segunda-feira, 26 de novembro de 2012

GESTÃO DA "ZONA DE CONFORTO" Sair ou ficar? Eis a questão... - Alexandre Peconick

Ter um desafio para cumprir não se trata de uma dificuldade no trabalho. A maioria das pessoas precisa que alguma atividade em seu trabalho seja desafiadora, alimente a sua curiosidade e a faça buscar novos mecanismos de se atingir a qualidade. 

A isso chamamos de inovação. 

O problema (e aí é problema para muitos) é que o não despertar da curiosidade traz uma mesmice para o trabalho. 

E quanto esse trabalho se torna burocrático (do ponto de vista filosófico) e mecanizado demais, tem-se o que comumente o RH chama de "zona de conforto".

Quando se diz que "Fulano caiu na zona de conforto", tem-se a nítida impressão de que uma espécie de buraco negro o sugou para uma região de onde ele terá extrema dificuldade em sair. Na verdade, isso acontece para algumas pessoas, mas não para outras. 

Recentemente o redator desta matéria se identificou muito com o depoimento da coach Cristina Meirelles, que, em um evento sobre Gestão Pública (mas referindo a qualquer espécie de gestão) disse que "não precisamos tirar ninguém de zona de conforto nenhuma; porque é na minha zona de conforto que eu performo melhor; todo mundo conhece uma coisa melhor do que outra e é nesta coisa melhor, que precisamos buscar pontos de melhoria contínua; estando em uma zona de conforte, onde não serei ameaçado, tenho tranquilidade e tempo para buscar coisas sempre novas". 

Cristina, assim como muitos outros consultores – Antonio Furtado, autor de "A Metáfora do tempo", pela Qualitymark Editora, está entre eles – entende que a própria pressão que o mercado coloca em cima das pessoas, usando o tempo como "arma para espremê-las", é nociva à atividade criadora.

"Entrar em zona de conforto é muito bom para que eu desenvolva o melhor de mim; quem disse que para haver desafio eu preciso estar ameaçado?!; precisamos desmistificar essa ideia", considera.

Esta não é, no entanto, a opinião de muitos outros consultores organizacionais. Há uma corrente que acredita que a angústia, embora tenha uma faceta negativa, funciona como "combustível para a mobilização pela melhora" e que "sem ela, todos temos certa tendência à acomodação nessa zona de conforto". 

A questão é, de fato, por demais complexa. Vivendo numa época em que a competição é tão acirrada e a mudança já não causa nenhuma surpresa; em um maio profissional onde as cobranças são vigorosas, como distinguir a ansiedade provocada pelo surgimento constante de cursos da real necessidade de sacudir a carreira? 

Executivos com larga experiência no mercado acreditam, de pés juntos, que, na verdade, perceber se está acomodado é perceber se está ficando para trás na empresa. 

Para verificar se é o caso, responda às seguintes questões: 

1- Ninguém pede a você nada além do que você já faz habitualmente? 
2- Há muito tempo você não muda de cargo ou de função? 
3– Não é convocado para novos projetos? 
4- Há muito tempo você não assiste palestras e cursos ou participa de reuniões externas? 
5- Você descobriu que há pessoas novas na empresa que você nem conhece? 

Segundo José Tolovi Júnior, presidente mundial do Great Place to Work Institute Brasil, um profissional está acomodado quando: 

1- As coisas que julgava erradas há algum tempo passam a não parecer tão erradas, o que significa que o indivíduo mudou a ótica. 
2- O profissional está confortável com o lugar que ocupa na empresa por achar que já foi além do que esperava. 
3- Não acorda tão entusiasmado para ir ao trabalho. 
4- Ao ser chamado a atenção pelo chefe, já não se importa mais. 

Em geral os líderes de RH que respondem a pesquisas sobre o tema ZONA DE CONFORTO afirmam que as pessoas denunciam acomodação quando: 

1- Não atingem as metas e resultados esperados. 
2- Não evoluem técnica nem comportamentalmente, mostrando-se desalinhados com a estratégia da empresa. 
3- Não buscam desafios optando por fazer as coisas sempre da mesma maneira. 
4- Não agregam conhecimentos na realização de suas tarefas. 
5- Não são chamadas a participar de novos projetos e nem procuradas para expressar suas opiniões. 

Mais do que a sensação pessoal daquilo que vai bem ou não com o seu trabalho e de como os outros estão vendo este trabalho, o profissional deve pedir o feedback de seus líder ou a um outro profissional que admira e que tenha acompanhado sua carreira. Pergunte o que precisa fazer para crescer profissionalmente ou, se o que está fazendo no momento representa um diferencial para a empresa. Em primeiro, lugar contudo, a atividade deve ser um diferencial para ele mesmo, traduzindo: deve fazer sentido para ele. 

Se não investimos em nós mesmos, não podemos esperar que as organizações invistam. Não podemos alcançar o crescimento se não o buscamos. 

A quem se acha "suspeito" de acomodação, vão aqui algumas dicas: 

1- Busque feedbacks constantes, o chamado "retorno". 
2- Buscar ajuda profissional (coaching) para identificar as competências que já possui e requisitos faltantes. 
3- Reconhecer a necessidade de ampliar cada vez mais os conhecimentos e se tornar referência para outras pessoas. 
4- Elaborar um plano de desenvolvimento pessoal e profissional – sim, você pode fazer isso.
5- Elaborar um planejamento de metas detalhado com datas, prazos, ações e especificações detalhadas para tudo o que deseja alcançar. 
6- Esforçar-se ao máximo para atingir as metas propostas. 
7- Desenvolver a capacidade de perceber oportunidades. 
8- Desenvolver atitudes de solidariedade, intuição, entusiasmo, perseverança, sinergia e muita, muita alegria. 
9- Estabeleça objetivos a curto e médio prazo. 
10 - Participe de cursos e palestras na sua área de atuação. 
11 - Leia informes, periódicos e livros sobre sua área de atuação para se atualizar sobre ferramentas e conceitos. 
12 - Aperfeiçoe sua habilidade no idioma inglês. 
13 - Se não puder ter um coacher, escolha alguém de seu relacionamento profissional para apontar, periodicamente, no que você está indo bem e no que precisa melhorar.



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