quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Trabalhar ou divertir-se

Miquel Bonet

Possivelmente, uma das utopias mais usadas nas palestras sobre a motivação dos funcionários seja aquela de desfrutar trabalhando. Já me perdoaram, mas isso é impossível porque a simples palavra de trabalho, do latim tripaliare, ou seja, algo relacionado à tortura, nos desanima ao escutá-la; somos um país que em vez de vamos trabalhar, dizemos “tenho” que trabalhar.

O tema está na semântica da linguagem; por isso, é preciso mudar a palavra, que é mais fácil e econômico, se optamos por fazer algo que é o que mais gostamos e, ainda por cima, pagam por isso, estamos no caminho certo.
Imagine que a você lhe paguem para estar na cama às nove da manhã, por aguentar a barra de um bar, por olhar vitrines ou ir ao cinema; por aí está o caminho.

E um exemplo muito claro deste paradigma está no futebol, não se estranhe, já verá, mesmo que não juraria que todos os que lhe dão a bola, o fazem divertindo-se.

Como professor de comunicação, eu gostaria de ler as emoções no rosto das outras pessoas, sobretudo o que chamamos de comunicação não verbal, ou seja, a autêntica forma de comunicar-se porque é espontânea. Já sabemos que os gestos, inclusive as formas, chegam mais longe do que as palavras.
Então, convido vocês a serem espectadores, observem as pessoas e procurem sorrisos, a máxima expressão de que estão se sentindo bem, se mostram em seus rostos mexendo pelos menos 17 músculos e, se alguém confirmar esta ideia, será um gênio do futebol chamado Ronaldinho Gaúcho, sempre rindo ou pelo menos sorrindo.

Entender o trabalho a partir deste conceito que evidencia aceitação, motivação, prazer individual, profissionalismo e, inclusive, ternura, é o ideal de todo empresário, claro que melhor tenha algo a ver com o que ganha. Em meus mais de 40 anos de trabalho, tenho visto muita gente rica, mas aborrecida.

Nós gostamos de gente alegre, daquelas pessoas que demonstram que gostam do que fazem porque, no fundo, em nosso desejo impossível de ser aceito e ter sucesso com todos, queremos ser mimados e que, atrás do pedido de algo, venha um muito obrigado junto com um sorriso.

Não gostamos das pessoas tristes porque nos contagiam. E mesmo que nem sempre aceitemos as pessoas alegres porque em alguns momentos depressivos nos refletem as nossas limitações, pelo menos nos ajudam a entender que talvez nem todos sejam bons, mas não se paga nada para ser simpático.

Pena que nem todos podem se clonar em pessoas tão alegres como o Ronaldinho, mesmo que lhe déssemos a pior bola e nossa conta corrente apenas tivesse o justo.

Mas se tivéssemos que explorar no bosque dos desejos de qualquer empresário, descobriríamos que todos procuram trabalhadores competentes e se não aparecem, que tenham a capacidade e a atitude para aprendê-las, que tenham habilidades naturais, especialmente recursos, autonomia, comunicação, se possível uma boa inteligência emocional e compromisso, apesar de que o melhor valor agregado é ter alguém que sorria enquanto trabalha.

Tradução
Luciana Alves
Tradutora Técnica Inglês/Espanhol/Português

Referência: http://www.arearh.com/empleo/trabajar_divertirse.htm

Fonte: http://site.suamente.com.br/trabalhar-ou-divertir-se/

Nenhum comentário:

Postar um comentário