Acredito que uma das maiores qualidades de um
profissional, quando exerce o papel de fornecedor, é entender se seu cliente
realmente precisa daquele produto/serviço, para, enfim, vendê-lo. O erro de
muitos profissionais que trabalham na área comercial é querer empurrar para as
pessoas aquilo que elas não precisam, mas ainda não se deram conta disso. Certa
vez, um cliente me chamou para solicitar um serviço de outplacement, onde
assessoramos o profissional após o seu desligamento da empresa, com o objetivo
de desenvolvê-lo e melhor prepará-lo para uma possível recolocação.
O profissional desligado era Mariano, um profissional da área de TIC que, sozinho, comandava tudo relacionado à tecnologia da informação e comunicação. Bruno, Gerente de RH de um cliente nosso, alegava que há algum tempo Mariano vinha apresentando uma queda drástica na qualidade de seu trabalho, além de não conseguir entregar seus projetos nos prazos estipulados. Por conta disso, Bruno nos pediu o Outplacement, além de solicitar que buscássemos um substituto para Mariano. Ao mapear o perfil do profissional que deveria ocupar seu lugar, Bruno desatou a enumerar uma série de tarefas e grandes projetos que o novo profissional iria assumir. Achei o volume de responsabilidades desproporcional ao cargo e o interrompi com algumas perguntas.
Foi então que entendi o que havia acontecido com Mariano. Quando contratado, o profissional fora designado a desenvolver um tipo de tarefas e um determinado número de projetos. Com o tempo, foram surgindo novas tarefas e grandes projetos, na minha opinião demasiados, para que ele pudesse executar sem a ajuda de ninguém, já que não possuía uma equipe. O resultado disso foi muito óbvio, uma diminuição na qualidade de seu trabalho. Quando Bruno relatou a necessidade de demitir o profissional, não citou os motivos disso. Mas, ao detalhar o que havia acontecido com Mariano, ficou claro para mim que demiti-lo não seria a melhor opção.
Perguntei, então, se havia algum outro motivo que o fazia optar pela demissão e Bruno respondeu que, na verdade, gostava muito do profissional. Achava-o responsável, com ótimo relacionamento com as demais pessoas da empresa e, ainda por cima, com capacidades dificilmente encontradas em outros profissionais. Disse, ainda, que optar por demiti-lo foi uma decisão difícil, porém, necessária.
Interpelei o Gerente de RH, antes que ele falasse mais besteiras. Demitir não pode ser a melhor opção. Nenhum gestor gosta de demitir, ainda mais quando o profissional apresenta tantas qualidades. Expliquei a ele o que, para mim, parecia muito óbvio. Mariano precisava, na verdade, de uma equipe. Pessoas de qualidade que pudessem auxiliá-lo na execução das tarefas mais operacionais e, principalmente, na criação de soluções para os grandes projetos que a empresa demandava.
Bruno não entendeu o porquê de eu ter sugerido tal ação, já que isso implicaria em gastar menos comigo. Realmente, para mim seria mais vantajoso vender dois produtos, ao invés de um, e, com isso, ganhar mais. Porém, meu compromisso com Bruno era maior do que isso. Preferia, mil vezes, atender a real necessidade dele do que apenas faturar por faturar.
O Gerente seguiu meu conselho e confiou à minha empresa a responsabilidade de encontrar um profissional tão bom quanto Bruno para que, assim, eles pudessem montar uma forte área de TIC. Pouco mais de seis meses após a contratação de Isabela, Bruno me convidou para conhecer a nova estrutura de tecnologia da empresa. Impressionante como houve sintonia entre Mariano e Isabela. Os dois, juntos, implantaram, em menos de um semestre, uma série de projetos dignos de causar inveja a qualquer grande empresa.
Fico feliz e aliviado em saber que pude atender a um cliente, não só com o fornecimento de um bom serviço, mas também com a conscientização do que realmente era necessário para ele naquele momento.
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