domingo, 28 de agosto de 2011

Redes sociais - Você ainda vai usar! – Sidnei Oliveira


“Era a quinta vez que ele recebia um convite para participar de um jogo em uma comunidade virtual. Como anteriormente, o convite era solenemente ignorado e deletado. A única conclusão razoável para este tipo de divertimento virtual, era que consumia tempo de jovens desocupados ou completamente desorientados. Como alguém pode perder tempo fazendo colheitas virtuais ou ainda cuidando de lanchonetes e aquários digitais?”
“Uma pesquisa feita pela da Socitm (do inglês,Sociedade de Gestão da Tecnologia da Informação) na Inglaterra apurou que 67% dos conselhos administrativos nas empresas baniram completamente o acesso às principais redes sociais no ambiente de trabalho por meio do bloqueio das páginas dos principais sites (Twitter, Facebook e Linkedin). Os motivos alegados para o bloqueio foram o temor da exposição a vírus e outras ameaças aos computadores das empresas, além da avaliação de que, o acesso a estas redes sociais representam uma grande “perda de tempo” pelos funcionários.”
Li recentemente os textos acima em sites e blogs na internet e fiquei preocupado com a interpretação que muitos estão dando para o fenômeno das redes sociais. Em meu último artigo sobre este fenômeno ( A internet livre da geração Y ) proponho uma reflexão mais atual sobre a impossibilidade de impor barreiras e bloqueios a este comportamento, contudo vejo que, infelizmente poucos gestores se lembram que a internet também foi considerada uma “porta aberta” para vírus e outras ameaças.
No início da internet poucos funcionários tinham acesso a uma conexão e a um navegador Netscape em seu micro, pois o mesmo era bloqueado por ser considerado “perda de tempo”. Da mesma forma, uma conta de e-mail só era fornecida aos que tinham cargos mais graduados na empresa, pois presumiam que somente estes funcionários teriam discernimento para utilizar a rede. Isto também está acontecendo agora. Outra pesquisa feita pela consultoria Robert Half apurou que cerca de 90% dos profissionais brasileiros que hoje estão em cargos de alta e média gerência participam ativamente das redes sociais.
Tudo isto foi inútil, pois quem tinha desejo em acessar a rede criou alternativas e caminhos para superar os bloqueios e barreiras e o tempo mostrou que a lentidão em a aceitar o fenômeno da internet trouxe apenas mais custos para quem demorou a se adaptar a nova realidade.
Apesar de toda esta experiência recente, ainda vemos alguns mitos surgindo para justificar a existência destes bloqueios. Alguns destes mitos são:
É feito apenas para crianças. – anulando qualquer argumento que diz que as redes sociais são redutos infantis na internet, foi observado em um estudo recente que as redes sociais tiveram um crescimento de mais de 200%, estimados em mais de 250 milhões de novos usuários com idade entre 34 e 50 anos somente em 2009.
Os relacionamentos em redes sociais são superficiais. - Este pensamento tenta avaliar como desperdício de tempo qualquer contato com pessoas que você não conhece na vida real, pois não cria relações duradouras. Na verdade o fato é justamente o oposto, uma vez que as redes sociais permitem um contato mais direto em seus relacionamentos. Para as empresas esta conexão é ainda mais significativa, pois podem obter informações valiosas sobre o comportamento de seus clientes.
É apenas o assunto do momento, a moda vai passar – Realmente há um frenesi nos meios de comunicações sobre este fenômeno levando muitos a se tornarem céticos e criarem barreiras pessoais para o que consideram uma mania temporária. Mas as redes sociais são ferramentas de uma mudança mais profunda e fundamental. Estamos entrando em uma era onde tudo está se conectando, nossa forma de consumir, nossa forma de trabalhar, nossa forma de estabelecer amizades e relacionamentos, enfim nosso estilo de vida.
Assim como aconteceu com a chegada da internet nos anos 1990, as redes sociais representam uma nova etapa na evolução do comportamento das pessoas, especialmente dos jovens de hoje, nomeados como geração Y, que usam estas ferramentas para potencializar suas características e criar um novo posicionamento com as demais gerações.
As fazenda virtuais, lanchonetes e aquários não representam apenas um divertimento fútil. Basta um olhar um pouco mais atento a estes jogos para observar que existe dois componentes comuns:
Planejamento Estratégico – para ser bem sucedido no jogo é fundamental planejar todas as escolhas e o uso de todos os recursos. Boas escolhas significam bons resultados, evidentemente.
Parcerias estratégicas – o relacionamento, baseado em trocas de presentes e auxílios voluntários entre os usuários do jogo, é primordial para o avanço nas etapas
Estes dois elementos são fundamentais em qualquer negócio na atualidade, principalmente os não virtuais, e o que é mais inesperado é que as crianças são as primeiras a serem educadas para isso, mesmo antes de aprenderem a ler e escrever, pois elas já estão montando suas fazendas e cuidando de seus peixes virtuais sob o olhar cético e surpreso de seus pais.
Acredite! É uma ilusão pensar que os bloqueios e barreiras aos sites de redes sociais são eficientes contra toda a capacidade criativa desta geração, basta analisar o crescimento no consumo de aparelhos celulares com acesso direto às redes sociais. Para estes aparelhos as barreiras não tem efeito.
Resta portanto, reavaliar aquele convite para montar uma fazenda virtual ou se conectar a uma rede como Twitter, que muitos ainda não sabem para que serve. Somente assim teremos o privilégio de participarmos deste aprendizado, criando condições de também influenciarmos a direção que nos leva este fenômeno mundial. 
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