terça-feira, 28 de julho de 2015

Precisamos de novos heróis

É um raio, é um avião? Não, é o Super-Homem!

Mas também poderia ser o Batman, o Homem Aranha ou qualquer outro dos super-heróis que, infelizmente, habitam o nosso imaginário.

Desde pequenos aprendemos a ver os super-heróis como pessoas dotadas de superpoderes, com uma missão grandiosa e sempre do lado certo, ou seja, do lado do bem.

E ficamos tão apaixonados pelo modelo do super-herói que acabamos por nos esquecer do valor dos verdadeiros heróis.

Aqueles de carne e osso, que habitam o mundo real e que, como qualquer ser humano, não são apenas luz ou apenas sombras. Mas que, apesar de não serem perfeitos, fazem o que realmente deve ser feito.

Esquecemo-nos de que nesse mundo real, onde não existem superpoderes, mas apenas atitudes, os verdadeiros heróis são aqueles que trabalham duro e não abrem mão de sua dignidade em nome do comodismo ou do caminho mais fácil.

É o pai que, apesar de toda a adversidade de sua vida, serve como um modelo de honestidade para seus filhos. Ou a mãe que, por vezes sozinha, batalha para criar seus filhos, seguindo em frente, sem reclamar da vida. Apenas fazendo aquilo que é certo.

É o funcionário que, apesar de todas as facilidades do “sistema”, recusa-se a receber a propina. E é também aquele que faz a denúncia necessária para se acabar com o abuso de poder ou autoridade.

É a pessoa que se recusa a cumprir uma ordem do chefe ou aquela determinação da empresa que possa ofender a dignidade de outro ser humano.

Se quisermos transformar o mundo em um lugar mais justo e mais fraterno, precisamos criar um novo modelo de heroísmo para as nossas crianças. Tanto para aquelas crianças em sua idade, como para aquelas que, apesar do passar dos anos, continuam habitando dentro de todos nós.

Precisamos criar a compreensão de que todos podem escolher ser heróis, mesmo sendo pessoas comuns, afinal o heroísmo nada mais é do que fazer o que deve ser feito, mesmo diante das pressões contrárias.

Herói é aquele que contradiz o chamado Efeito do Espectador, maravilhosamente descrito nos estudos dos psicólogos Darley e Latané, que mostram o quanto as pessoas são capazes de permitir situações de abuso ou crueldade simplesmente por não se sentirem responsáveis por aquela situação.

Nessa concepção, o herói vai desde aquela criança ou adolescente que desafia a prática do bullying, apesar de saber que vai enfrentar uma enorme resistência dos colegas, até o político que luta verdadeiramente contra a corrupção, apesar de saber que sofrerá todo o tipo de pressão daqueles que querem manter o status quo.

Ser vilão ou ser herói é uma escolha diária.

Talvez não sejamos sempre heróis, mas se formos apenas um pouco mais do que temos sido, já estaremos aumentando a nossa contribuição para o mundo.

Por isso, o primeiro passo para se tornar um herói, é simplesmente fazer essa escolha.

O segundo é aprender que, ao contrário do super-herói, o herói do mundo real também sente medo, mas que é justamente a capacidade de enfrentar esse medo que o torna quem ele de fato é.




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