Todo ser humano estabelece na vida algumas relações e
alguns papéis. Somos filhos, irmãos, pais, maridos ou esposas. Somos
empresários ou empregados, somos amigos e parentes de muitas outras pessoas.
Todas essas relações normalmente têm um começo, um desenrolar, uma história e,
muitas vezes, um fim. Nossos sentimentos e comportamentos em relação a cada um
desses papéis divergem bastante, mas normalmente têm uma essência de nós, uma
natureza que acaba se repetindo de alguma maneira em cada papel ocupado.
Todas as rupturas que acontecem em nossa vida causam
sentimentos de perda e, por consequência, fases onde temos de lidar com uma
nova realidade. Quando somos demitidos não é diferente. Aquele vínculo, muitas
vezes estabelecido por muitos anos, é cortado por nossa vontade ou por vontade
da organização. Na verdade, depois de algum tempo, quem iniciou o “desfazer” do
vínculo já não importa mais, pois o que fica são os sentimentos com os quais
temos de lidar.
Muitos profissionais pensam que somente as pessoas da
categoria “empregados” podem passar por uma demissão. Mas, nesses anos todos da
minha experiência lidando com esse tema, tenho percebido que, na verdade,
qualquer um pode ser de alguma forma “demitido”. Já vi muitos empresários,
donos do próprio negócio, passarem por sentimentos muito similares aos dos
profissionais do mercado, quando suas empresas não dão certo e por isso são
obrigados a fechar as portas. Eles passam um tempo se perguntando onde erraram,
o que poderiam ter feito diferente. Passam pela mesma curva de comportamentos,
que vai desde a negação, rejeição, até a aceitação e a nova performance.
Acho que o mesmo sentimento acontece no divórcio, por
exemplo. De alguma maneira um dos cônjuges diz: “não quero mais, acabou”. As
relações são diferentes, talvez as implicações também sejam, mas os sentimentos
envolvidos são similares.
Não creio que exista uma fórmula secreta para se passar
melhor por essas situações de perda. Mas sei que quanto mais rápido nossa
autoestima “se levantar”, maiores serão nossas chances de que a situação volte
ao normal de alguma forma. Esse é um movimento que vem de dentro para fora. As
pessoas o vivem de forma diferente, em um ritmo diferente e se recuperam também
por meio de coisas diferentes. Freud dizia que nada melhor para curar um “luto”
do que um “objeto” que substitua o “objeto” perdido. Em muitas dessas situações
depende mais, ou menos, de nós a substituição do “objeto” perdido.
O mais importante aqui é lembrar que afinal, somos
seres humanos e que seremos de uma forma ou de outra impactados por essa perda.
Mas também é importante ressaltar que podemos dar uma forcinha para nós mesmos.
Como fazer isso? Fazendo com que a perda tenha uma resposta de solução mais
rápida e as autoacusações e os pensamentos de baixa autoestima possam ser
substituídos por afirmações mentais positivas.
O policiamento mental é fundamental. Somente cada um de
nós pode exercê-lo, uma vez que Deus nos deu a capacidade maravilhosa da
liberdade de pensarmos o que quisermos. Não controlamos os fatos que acontecem
em nossas vidas, mas com certeza podemos controlar as atitudes que temos em
relação a eles. Portanto, dependerá de nós o encurtamento dessa fase de perda e
o enxergar de novas possibilidades.
No final, o que sempre percebemos é que o novo traz
possibilidades e a capacidade de inovar que talvez estivesse “dormindo” dentro
de nós. Muitas vezes, a mudança não acontece quando somos os únicos
responsáveis por ela.
Por Elaine Saad, especialista em Recursos Humanos.
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