Preocupação com segurança e reputação da marca leva muitas empresas a coibir determinadas posturas dos funcionários na Web.
Cerca de 7% das empresas já demitiram um funcionário por conta de atividades em redes sociais, de acordo com recente pesquisa da empresa de segurança de e-mail Proofpoint. Outros 20% das organizações admitem ainda que, por causa do uso inapropriado das novas mídias, tiveram de fazer advertências aos empregados.
Por conta do crescente número de histórias sobre problemas que as redes sociais trazem aos profissionais, o norte-americano Travis Megale decidiu criar um grupo, intitulado “Fired because of Facebook” (demitido por causa do Facebook).
“Sou professor de ensino médio e, por isso, tenho de ter consciência sobre o que publico. Criei o grupo como um sinal de advertência para meus colegas”, disse Megale. “Pessoas com que trabalhei no passado fizeram comentários e publicaram fotos que facilmente poderiam ter causado minha demissão, caso tivessem sido vistos pelas pessoas erradas", analisa.
Em um esforço para aumentar a conscientização sobre o tema, o grupo criado por Megale convida os membros que perderam seus empregos por causa de algo que fizeram no Facebook a contarem suas histórias. E os contos sobre erros cometidos nas redes sociais e que culminaram em demissões aparecem com frequência.
Do lado das empresas, as decisões radicais de demitir um funcionário são tomadas por conta de questões que afetem a reputação e a segurança da organização. Mas quais são os comportamentos que as corporações julgam como prejudiciais nos perfis online de seus empregados? Eis seis erros que os usuários cometem em sites como Facebook e Twitter, e que poderiam levar à demissão.
1::Postar comentários negativos sobre o trabalho ou a empresa
Pode parecer óbvio, mas para muitas pessoas não é. Alguns membros do Facebook sentem a necessidade de espalhar para amigos e parentes suas opiniões sobre o trabalho ou sobre seus colegas de escritório, tudo sob a impressão de que seus perfis permanecem privados.
Mas não é sempre o caso, especialmente se o usuário não soube ativar a privacidade em suas configurações, apontou Tom Eston, do site Socialmediasecurity.com. Os usuários precisam estar mais conscientes não apenas das configurações de privacidade, mas sobre guardar as opiniões relacionadas ao trabalho com eles mesmos.
“Simplesmente não faça”, disse Eston. “Com frequência alguém publicará alguma coisa e depois pensará, dias depois, que talvez não devesse ter feito aquilo. Você não pode culpar a rede social por isso. As pessoas precisam assumir a responsabilidade pelo que publicam.”
Mesmo que você tenha ativado as configurações de privacidade da rede social, lembre-se que as recentes reformulações do Facebook podem fazer com que as configurações voltem a ser públicas, tornando o conteúdo disponível para qualquer um até que o usuário vá lá e as mude.
Esse foi o caso com uma professora de Cohassett, Massachusetts (EUA), que foi demitida em agosto depois de publicar no Facebook que não imaginava trabalhar por mais um ano naquele distrito escolar. June Talvitie-Siple, que em um recado anterior havia chamado os estudantes de “sacos de germes”, não percebeu que suas configurações tinham sido tornadas públicas depois de uma mudança recente no Facebook. Ela serve como exemplo para que verifiquemos nossas configurações de privacidade com regularidade.
E há aqueles que seriam melhores se caíssem no esquecimento. Como a mulher que desabafou sobre o chefe em um post que já se tornou lenda na Internet. Infelizmente, seu chefe também era um amigo do Facebook e, por isso, podia ver facilmente seu perfil.
A mulher atualizou seu status com uma mensagem que, em português, seria como: “Eu odeio meu trabalho! Meu chefe é um total pervertido, que sempre me faz fazer trabalhos de m***a apenas para me sacanear!”.
Ao que o chefe respondeu: “Acho que você se esqueceu de que tinha me adicionado aqui” e terminou com “Não se importe de voltar aqui amanhã. E, sim, é sério.”
2::Defendendo seu empregador em uma discussão online
Embora seja o oposto da mancada número um, essa também pode ser desastrosa, mesmo que o usuário tenha as melhores intenções.
Isso porque, mesmo que pense que o que está dizendo é correto, você não é um profissional de relações públicas, e o que você publicou pode ser errado ou até prejudicar a empresa. A gigante das redes Cisco Systems deixa claro, em sua política de mídias sociais, que os empregados não deverão se envolver em qualquer debate online sobre a empresa sem permissão específica.
“Quando um empregado vê algo negativo sobre a empresa, algumas vezes seu impulso é o de defender seu empregador, com o qual está perfeitamente satisfeito”, explicou Christopher Burgess, conselheiro sênior de segurança da Cisco. “Você não pode fazer isso com os 140 caracteres do Twitter. O que dizemos ao nosso pessoal é: deixe o pessoal de RP cuidar disso.”
3::Comentar questões privadas da empresa em fóruns públicos
Então sua empresa está para comprar outra e há rumores sobre demissões? Guarde essa informação para si. Publicar essa informação no Facebook ou no Twitter é quase tão ruim quanto falar à imprensa sobre o assunto. Mesmo que você pense estar falando apenas para pessoas próximas, não há como saber onde a informação irá parar, disse Eston.
“Mesmo se pertencer a um contexto geral, certas informações que poderiam ser confidenciais para uma empresa nunca deveriam ser discutidas.”
4::Mudar de identidade e fingir ser outra pessoa
Você sempre quer ser honesto sobre quem é. Retomando a regra que trata de falar sobre sua empresa, Burgess explicou que a política da Cisco também proíbe os empregados de disfarçar seu nome ou identidade para se envolver em debates sobre a empresa.
“A política estabelece claramente que o uso de um apelido (ou nome falso) é inaceitável”, disse. “Os empregados deveriam sempre deixar claro seu relacionamento com a empresa.”
5::Oferecer muita informação sobre sua vida pessoal e atividades de lazer
Eston, que costumava trabalhar com segurança em um grande banco, lembra-se de um caso em que muita informação no Twitter não apenas fez uma pessoa perder o emprego como a impediu de ser contratada.
O banco estava fazendo uma verificação de antecedentes sobre uma candidata a vaga e descobriu mais do que gostaria de saber.
“Ela tuitou sobre como esperava poder passar num teste de drogas, e a foto de seu perfil no Twitter a mostrava fumando maconha.”
6::Publicar fotos de gosto duvidoso
Talvez o maior exemplo deste tipo de mancada seja o caso envolvendo a líder de torcida americana Caitlyn Davis. Ela foi demitida da equipe de futebol americano New England Patriots depois que fotos no Facebook a mostraram empunhando uma caneta marcadora à frente de um homem aparentemente inconsciente, cuja pele estava coberta de desenhos e pichações - entre elas, duas suásticas.
As fotos e as informações pessoais que você publica podem não ser tão ofensivas, mas provavelmente é uma boa ideia mantê-las afastadas das redes sociais, assim como os comentários sobre sua vida pessoal que poderiam levar um empregador a fazer um julgamento negativo sobre você.
Quando usa redes sociais, você quer mostrar sua melhor imagem. Da próxima vez que postar alguma coisa, pergunte a si mesmo se é algo que qualquer um possa ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário