Há um tempo, me peguei pensando que
eu estava numa prisão. Não digo uma prisão real, claro, mas uma prisão de alma.
Aos olhos dos outros, eu poderia estar fazendo tudo o que eu quisesse, mas a
história não era bem assim. Afinal, somente cada um sabe todas as nuances da
sua própria história. Falo em prisão, porque vivia na eminência de algum sonho
grande acontecer para poder realmente viver. Logo eu, amante número um da
liberdade, fui aos poucos me colocando uma série de limitadores!
Quando tal coisa acontecer, vou poder
fazer uma tatuagem. Quando tal coisa acontecer, vou poder começar a malhar.
Quando tal coisa acontecer, vou poder tocar outros sonhos. Ou seja, com crenças
totalmente limitantes, estava esperando para viver quando um determinado evento
ocorresse. E, nisso, a vida ia passando e passando. E a sensação de vazio
somente aumentava.
Mas, como já cantava Rita Lee, “um
belo dia resolvi mudar e fazer tudo o que eu queria fazer“. Após um período
pseudo-sabático (chamo carinhosamente de pseudo-sabático, porque não viajei ou
me isolei fisicamente da minha vida, mas levantei muitas questões e profundas
reflexões), eu acordei. E, olha, como tudo isso é novo e complicado e doloroso.
Mudanças exigem muito de nós. E, para mim, o pior nisso tudo é muitas vezes
termos que admitir que erramos.
Entretanto, uma coisa é fato: é um
processo libertador. Existe um momento na vida em que não temos uma outra opção
a não ser seguir adiante e achar o nosso caminho. Por ser uma busca solitária –
já que ninguém pode/deve dizer para onde devemos seguir, por melhor que seja a
intenção -, o processo se torna ainda mais desafiador.
Estou ensaiando meus primeiros passos
há alguns meses e, desde então, me permiti ser eu todos os dias sem esperar
grandes acontecimentos. Porque, na verdade, somente sendo eu mesma, esses
acontecimentos podem chegar. Nesse processo, fiz as três tatuagens que adiei
por treze anos; voltei a correr e a fazer ginástica localizada (corro na praia
e faço ginástica em casa! Cinco a seis vezes por semana); parei de tomar
refrigerante e estou bebendo mais água. Além disso, tenho estudado assuntos
bastante diversos da minha área de formação, como, por exemplo, saúde e
comportamento animal.
Nesse processo, tenho que me esforçar
para essas mudanças, como acordar duas horas mais cedo todos os dias; estudar,
inclusive, nos fins de semana; utilizar técnicas de motivação e meditação todos
os dias para aguentar o tranco. E o principal: reencontrar o foco que antes
parecia tão longe e perdido…
Esperei por um bom tempo, condições
ideais de temperatura e pressão para viver e, simplesmente, demorei a perceber
que a vida passa, independentemente, de quaisquer perfeições. Quando precisamos
e queremos realmente alguma coisa, precisamos antes de tudo nos livrar de todas
as desculpas e limitações que criamos para nos autossabotarmos. E correr atrás
daquilo que desejamos com todas nossas forças.
Todos nós somos livres, só precisamos
nos permitir voar.
*Texto originalmente publicado no Blog Psicologando em 26.02.2014.
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