional está confortável com o lugar que ocupa na empresa por achar
que já foi além do que esperava.
3- Não acorda tão entusiasmado para ir ao trabalho.
4- Ao ser chamado a atenção pelo chefe, já não se importa mais.
Em geral os líderes de RH que respondem a pesquisas sobre o tema ZONA DE
CONFORTO afirmam que as pessoas denunciam acomodação quando:
1- Não atingem as metas e resultados esperados.
2- Não evoluem técnica nem comportamentalmente, mostrando-se desalinhados com
a estratégia da empresa.
3- Não buscam desafios optando por fazer as coisas sempre da mesma
maneira.
4- Não agregam conhecimentos na realização de suas tarefas.
5- Não são chamadas a participar de novos projetos e nem procuradas para
expressar suas opiniões.
Mais do que a sensação pessoal daquilo que vai bem ou não com o seu trabalho
e de como os outros estão vendo este trabalho, o profissional deve pedir o
feedback de seus líder ou a um outro profissional que admira e que tenha
acompanhado sua carreira. Pergunte o que precisa fazer para crescer
profissionalmente ou, se o que está fazendo no momento representa um
diferencial para a empresa. Em primeiro, lugar contudo, a atividade deve ser
um diferencial para ele mesmo, traduzindo: deve fazer sentido para ele.
Se não investimos em nós mesmos, não podemos esperar que as organizações
invistam. Não podemos alcançar o crescimento se não o buscamos.
A quem se
acha "suspeito" de acomodação, vão aqui algumas dicas:
1- Busque feedbacks constantes, o chamado "retorno".
2- Buscar ajuda profissional (coaching) para identificar as competências que
já possui e requisitos faltantes.
3- Reconhecer a necessidade de ampliar cada vez mais os conhecimentos e se
tornar referência para outras pessoas.
4- Elaborar um plano de desenvolvimento pessoal e profissional – sim, você
pode fazer isso.
5- Elaborar um planejamento de metas detalhado com datas, prazos, ações e
especificações detalhadas para tudo o que deseja alcançar.
6- Esforçar-se ao máximo para atingir as metas propostas.
7- Desenvolver a capacidade de perceber oportunidades.
8- Desenvolver atitudes de solidariedade, intuição, entusiasmo, perseverança,
sinergia e muita, muita alegria.
9- Estabeleça objetivos a curto e médio prazo.
10 - Participe de cursos e palestras na sua área de atuação.
11 - Leia informes, periódicos e livros sobre sua área de atuação para se
atualizar sobre ferramentas e conceitos.
12 - Aperfeiçoe sua habilidade no idioma inglês.
13 - Se não puder ter um coacher, escolha alguém de seu relacionamento
profissional para apontar, periodicamente, no que você está indo bem e no que
precisa melhorar.
|
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
GESTÃO DA "ZONA DE CONFORTO" Sair ou ficar? Eis a questão... - Alexandre Peconick
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário