segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Estabilidade é igual a comodismo?

 É claro que não dá para generalizar. Infelizmente, porém, boa parcela dos funcionários públicos são pessoas acomodadas, que não reconhecem a importância do próprio trabalho, deixando-os a desejar. E é sobre essa parcela dos servidores públicos que uma telespectadora do Bom Dia Paraná pediu que eu abordasse. Antes de dar prosseguimento, reforço: não são todos os funcionários públicos que agem dessa maneira. Já precisei deles por alguns motivos e, na maioria das vezes, obtive excelentes respostas.

Fiquei admirado, inclusive, com a rapidez que eles resolveram minhas questões. Porém, como pedido pela telespectadora, preciso convir que existe, sim, muitas pessoas que, pelo fato de possuírem a estabilidade do concurso público, deixam que isso prejudique a qualidade do seu trabalho. 

É por isso que esses profissionais acabam levando a fama. Infelizmente há funcionários que não se comprometem com a organização que trabalham pelo simples fato de não precisarem se preocupar com o “perigo de uma demissão”, por exemplo. São pessoas que não fazem o que deveriam fazer, que resolvem assuntos pessoais durante o horário de expediente, que não dão a mínima para o horário de entrada e saída e que vivem faltando ao trabalho. 

Pensemos por um lado muito lógico: um funcionário de uma empresa normal não possui a garantia de emprego, já que pode ser demitido a qualquer momento. Para que isso não aconteça, ele precisa entregar um bom trabalho, com qualidade e atendendo a prazos curtos e rígidos. A empresa, por sua vez, sente-se na obrigação de reter esses talentos. Para isso, investe no colaborador, fazendo que com ele queira ficar ali naquela empresa por muitos anos e não a deixe para ir prestar seus valiosos serviços para uma concorrente, por exemplo. É daí, inclusive, que nascem os programas de desenvolvimento profissional e a oferta de benefícios... para que o colaborador seja fiel a ela e não se sinta tentado a buscar novos horizontes. 

Com o servidor público a banda toca muito diferente. Após conquistar seu posto e sua garantia de estabilidade para o resto da vida, ele, simplesmente, precisa executar aquele trabalho para o qual foi “contratado” e nada mais. Dificilmente há promoções e os aumentos salariais ficam por conta dos reajustes, muitas vezes conquistados após longas greves. Os órgãos públicos, por sua vez, não se preocupam em retê-los, já que gente querendo passar num concurso público não falta. 

Pensando por esse lado, então, podemos concluir que o trabalho público não é tão maravilhoso assim, a não ser pelo fato da estabilidade que esses profissionais possuem. Eles podem, sem sombra de dúvidas, vislumbrar a certeza de que estarão empregados até suas aposentadorias. Mas, e as melhorias? E o crescimento? E o desenvolvimento?

No e-mail que recebi da telespectadora, ela me fez a seguinte pergunta: “a chefia, muitas vezes, faz “vistas grossas”. O que é pior, o servidor com tal postura (descomprometimento etc.) ou sua chefia?”. Eu diria que ambos. O servidor por todos os pontos que citei. E a chefia por não exercer seu papel fundamental, o de delegar responsabilidades e acompanhar o andamento de cada processo. 

Veja, um líder que se preze está lado a lado com seus subordinados. É claro que nem sempre isso é possível, pois, como dizem “cada macaco em seu galho”. Mas, seu papel fundamental é reger a equipe, apontando o caminho a seguir, orientando a forma correta de exercer determinadas ações, cobrando resultados e, claro, dando constantes feedbacks sobre seu desempenho. 

Por isso, minha cara, acredito que essa mentalidade que alguns servidores têm de que sua estabilidade lhe dá o direito de levar seu trabalho “nas coxas”, como dizem, tem que começar a mudar lá de cima. Se houverem líderes capazes de mudar isso e de mostrar que o caminho é outro, pode ter certeza que as coisas melhorarão muito.

Como um líder pode mudar isso?
• Primeiramente, observando seus próprios erros e deixando de cometê-los. Um líder deve inspirar e, por isso, precisa ser exemplo. É por ele que a mudança começa;

• Agindo como um funcionário normal (“ignorando” sua estabilidade) e fazendo de tudo para que o seu trabalho seja o melhor possível. 

• Não abusando de algumas regalias. Por exemplo, se há a chance de um ponto facultativo em um feriadão, por que não aproveitar (se não viajar) para dar prosseguimento naquele projeto encalhado?

• Entendendo que todos temos direitos e deveres, cada coisa em sua hora e seu local.

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