Seja na hora de escolher a profissão, seja na hora de optar por um ou
outro emprego, o principal fator motivador é quase sempre o dinheiro.
Principalmente, quando se é muito jovem. Pesquisas, no entanto, têm mostrado
que executivos muito bem sucedidos descobriram que dinheiro não é tudo e têm
largado posições de destaque para, simplesmente, ser feliz.
Fazer o que gosta é, na verdade, a maneira mais certeira de se atingir
sucesso, pois ele vem não apenas no âmbito profissional, como também pessoal.
Se seu objetivo é esse, leia a matéria a seguir feita com o presidente do Grupo
Abril, Fábio Barbosa, onde ele fala sobre a importância de fatores como
adequação a valores das empresas, respeito às pessoas, transparência, entre
outros que fazem tanta diferença no mundo corporativo.
Felicidade pessoal não é atingir
meta, diz Fábio Barbosa
Por Luisa Melo, Exame.com
São Paulo – “Sou frustrado como executivo.
Quero contratar profissionais, mas as pessoas sempre vêm junto”. É com essa
brincadeira que Fábio
Barbosa, presidente do Grupo
Abril, argumenta que é impossível separar vida
pessoal de trabalho. Para ele, o grande mérito está em saber conciliar as duas
coisas.
Desde 2011 à frente da Abril, ele diz ter escolhido ir para a empresa –
após um histórico de 15 anos trabalhando em bancos – porque acredita que
companhias de comunicação têm um grande poder de reforçar os valores das
instituições, influenciar e construir uma cultura de excelência na sociedade
brasileira.
Na noite desta sexta, Barbosa esteve em um
bate-papo online promovido pelo projeto Na Prática, da Fundação Estudar. Na conversa, ele
contou como construiu a sua carreira e deu dicas para quem ainda está
começando. Veja algumas delas:
Faça o que você gosta, não o que te trará mais
dinheiro
Barbosa diz que nunca pensou em ser presidente de
banco e que sua carreira se
construiu mais naturalmente do que ele poderia imaginar. Ele conta que decidiu
trabalhar com finanças porque os números eram presença natural na sua vida. “Eu
sempre deixava [as tarefas de] matemática para fazer por último, porque achava
que era muito fácil”, conta. Segundo ele, ninguém consegue sucesso se não se
dedicar ao que ama.
“Tem gente que pensa: vou ser feliz quando chegar lá. Isso não é
verdade, a felicidade está dentro de você. É a jornada. Felicidade pessoal não
é atingir meta”.
A lógica é a mesma que ele diz usar à frente das grandes empresas que
comanda e comandou. “Não se pode focar em resultado, ele é consequência. É
preciso focar nas causas”.
Trabalhe e estude no exterior, mas volte
Para Barbosa, quando a oportunidade de trabalhar no exterior existe,
deve ser bem aproveitada. Porém, ele – que fez MBA no International Institute
for Management Development, na Suíça – não recomenda a mudança definitiva para
outro país. “Vá, mas volte. O Brasil precisa de gente qualificada e tem muitas
oportunidades”.
O maior aprendizado que Barbosa diz ter absorvido na experiência lá fora
foi a valorização do esforço e a busca da excelência. Segundo ele, no Brasil,
esses valores ainda não são vistos com tanta clareza como em outros países.
Para o presidente da Abril, por aqui, há uma cultura equivocada de que, para
alguém dar certo, é preciso fazer algo errado.
“A frase que eu mais odeio é: ‘no Brasil é assim mesmo’. O Brasil vai
ser o que dele nós fizermos. E quem tem boa formação tem muito com o que
contribuir. Nós podemos ser protagonistas da construção de um país que seja do
jeito que a gente quer”.
Aproveite os acasos
Fábio Barbosa diz que os bons acasos foram grandes responsáveis pelo
sucesso de sua carreira. “Eu brinco que, se fosse fazer tudo de novo, eu acho
que não conseguiria, porque a vida foi muito boa comigo”.
