Se você sumisse da empresa, alguém
notaria?
Depois de um extensivo processo de
recrutamento com entrevistas, testes e dinâmicas, uma grande empresa contratou
um grupo de canibais.
"Agora vocês fazem parte de uma grande equipe",
disse o diretor de RH, na cerimônia de boas-vindas. "Vocês vão desfrutar
de todos os benefícios da empresa. Por exemplo, podem ir à lanchonete quando
quiserem comer alguma coisa. Só peço que não comam os outros empregados."
Quatro semanas mais tarde, o diretor
de RH os chamou.
"Vocês estão trabalhando duro e eu estou satisfeito, mas
a senhora do cafezinho desapareceu. Algum de vocês sabe o que pode ter
acontecido?"
Todos os canibais negaram. Depois que o diretor foi embora, o
líder canibal pergunta:
"Quem foi o idiota que comeu a senhora do
café?"
Um deles, timidamente, ergue a mão. O líder segue:
"Mas você é
um asno! Quatro semanas comendo gerentes e ninguém percebeu nada. Você tinha de
comer justo a senhora do café!"
Essa historinha, que recebi de um
amigo por e-mail, faz um retrato engraçado e cruel do mundo corporativo.
Ela
nos leva a uma reflexão urgente: você faz falta na sua empresa?
Não basta dizer
que você faz tudo certo, é um bom profissional, que os diretores gostam de você.
Pergunte-se: se eu saísse da empresa, ela teria problemas com a minha ausência?
Ou, de modo mais imediato, no seu dia-a-dia: o que fiz hoje que só eu poderia
fazer, qual foi minha contribuição indispensável para os negócios?
Parece
megalomania, mas de fato esse é o ambiente da verdadeira competitividade. Ele
não significa "deixar os outros para trás", mas estar sempre na
frente e tornar-se indispensável, sob o risco de ser engolido, desaparecer da
empresa e ninguém dar por sua falta.
Na história, a senhora do cafezinho,
ao desaparecer, colocou em risco o banquete farto dos canibais. Por quê? Ela
era requisitada e fornecia um produto que atendia a necessidades reais da
organização. A falta do café seria imediatamente notada por todos.
Diferentemente do trabalho de muitos gerentes dessa empresa, cuja ausência
ninguém percebeu.
Esses canibais funcionaram como agentes de downsizing,
praticaram uma reengenharia antropofágica.
Não acredite que seja absurdo um
gerente parecer menos indispensável do que a senhora do cafezinho. Há muitos
gerentes que não "entregam" nada.
É claro que pode haver uma grande
injustiça aqui: muitas funções, por suas próprias características, consistem em
manter a máquina funcionando, zelar pelas rotinas, processos e procedimentos. O
"produto" é não haver problemas.
Isso é verdade, e é uma armadilha
que pode colocá-lo na mesa dos canibais corporativos.
Trate de mostrar resultados, sirva
"um cafezinho" todos os dias, seja qual for o caráter de sua função.
Você precisa agir e tornar visíveis suas ações -- vale aqui o ditado de que a
pessoa precisa ser técnica e também pirotécnica.
Não fique tranqüilo achando
que está fazendo tudo direito. Uma das lições da historinha acima é que a
percepção dos outros é fundamental para sua sobrevivência: ser notado e
considerado indispensável. Sua função é de "rotinas"?
Proponha
inovações, encontre meios mais rápidos e eficazes de desempenhar as tarefas,
gere economia e produtividade.
Você já faz isso?
Zele para que os resultados
alcançados sejam creditados a você, não tenha medo de se expor.
Aja sempre como
se houvesse um canibal interessado em você. Porque provavelmente já há.
Artigo de autoria de Simon M. Franco,
publicado na Edição 801 da Revista EXAME
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