A tecnologia hoje é tão disruptiva que coloca em xeque
até a participação humana no processo produtivo. Por isso é melhor você prestar
atenção. As notícias dessa revolução não param de aparecer.
O “Wall Street Journal” revelou recentemente que a
Ikea, a fabricante de móveis sueca, agora cria seus catálogos de vendas apenas
com imagens produzidas digitalmente.
Não usam fotógrafos, móveis de verdade, modelos, luz:
só imagens digitais. Todas as imagens são criadas por softwares bem programados
e alimentados, que substituíram custosas produções em estúdios.
E não são só os móveis da Ikea que fazem parte dessa
nova realidade antes chamada virtual.
A rede global de moda jovem H&M substituiu as
modelos de (pouca) carne e osso por modelos digitais ainda mais perfeitas e
muito mais fáceis de lidar e de remunerar.
Já uma startup americana, a Narrative Science, criou um
software capaz de escrever artigos noticiosos e espirituosos a partir de dados
básicos em tempo real, como um relato de um jogo de futebol a partir de sua
ficha técnica.
A inteligência humana está fazendo a inteligência
artificial avançar do entendimento da linguagem para a formulação da linguagem.
E ao mesmo tempo está criando robôs capazes de fazer
tarefas que nosso corpo jamais faria ou faria a um custo financeiro e humano
muito maior.
Colocando de uma outra forma, sua cabeça e o seu
corpinho estão a caminho de serem superados por uma dupla concorrência brutal:
softwares e robôs.
Você só tem uma coisa que eles não têm: alma, emoção,
coração, o nome que se queira dar àquilo que de fato nos torna nós.
Mesmo aqueles entre nós que todo dia vão e voltam do
trabalho como se tivessem ido a um jogo de futebol zero a zero, sem grandes
lances emocionantes, têm uma alma profunda e única.
Quanto mais a usarmos produtiva e criativamente, mais valor traremos para o que
fazemos.
Essa revolução tecnológica será destrutiva para quem
trabalha como máquina e pensa como máquina já que agora, para isso, já temos as
máquinas.
Por isso, a revolução das máquinas deve ser uma grande
oportunidade para as pessoas.
Mas o mundo só vai querer lhe ouvir se você tiver algo
a dizer. A atitude quente será muito mais importante do que o conhecimento
frio.
Acumular conhecimento é preciso, mas sem personalidade
e atitude você não será muito diferente da união do software com o robô.
Não paute vida e carreira pelo dinheiro. Realize, e o
dinheiro será consequência. Como diz aquele imortal slogan da Nike: “Just do
it”.
Quem pensa muito em dinheiro geralmente não ganha muito
dinheiro. Steve Jobs não criou o iPad pensando em dinheiro. O software e o robô
são programados para render o máximo de dinheiro. Esse não deve ser o seu caso,
porque a concorrência será matadora.
Será então que os robôs e os softwares, ao libertarem
as pessoas dos trabalhos mecânicos e braçais, as levarão para posições mais
criativas e inteligentes ou elas acabarão na fila dos desempregados?
Essa antiga pergunta segue sem resposta.
O que eu posso dizer é que a melhor maneira de
enfrentar as máquinas é não ser uma máquina.
Seja sempre você mesmo, mas também não seja sempre o
mesmo. Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se.
Eu sei bem como é isso. Seja o seu próprio programador
para que você não seja programado pelos outros. Tenha seu próprio programa para
não passar a vida coadjuvando em programas alheios.
Na próxima vez que você olhar no espelho, faça como
dizia aquele outro slogan imortal, este da Apple: “Think different”.
Pense diferente, olhe à frente e caminhe. Ninguém mais
pode fazer essa jornada, nem os robôs e os softwares mais avançados.
Essa é a graça do jogo. Opor à inteligência artificial
a sua inteligência artesanal.
Nizan Guanaes publicitário baiano, é dono do maior
grupo publicitário do país, o ABC. Escreve às terças-feiras, a cada duas
semanas, NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, no caderno ‘Mercado’.
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