Busque o profissionalismo e a transparência
O lema que Fábio Barbosa utiliza é: “o jogo é duro, mas é na bola e não
na canela”. O início do processo da instituição da sustentabilidade como um
valor no Banco Real (que depois foi adquirido pelo Santander) segundo ele,
partiu desta ideia. Ele cita o exemplo de um fornecedor que oferecia produtos a
preços menores do que outro, mas não estava muito dentro das normas
trabalhistas e por isso foi cortado.
“Também começamos a pensar: se somos um
negócio de empréstimo, nós nos importamos com o que nossos clientes fazem com o
dinheiro. E havia uma empresa que tinha problemas com corte de madeira no
Paraná. Vamos emprestar para eles? Não!”, conta.
Barbosa ainda diz que foi muito pressionado quando as medidas de
sustentabilidade começaram levar à perda de clientes. “Mas aí veio a sorte e um
cliente falou o seguinte: sempre trabalhei com madeira certificada e nenhum
banco nunca valorizou isso. É como vocês que eu quero trabalhar”, conta ele.
Não pegue atalhos, não pense no curto prazo
Segundo Barbosa, ao decidir entre duas propostas de emprego, uma pessoa
só tem uma informação: o valor do salário que receberá no primeiro dia, já que
depois pode haver uma promoção, ou um corte. Para ele, escolher trabalhar em
uma empresa que pague mais num primeiro momento, sem avaliar se ela realmente
tem a ver com você, é um tiro no pé.
“Decidir por salário, no começo, é algo muito pequeno. Você deve
trabalhar onde você tenha condições de ser você, ainda que tenha que
fazer uma concessão no curto prazo”, afirma. “A vida é uma maratona, não uma
uma corrida de cem metros. Não adianta só dar uma arrancada”.
Você não é incapaz, apenas tem um determinado
perfil
“As pessoas não têm defeitos e qualidades, mas sim perfil”, afirma Fábio
Barbosa. Segundo ele, essa premissa serve para tudo: funções e momentos. Ele
conta que, quando trabalhou no Citibank, havia um funcionário que seria
demitido porque trabalhava na Tesouraria porque “demorava demais para tomar
decisões”.
Em vez de desligá-lo da empresa, Barbosa preferiu tranferi-lo para a área
de planejamento. No fim, o tal funcionário acabou conseguindo construir uma
carreira sólida na outra função e foi até enviado para os Estados Unidos.
Não tenha ídolos, tenha valores
Barbosa diz que não admira pessoas, mas sim os valores e as causas que
elas defendem. Segundo ele, o que o inspira são a seriedade, transparência, a
ética “e quem as pratica, enquanto as praticar”. Como comportamentos podem não
ser definitivos, ele diz que “é melhor despersonificar e ficar com os
princípios”.
Seja respeitoso
Tudo deve ser alcançado respeitando as regras e as pessoas, segundo
Barbosa. A maneira como você lida com seus chefes, subordinados e o porteiro do
seu prédio deve ser a mesma. Para Barbosa, o respeito é a primeira coisa que um
ser humano espera do outro e não por acaso a base de muitas religiões é: tratar
o outro da forma com que você gostaria de ser tratado.
Jante com a sua família
“Eu vi meus filhos crescerem. Sempre jantei em casa, sempre que
possível”. No início da carreira, é mais difícil ter controle sobre a sua
própria agenda. Mas a partir do momento em que teve condições de tomar mais
decisões sobre o seu tempo, Barbosa diz que sempre privilegiou o contato com a
família. “Essas coisas passam e depois não tem volta”. Para ele, tudo é uma
questão de escolha, mas a relação com os filhos precisa ser muito bem ponderada
porque “deixa feridas muito sérias”.
Fonte: http://www.veralana.com.br/blog/no-final-o-que-importa-e-ser-feliz/
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