quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A mistura que faz a diferença

Há alguns anos, ao ser convocado por um de meus clientes para uma conversa sobre um novo processo seletivo pelo qual íamos fazer para ele, fui surpreendido por um quase desabafo. Meu cliente, já desolado, reclamava sobre os constantes desligamentos que vinham acontecendo entre os funcionários mais jovens da empresa. Como esses profissionais não foram colocados pela minha empresa, eu não tinha muitos subsídios para entender o que acontecia, por isso, pedi que ele me explicasse o que eles faziam e como eles eram contratados. 

Foi assim que ele me explicou que esses jovens eram, na maioria das vezes, indicações de uma empresa que terceiriza mão de obra, e que, por conta disso, grande parte dos funcionários eram muito imaturos. Gilberto me explicou ainda que alguns desses profissionais, inclusive, passavam pela primeira experiência de trabalho e, com isso, precisavam aprender não só o trabalho em si, como outras questões do mundo corporativo. 

Antes que ele continuasse, expliquei que, estatisticamente, quanto mais jovem um profissional, mais infiel à empresa ele é. Apesar de possuírem grande disposição e de parecerem se encaixar em qualquer tipo de emprego, pontos favoráveis para sua contratação, o jovem profissional possui uma série de contrapontos que deveriam ser considerados pela empresa, para evitar futuras surpresas desagradáveis. Gilberto investia em treinamento para deixar esses profissionais no ponto para atender sua empresa, mas, antes que o investimento pudesse ser sanado por seus retornos, esses profissionais pediam demissão, deixando prejuízos enormes.

 Foi assim que o fiz entender os benefícios de contratar pessoas mais experientes. No caso das necessidades dele, o ideal seriam profissionais com uma idade um pouco mais avançada, que ponderam mais em suas decisões e que não precisam de tantos treinamentos. Sendo assim, ele precisaria dispor de salários melhores, afinal, nesses casos, quanto maior a faixa etária, maior a faixa salarial. Não é regra, mas seria o mais adequado no caso da empresa dele. 

Gilberto aceitou o desafio e para substituir os últimos três desligamentos, pediu que minha empresa buscasse profissionais mais experientes. Com isso, subiu a faixa salarial e, consequentemente, as atribuições dos cargos foram incrementadas. Já que ele disporia de melhores benefícios, era justo que ele recebesse mais retornos dos profissionais. 

Considero o trabalho que fizemos para Gilberto um dos nossos melhores cases de sucesso. Hoje, cinco anos após esse ocorrido, os três profissionais que colocamos na época continuam com ele. Nesse meio tempo, já se desenvolveram, foram promovidos e dão excelentes resultados para a empresa. Gilberto conta que ainda contrata jovens para sua empresa, mas, ao invés de tratá-los como antes, criou um pequeno programa de trainee para desenvolver esses talentos e deixá-los com a experiência necessária para atender a empresa futuramente. 

As expectativas depositadas nesses jovens hoje são diferentes do que ele esperava daqueles jovens de anos atrás. Com isso, as decepções são amenizadas e, o principal, os prejuízos não acontecem, já que tudo está planejado. E, o mais curioso, esse programa de trainee foi criado por um daqueles três profissionais de cinco anos atrás.

De lá pra cá, minha consultoria já o atendeu inúmeras vezes. Porém, conosco ele sempre busca os profissionais mais experientes, os verdadeiros talentos, pois sabe que para esses a atenção deve ser um pouco diferenciada. 


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