Por Jerônimo Mendes
Quantas propostas para mudança de emprego você recebeu nos últimos doze meses? Você tem registrado, na memória e no currículo, todos os resultados positivos alcançados nas empresas por onde passou? Por que razão você deixou o último emprego onde recebia um excelente salário e uma carteira de benefícios invejável? Qual foi a última vez que você participou de um seminário ou realizou um curso de especialização relacionado à sua área de atuação? O que você procura no cargo para o qual se candidata? O que você diria na entrevista para o emprego dos seus sonhos? Quantas línguas você fala fluentemente? Eu disse fluentemente.
A resposta para essas questões pode definir o nível de
empregabilidade do profissional no mercado de trabalho. E por se
tratar de um mercado competitivo ao extremo, altamente
seletivo, qualquer deslize na resposta pode reduzir ou até mesmo
eliminar as suas chances de conquistar aquela oportunidade tão
esperada. Portanto, preparar-se apenas não é suficiente. Você
deve rezar e torcer para que o humor do entrevistador esteja
em consonância com a sua vontade de trabalhar, além de
manter uma atitude mental positiva.
Empregabilidade é o conjunto de fatores utilizado pelos
especialistas em recursos humanos para definir o grau de
desenvolvimento pessoal e profissional de uma pessoa à
disposição do mercado. Desburocratizando o conceito, é o
número de oportunidades favoráveis concedidas regularmente a
um profissional levando-se em conta a sua experiência
profissional, a formação acadêmica e a capacidade de resposta
em ambientes competitivos e hostis.
Você consegue manter a cabeça no lugar e extrair bons
resultados sob forte pressão? Você resiste a uma mudança
constante de Diretoria ou Gerência com filosofias de trabalho
diferentes? Você é capaz de demonstrar serenidade e seguir
normalmente depois de uma babada inesquecível do chefe
perante o seu maior concorrente no departamento? Quantas
horas de trabalho você consegue suportar ininterruptamente? A
quantas mudanças de gerência e diretoria você já resistiu? Você
é capaz de recusar uma convocação para uma jornada extra de
trabalho no mesmo fim-de-semana em que ocorrerá a primeira
festa junina do seu filho na escola? Você consegue absorver as
atividades de um colega recém-demitido, sem balbuciar qualquer
palavra de descontentamento?
A resposta para essas questões pode definir o nível de
sustentabilidade do profissional no mercado de trabalho. Não
basta ter um bom currículo, formação em universidades de
primeira linha, falar dois os três idiomas fluentemente, ser o
primeiro a chegar e o último a sair. Além de tudo isso, você
precisa se indispor com os mais acomodados, exercer pressão
sobre a equipe, sorrir ainda que esteja com vontade de chorar,
praticar um pouco de política e alcançar resultados cada vez mais
desafiadores. Esqueça os bons resultados do passado. O que
interessa são os bons resultados que você vai conseguir no
futuro.
Sustentabilidade é o conjunto de fatores utilizado pelos
especialistas para definir o grau de adaptação e permanência do
profissional em determinado cargo ou função no mercado de
trabalho. Simplificando o conceito, é a capacidade permanente de
adequação ao novo sem prejudicar a sua estabilidade futura.
Conseguir o emprego é a parte mais fácil do processo. Manter o
emprego durante o maior período de tempo possível sem perder
o entusiasmo e a capacidade de realização, acima das
expectativas dos empregadores, são os maiores desafio do
profissional nos dias atuais.
O fato é que as expectativas dos atuais empregadores em
relação aos profissionais mudam o tempo todo. As condições de
trabalho também. Isso obriga as pessoas a rever antigos
paradigmas, a repensar valores e a reavaliar expectativas a fim
de se adaptar à nova ordem econômica mundial. E não adianta
se rebelar nem tentar redefinir as regras do jogo. Haverá sempre
alguém disposto a realizar o dobro do que você faz pela metade
do seu salário em nome da competitividade, da sobrevivência e
da sustentabilidade corporativa.
Apesar das mudanças, você não precisa abrir mão dos seus
princípios nem dos seus valores para conquistar espaço no
mundo corporativo. Em boa parte dos casos, submeter-se ao
regime ou ser escravizado por ele é uma questão de opção. O
mundo está cheio de boas oportunidades e exemplos a serem
seguidos, de pessoas que reverteram situações de total
submissão a determinadas regras não condizentes com a sua
forma de pensar e agir.
Você pode aceitar as condições por um determinado tempo
enquanto se prepara para se colocar em prática aquela antiga
idéia que poderá torná-lo um empreendedor de sucesso.
Enquanto isso não acontece, pense na empregabilidade como um
imperativo no mercado de trabalho, porém, concentre sua
atenção nas habilidades e competências necessárias para elevar
o seu grau de sustentabilidade dentro dele.
De acordo com Domenico De Masi, sociólogo italiano, o mundo
perderá 400 milhões de postos de trabalho até 2015, portanto,
quanto mais preparado você estiver, menor o grau de
vulnerabilidade ante o mau-humor dos acionistas. Minha
recomendação é simples e sem segredos. Quer elevar o nível de
sustentabilidade no mercado de trabalho, como empreendedor ou
empregado? Procure ter em mente o seguinte:
§ Esqueça a concorrência; concentre-se no que precisa ser feito
para se destacar perante a concorrência;
§ A necessidade escraviza; o conhecimento liberta; quanto mais
você se aperfeiçoar no que faz, menos dependerá da política e do
humor alheio;
§ Empregabilidade é a base; sustentabilidade é a chave; mude o
foco e moldará o seu futuro;
§ Reveja seus valores, mas não mude seus princípios; valores
são transitórios, princípios são definitivos;
§ Ser empregado é questão de opção; ser empreendedor é
questão de determinação;
§ Emprego é o que você busca para ganhar dinheiro; trabalho é
o que você busca para garantir a sustentabilidade. Pense nisso e
seja feliz!
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