É um raio, é um avião? Não, é o Super-Homem!
Mas também poderia ser o Batman, o Homem Aranha ou
qualquer outro dos super-heróis que, infelizmente, habitam o nosso imaginário.
Desde pequenos aprendemos a ver os super-heróis como
pessoas dotadas de superpoderes, com uma missão grandiosa e sempre do lado certo,
ou seja, do lado do bem.
E ficamos tão apaixonados pelo modelo do super-herói que
acabamos por nos esquecer do valor dos verdadeiros heróis.
Aqueles de carne e osso, que habitam o mundo real e que,
como qualquer ser humano, não são apenas luz ou apenas sombras. Mas que, apesar
de não serem perfeitos, fazem o que realmente deve ser feito.
Esquecemo-nos de que nesse mundo real, onde não existem
superpoderes, mas apenas atitudes, os verdadeiros heróis são aqueles que trabalham
duro e não abrem mão de sua dignidade em nome do comodismo ou do caminho mais
fácil.
É o pai que, apesar de toda a adversidade de sua vida,
serve como um modelo de honestidade para seus filhos. Ou a mãe que, por vezes
sozinha, batalha para criar seus filhos, seguindo em frente, sem reclamar da
vida. Apenas fazendo aquilo que é certo.
É o funcionário que, apesar de todas as facilidades do
“sistema”, recusa-se a receber a propina. E é também aquele que faz a denúncia
necessária para se acabar com o abuso de poder ou autoridade.
É a pessoa que se recusa a cumprir uma ordem do chefe ou
aquela determinação da empresa que possa ofender a dignidade de outro ser humano.
Se quisermos transformar o mundo em um lugar mais justo e
mais fraterno, precisamos criar um novo modelo de heroísmo para as nossas
crianças. Tanto para aquelas crianças em sua idade, como para aquelas que,
apesar do passar dos anos, continuam habitando dentro de todos nós.
Precisamos criar a compreensão de que todos podem
escolher ser heróis, mesmo sendo pessoas comuns, afinal o heroísmo nada mais é
do que fazer o que deve ser feito, mesmo diante das pressões contrárias.
Herói é aquele que contradiz o chamado Efeito do
Espectador, maravilhosamente descrito nos estudos dos psicólogos Darley e
Latané, que mostram o quanto as pessoas são capazes de permitir situações de abuso
ou crueldade simplesmente por não se sentirem responsáveis por aquela situação.
Nessa concepção, o herói vai desde aquela criança ou
adolescente que desafia a prática do bullying, apesar de saber que vai
enfrentar uma enorme resistência dos colegas, até o político que luta
verdadeiramente contra a corrupção, apesar de saber que sofrerá todo o tipo de
pressão daqueles que querem manter o status quo.
Ser vilão ou ser herói é uma escolha diária.
Talvez não sejamos sempre heróis, mas se formos apenas um
pouco mais do que temos sido, já estaremos aumentando a nossa contribuição para
o mundo.
Por isso, o primeiro passo para se tornar um herói, é
simplesmente fazer essa escolha.
O segundo é aprender que, ao contrário do super-herói, o
herói do mundo real também sente medo, mas que é justamente a capacidade de
enfrentar esse medo que o torna quem ele de fato é.
Por
Flávio Lettieri
Nenhum comentário:
Postar um comentário