Por que será que sempre achamos que a
grama do vizinho é mais verde?
Tudo é uma questão de percepção, de
olhar e de ponto de vista. Um casal com filhos, cachorro e papagaio pode fazer
muitos suspirarem desejando algo semelhante. Mas, se pensamos em ter uma grande
família e, ao mesmo tempo, matamos em casa o nosso cactus por aguar demais,
será que realmente estamos prontos para isso? Ou só desejamos porque visualizamos
o vizinho com sua a grama aparentemente verde, forte e capaz de sustentar uma
família Doriana? E sob a ótica deste pai ou mãe, com que frequência pensaria em
trocar tudo isso pela sua solteirice, festas e romances passageiros?
O ser humano é insatisfeito por
natureza. Tende a querer o que não tem, o que é difícil ou o que lhe parece
melhor, mais bonito, mais interessante ou que simplesmente não lhe pertence.
Passamos dias sem comer doce e recusamos várias vezes, mas, quando alguém pega
o último chocolate do pacote parece que a vontade aguça e até podemos ficar
bastante raivosos com o cidadão que cometeu tal crime.
O seu vizinho tem 25 anos e é CEO de
uma startup que já é um sucesso. Logo, você pode concluir que
a grama dele está dando chicoteadas na sua cara e ainda as visualiza com sorrisinhos
irônicos em sua direção. Mas a verdade é que você não está calçando os sapatos
dele para saber como as coisas são de fato. E quem pode afirmar que você
estaria melhor ou seria mais feliz sendo um CEO? Talvez este fosse o sonho ou o
dom do seu vizinho, mas qual é o seu sonho? No que você é realmente bom?
Mas seu colega foi promovido e você
também é muito capacitado. Na verdade, você se considera até mais preparado do
que ele, e aí fica com uma sensação de que tudo ali ao lado é mais fácil,
reluzente e próspero. Por que não avaliar o que falta para você ou perguntar
para o seu chefe? De que forma poderia se aprimorar ao invés de lamentar que
não foi com você? Será que foi pura sorte ou ele fez algo para conquistar esta
promoção? E será que você gostaria mesmo de ser promovido?
Sempre que ganhamos algo, perdemos
algo. Isso é comprovado. Às vezes perdemos tempo demais olhando ao redor e
esquecemos de olhar para dentro, para nós mesmos. Cada pessoa é única e tem
seus próprios desejos, sonhos, dores, expectativas e frustrações.
Às vezes olhamos aquele que sempre
sorri e avaliamos que ele é leve, tranquilo e feliz. Mas, não enxergamos as
cicatrizes que ele carrega e as batalhas que ele enfrenta. Um quer ter. O outro
quer ser e ter. ”Cada um sabe a tristeza e a alegria de ser quem é”.
Casamento é bom para muitos e
protocolo para outros. Tanta gente que se ama e não está junto. Tanta gente que
não se ama e está junto. Negócio? Filhos? Sociedade? Status? Sonho? Amor?
E o carro novo da sua vizinha, como
ele é lindo! Mas, o que ela fez para conquista-lo? Quais caminhos ela
percorreu? Quanto tempo levou? Será que posso aprender algo com ela?
A sua história e a sua essência e a
dos seus vizinhos. Tratar com respeito e carinho a nossa história e a dos
outros. E por que não?
Convido a todos a fazerem uma visita
interior, meditação, reflexão, o que julgarem mais adequado aos seus perfis.
Para que possam se conhecer melhor, e descobrir o que realmente importa e faz o
coração de cada um bater mais forte. Não para a sociedade, marido, chefes, amigos,
esposa, vizinho, mas para cada um de vocês.
O que faria a sua grama ficar ainda
mais verde?
Por
Renata Klingelfus Andraus
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