O entardecer do domingo oferece uma
sensação de angústia diante do início de mais uma semana de trabalho que se
avizinha. Você logo imagina o desconforto de levantar-se cedo e encarar um
pesado trânsito – ou transporte público lotado – até sua empresa, onde
reencontrará colegas com os quais mantém um relacionamento superficial, caixa
de entrada cheia e reuniões intermináveis que parecem não levar a ações
concretas.
Um almoço insípido, alguns
telefonemas e uma eventual discussão podem completar uma rotina que se
estenderá até a sexta-feira ou o sábado, quando finalmente a alegria se
manifestará com uma pausa em suas atividades profissionais.
Se você se identifica com o cenário
acima é porque sinais de desmotivação bateram à sua porta. Você se sente
desanimado com tudo, sem notar que animus representa o princípio
espiritual da vida, do latim anima, ou o sopro de vida. Assim,
estar desanimado é estar sem alma, sem espírito, sem vida...
Basicamente, esta situação pode
decorrer de um aspecto interno, a falta de entusiasmo, ou externo, a falta de
reconhecimento.
A perda de entusiasmo é um processo
endógeno, ou seja, inerente a você. Ela parte de dentro para fora e pode ser
consequência de diversos fatores. Primeiro, de um trabalho desalinhado com seus
propósitos, em especial missão e visão. Se a sua atividade não guarda sinergia
com os objetivos que você determina para seu futuro, é natural que gradualmente
o interesse se desvaneça, porque você não enxerga sentido no que faz.
Além disso, há que considerar a
influência do ambiente de trabalho –coisas e pessoas. Uma infraestrutura
inadequada, formada por equipamentos ultrapassados, que comprometem um bom
desempenho profissional, associada a um clima de trabalho tenso em virtude de
desarmonia com os colegas, certamente prejudicam seu estado emocional.
Outra variante possível é o que
denomino de “síndrome da cabeça no teto”. Isso acontece quando mesmo dispondo
de boa infraestrutura, clima organizacional favorável e atividade sintonizada
com seus objetivos pessoais, a empresa mostra-se pequena para seu potencial.
Neste contexto, você se sente maior do que a estrutura que lhe é oferecida e percebe
que seu crescimento está ou ficará limitado.
Todas estas circunstâncias conduzem a
um crescente desestímulo. A apatia floresce, o desalento toma conta de seu ser
e o entusiasmo se despede. E quando remetemos à raiz grega da palavra
entusiasmo, que significa literalmente “ter Deus dentro de si”, compreendemos a
importância de cultivá-lo para alcançar o sucesso pessoal e profissional.
Já a falta de reconhecimento é uma
vertente exógena, ou seja, dada de fora para dentro. Em maior ou menor grau,
todas as pessoas precisam de doses de reconhecimento. Aqueles dotados de uma
autoestima mais elevada conseguem saciar esta necessidade individualmente.
Porém, em especial no mundo corporativo, espera-se que nossos pares, e mais ainda,
os superiores hierárquicos, demonstrem reconhecimento por nossos feitos, seja
como identificação ou por gratidão.
Este reconhecimento pode vir
travestido por um sorriso ou um abraço fraterno, congratulações públicas ou
privadas, recompensa financeira ou promoção de cargo. Mas é fundamental que se
demonstre, pois funciona como combustível a nos mover em direção a novas
realizações, maior empenho e satisfação.
Em regra, note que aplacar os
sinais de desmotivação depende exclusivamente de você. Em princípio, esteja
atento para identificar estes sinais. Em seguida, procure agir para
combatê-los. Isso pode significar mudar ou melhorar o ambiente de
trabalho, buscar relações mais amistosas com seus colegas, alterar sempre que
possível sua rotina, perseguir novos desafios, estreitar o diálogo com seus
supervisores. E, num extremo, até mesmo mudar de organização se
preciso for, planejando sua saída com consciência e racionalidade.
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