Por Jerônimo Mendes
Há um bom tempo que a qualidade de vida tem sido assunto na vida das pessoas e das organizações. Em cada revista que você lê, programa que você assiste, curso que você faz e até mesmo nas poucas oportunidades que você tem de discutir sobre o assunto, há sempre alguém batendo na mesma tecla: você deve melhorar a sua qualidade de vida.
O fato é que, exceto o seu cardiologista particular, todo mundo tem uma fórmula mágica para melhorar a qualidade de vida, mas na prática não consegue aplicar um terço daquilo que apregoa. Fico pensando naqueles médicos barrigudos que diagnosticam a necessidade de o paciente fazer regime, porém não conseguem olhar para si mesmos com tanta ternura e preocupação.
O mais intrigante de tudo isso é que, quando se fala em qualidade de vida, o ser humano é remetido automaticamente a um padrão de conforto mais elevado. Assim, ele imagina que cargos importantes, casa, carro, eletrodomésticos, Internet, roupas de grife, celular e outras bugigangas podem melhorar a qualidade de vida.
Em primeiro lugar, tenha em mente o seguinte: padrão de vida nada tem a ver com qualidade de vida. Padrão ou estilo de vida é medido pela quantidade de bens materiais e o nível de conforto que você pode ou deixa de obter. Qualidade de vida é medida pela quantidade de experiências positivas que você experimenta ainda que viva de maneira desconfortável.
Em segundo lugar, ainda que você tenha amealhado uma quantidade razoável de bens materiais, dinheiro, fama e status, existem valores relacionados com a qualidade de vida que não estão presentes em tudo isso, dentre os quais vale a pena destacar: sentido de realização, reconhecimento, sentido de contribuição, paz de espírito e pertencimento, entre outros.
Dessa forma, penso que o acúmulo de coisas e mais coisas não vai mudar o seu padrão de infelicidade, portanto, qualidade de vida não tem nada a ver com conforto. Qualidade de vida tem a ver com momentos inesquecíveis, emoções positivas, conquistas memoráveis e coisas foram do comum que, graças à sua capacidade de resiliência, persistência, perseverança, disciplina e foco, foram passíveis de realização.
Definitivamente, qualidade de vida tem tudo a ver a com a superação de desafios. Ao contrário do que se imagina, milhares de aposentados se deprimem pouco tempo depois de deixar o trabalho em busca daquela tão sonhada qualidade de vida. Se a continuidade não for planejada, é o fim do desafio, da emoção, do reconhecimento e o início de uma jornada que nada tem de melhor idade.
Se a qualidade de vida tem relação direta com a superação de desafios e a capacidade de realização do ser humano, é natural admitir picos de oscilação positiva e negativa durante toda a sua existência. Partindo-se do pressuposto que você não vai conseguir tudo, por maior que seja o esforço, mas pode conquistar muito, dependendo do seu esforço, prepare-se para os altos e baixos.
Na prática, o que isso quer dizer? Momentos bons e ruins fazem parte da vida de qualquer pessoa, portanto, a forma como você administra esses momentos e as lições que você aprende a partir deles determina a sua qualidade de vida.
Quer aumentar a sua qualidade vida? Não espere por milagres e soluções mágicas. Nada muda se você não tomar atitudes concretas para mudar seus hábitos a fim de extrair melhores resultados. Alguns pontos de reflexão poderão ajudá-lo nessa incrível jornada. Leia, releia, absorva, pondere com a família e os colegas de trabalho e sua vai mudar consideravelmente.
Torne-se mais produtivo: pense no que você não faz e no que você pode fazer para conquistar o padrão de vida que deseja. O que você está fazendo para extrair o melhor da vida e o melhor de si mesmo? Suas metas e objetivos estão alinhados com os seus valores? Você usa o tempo a seu favor? Caminha regularmente?
Reveja seus valores: eles estão inseridos em todas as áreas da sua vida; valores energizam o espírito e contribuem para aumentar o sentido de realização; aquilo que a sociedade apregoa é exatamente o que você deseja para si mesmo? Como você quer viver? Quem você quer se tornar? Que exemplo você quer deixar?
Avalie seus desejos e necessidades: você precisa de tudo o que você compra? Seus desejos são legítimos ou cada vez que você se deprime vai para o shopping e estoura o limite do cartão? Existe algo que você pode abrir mão para desperdiçar menos tempo e energia e aumentar a sua qualidade de vida?
Examine seus relacionamentos: que tipo de pessoas você atrai? Que tipo de relacionamento você deseja? Quantas pessoas você está carregando nas costas? Por acaso você é algum tipo de super-herói? Livre-se das sanguessugas.
Reflita sobre seu emprego e sua empresa: qual é a empresa ideal para você? Como está o clima organizacional? Os valores da empresa estão alinhados com os seus? Será que é isso mesmo que você quer para sua carreira? A zona de conforto é sua eterna morada?
Torne-se menos influenciável: quanto mais você pensa pela cabeça dos outros, mais afetável você se torna. Toda adversidade é causada por múltiplas responsabilidades. Não fuja da sua, mas não assuma a parte dos outros. Quanto mais você espera dos outros, mas você se frustra, portanto, não espere nada, não reclame e continue fazendo a parte que lhe cabe.
Pense nisso e seja feliz!
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