Miquel Bonet
Possivelmente, uma das utopias mais usadas nas
palestras sobre a motivação dos funcionários seja aquela de desfrutar
trabalhando. Já me perdoaram, mas isso é impossível porque a simples palavra de
trabalho, do latim tripaliare, ou seja, algo relacionado à tortura, nos
desanima ao escutá-la; somos um país que em vez de vamos trabalhar, dizemos “tenho”
que trabalhar.
O tema está na semântica da linguagem; por isso, é
preciso mudar a palavra, que é mais fácil e econômico, se optamos por fazer
algo que é o que mais gostamos e, ainda por cima, pagam por isso, estamos no
caminho certo.
Imagine que a você lhe paguem para estar na cama às
nove da manhã, por aguentar a barra de um bar, por olhar vitrines ou ir ao
cinema; por aí está o caminho.
E um exemplo muito claro deste paradigma está no
futebol, não se estranhe, já verá, mesmo que não juraria que todos os que lhe
dão a bola, o fazem divertindo-se.
Como professor de comunicação, eu gostaria de ler as
emoções no rosto das outras pessoas, sobretudo o que chamamos de comunicação
não verbal, ou seja, a autêntica forma de comunicar-se porque é espontânea. Já
sabemos que os gestos, inclusive as formas, chegam mais longe do que as
palavras.
Então, convido vocês a serem espectadores, observem as
pessoas e procurem sorrisos, a máxima expressão de que estão se sentindo bem,
se mostram em seus rostos mexendo pelos menos 17 músculos e, se alguém
confirmar esta ideia, será um gênio do futebol chamado Ronaldinho Gaúcho,
sempre rindo ou pelo menos sorrindo.
Entender o trabalho a partir deste conceito que
evidencia aceitação, motivação, prazer individual, profissionalismo e,
inclusive, ternura, é o ideal de todo empresário, claro que melhor tenha algo a
ver com o que ganha. Em meus mais de 40 anos de trabalho, tenho visto muita
gente rica, mas aborrecida.
Nós gostamos de gente alegre, daquelas pessoas que
demonstram que gostam do que fazem porque, no fundo, em nosso desejo impossível
de ser aceito e ter sucesso com todos, queremos ser mimados e que, atrás do
pedido de algo, venha um muito obrigado junto com um sorriso.
Não gostamos das pessoas tristes porque nos contagiam.
E mesmo que nem sempre aceitemos as pessoas alegres porque em alguns momentos
depressivos nos refletem as nossas limitações, pelo menos nos ajudam a entender
que talvez nem todos sejam bons, mas não se paga nada para ser simpático.
Pena que nem todos podem se clonar em pessoas tão
alegres como o Ronaldinho, mesmo que lhe déssemos a pior bola e nossa conta
corrente apenas tivesse o justo.
Mas se tivéssemos que explorar no bosque dos desejos de
qualquer empresário, descobriríamos que todos procuram trabalhadores
competentes e se não aparecem, que tenham a capacidade e a atitude para
aprendê-las, que tenham habilidades naturais, especialmente recursos,
autonomia, comunicação, se possível uma boa inteligência emocional e
compromisso, apesar de que o melhor valor agregado é ter alguém que sorria
enquanto trabalha.
Tradução
Luciana Alves
Tradutora Técnica Inglês/Espanhol/Português
Luciana Alves
Tradutora Técnica Inglês/Espanhol/Português
Referência: http://www.arearh.com/empleo/trabajar_divertirse.htm
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