Por Heloísa Noronha
Que na era da Internet as empresas
estão se modernizando a uma velocidade impressionante, não é novidade. Toda mudança,
porém, exige uma quebra de determinados padrões de comportamento. Alguns
conceitos ficam tão arraigados que é difícil modificar a atitude sem sentir uma
pontinha de receio. Para te ajudar, conversamos com vários especialistas em
carreira. Eles elaboraram uma lista com dez máximas que estão antiquadas.
Sabendo disso, será muito mais fácil você se dar bem.
1. Quem estende o expediente é visto como competente e esforçado
Há algum tempo, as pessoas que cumpriam o horário à risca eram malvistas.
Isso está em franca decadência, pois quem quer fazer trabalho extra pode,
perfeitamente, se dedicar a isso fora do escritório e depois apresentar resultados.
“Ficar até mais tarde costuma ser desnecessário e improdutivo. O que interessa
para as empresas é o resultado”, avisa Eduardo Ferraz, especialista em gestão
de pessoas, negociação e vendas. O administrador de empresas e palestrante
Anderson Cavalcante é radical: “Quem sempre fica até mais tarde é incompetente
e desorganizado. Um bom profissional sabe que existe vida após o trabalho.
Anderson diz que muitas pessoas enrolam o dia todo e depois extrapolam o
horário. Os líderes modernos estão de olho nisso.
2. Rede social é brincadeira de quem não tem o que fazer
Cada vez mais profissionais estão se especializando para atuarem nas redes
sociais. Dependendo do ramo, elas são tão importantes quanto o trabalho
convencional. “Quem não faz parte de alguma rede social é muito mais do que um
analfabeto digital: está fora do mundo”, opina Anderson Cavalcante. Christian
Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade e fundador da
multinacional de consultoria Triad PS, reforça que as redes sociais podem ser
muito úteis para captar novos clientes, recrutar profissionais e até desenvolver
novos projetos em parceria com outros internautas. “Além disso, algumas
pesquisas dizem que as redes sociais, quando bem utilizadas, melhoram a
produtividade". Mas ele avisa: "Acessar para pesquisas e ter novas
ideias, sim. Perder tempo, não.”
3. Cursos de extensão ajudam a subir na carreira
“Quem para de estudar e de praticar fica desatualizado e não acompanha as
necessidades de sua áreal”, avisa Paulo Kretly, presidente da FranklinCovey
Brasil e autor do recém-lançado “Deixe um Legado” (Ed. Campus). Cursos e
pós-graduações são quase uma obrigação, mas há um porém. “Aquilo que muita
gente possui deixa de ser um diferencial. Estudar bastante é importante, mas o
que leva uma pessoa ao sucesso é a soma dos resultados que ela entrega”, avisa
Eduardo Ferraz. Assim, nenhum currículo repleto de cursos é capaz de sustentar
um desempenho fraco no dia a dia.
4. Devo ouvir críticas em silêncio
De jeito nenhum. Essa atitude pode soar como desinteresse, medo e até
covardia. Se a crítica for pertinente, ouça e peça sugestões. Do contrário,
peça mais detalhes a respeito do assunto, até que fique claro se a crítica é
justa ou não. Segundo Anderson Cavalcante, que escreveu o livro “O Que Realmente
Importa?” (Ed. Gente), o segredo é não agir com a emoção. Mantenha a razão e
questione. Muitas vezes ouvimos uma crítica por algo que nem percebemos que
fizemos. E lembre-se sempre: você pode falar o que quiser, para quem quiser,
desde que com cuidado.
5. Pessoas ambiciosas são perigosas
Para o consultor Eduardo Ferraz, autor do livro “Por Que a Gente É do
Jeito que a Gente É?” (Ed. Gente), pessoas ambiciosas normalmente são mais
invejadas do que malvistas, pois são claras a respeito de seus objetivos. Mas
atenção: ambição é diferente de ganância. Christian Barbosa diz que ser
ambicioso é bom, fará com que você persista em buscar o sucesso. “Porém, se
todas as suas tarefas estiverem relacionadas à ambição, você poderá ser
malvisto”, destaca o consultor. Luciano Alves Meira, consultor da FranklinCovey
Brasil, enfatiza que a ambição precisa ser compartilhada e orientada por
valores. "Assim, sem dúvida, é um traço do trabalhador da era do conhecimento,
a que vivemos”, diz.
6. Cumprir prazos é mais importante do que ser criativo
Depende da função e do cargo ocupados. Se os outros dependem de sua
pontualidade para trabalhar, cumprir prazos é mais importante. “Se a criação de
novas soluções não exige pressa, a criatividade é mais relevante”, argumenta Eduardo
Ferraz. Para Anderson Cavalcante, porém, a criatividade nunca foi amiga do
prazo. “Ela parece ter vida própria, pois surge quando a gente menos espera e,
dependendo da intensidade, é capaz de colocar abaixo todos os cronogramas criados”,
defende.
7. Os bajuladores sempre se dão bem
Cresce na carreira quem é competente. Por essa lógica, os bajuladores às
vezes se dão bem no curto prazo, mas, futuramente, quebram a cara. “Quem gosta
de puxa-sacos? Claro, todos gostamos de elogios, faz bem para o ego... Mas tudo
que é demais, enjoa”, diz Christian Barbosa.“Pessoas maduras não são
bajuladoras, mas nem por isso precisam ser agressivas. Elas sabem tratar todos
com respeito, sem deixar de dizer o que realmente pensam e de negociar sempre
que necessário. Essa é a essência da maturidade”, completa Paulo Kretly.
8. Um currículo sempre deve ser curto e objetivo
Embora alguns especialistas sustentem que o recrutador do RH deve se
encantar por um currículo em cinco segundos de leitura, o importante é o
conteúdo. “Já entrevistei pessoas cujos currículos eram imensos e nem me dei
conta de que tinha quatro páginas, tamanho interesse que me despertaram”, diz
Anderson Cavalcante. “O problema não é o tamanho do currículo, mas a qualidade
de tudo aquilo que você coloca nele”, explica.
9. A vida profissional não pode nem deve interferir na vida pessoal
Segundo Paulo Kretly, tudo está ligado. “O indivíduo é, como a palavra
indica, indivisível. Ele carrega para onde vai aquilo que ele é. Caráter e
competência são dissociáveis, pois a competência conduz ao topo e o caráter o
manterá lá. Por isso, também, é muito importante equilibrar vida pessoal e
profissional e cuidar bem da qualidade dos relacionamentos, em ambos os
ambientes”, explica.
10. Opinião quem tem é chefe
Você acha que os colaboradores não devem dar opiniões aos seus líderes
quando percebem que algo precisa melhorar? De acordo com Paulo Krelty, líderes
que não recebem retorno das equipes ficam cada vez menos cientes do que precisa
ser feito para alcançar o sucesso. “É essencial que os líderes se abram para
receber um retorno e até o peçam”, opina. Segundo Luciano Alves Meira, também
da FranklinCovey, as empresas que aprenderam esse conceito construíram culturas
vitoriosas.
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