quinta-feira, 24 de julho de 2014

COMPETIVIDADE E EXCELÊNCIA PESSOAL

Acredito que foi com minha mãe, de forte formação católica que aprendi desde bem cedo que uma virtude desejável em nós aos olhos de Deus seria a capacidade de pensar antes no outro do que em si mesmo. Em nossa casa simples em um bairro pobre próximo ao porto de Rio Grande as latas de compota de pêssego ficavam numa prateleira bem alta, onde meu irmão e eu em nossa dimensão de criança víamos com grande distanciamento. E elas ficariam lá por longo tempo, até que chegasse uma visita para que fossem abertas e só se sobrasse experimentaríamos o seu sabor. Para o outro sempre o melhor lugar num sinal de cordialidade e humildade.

Ao chegar à vida escolar, obter destaque com o primeiro lugar na classe parecia normal, não sabia que estar em primeiro lugar poderia significar não pensar no lugar do outro. Simplesmente não considerava e nem imaginava tal classificação e, portanto, não havia constrangimento ou preocupação – Aprender coisas novas era apenas divertido. Porém, ao adentrar nas quadras de esporte ou participar de quaisquer jogos de competição, a ideia de buscar deliberadamente passar o outro – competir – era avassaladora e paralisante.

Vim descobrir, anos mais tarde, com o precioso auxílio da psicoterapia que um conflito ali se instalava... Mais e mais busca de autoconhecimento para um dia, pasma, me deparar com a hipótese de que, ceder o melhor lugar ao outro, mais (ou menos) do que uma crença decorrente da necessidade de aprovação poderia revelar um sinal de vaidade. Ora, só dá aquele que tem para dar, se dou é porque tenho e o outro não tem, logo, sou melhor do que outro... Alguns dias de silenciosa introspecção para examinar, digerir e assimilar o que poderia haver de verdade em tal descoberta. E outros milhares de dias para prestar atenção em mim mesma e buscar encontrar o ponto de conforto leal e verdadeiro entre o outro e eu nas ações práticas do dia-a-dia.

Um “Workshop” de final de semana em 1998, 
 - “Trilhas Profissionais na Era Digital*” trouxe-me mais uma peça nesta busca: “Todos nascemos com algumas competências essências (uma espécie de “kit existencial” que recebemos do universo para dar conta de nossos desafios) que precisamos identificar em nosso processo de autoconhecimento e, uma vez identificadas estas competências, usá-las ao nosso favor é o que nos compete fazer. Simples. Quando fazemos o que nos compete fazer, somos competentes. E se somos competentes, somos naturalmente competitivos no mercado de trabalho!

Atualmente na condição de consultora de recursos humanos, trabalho diariamente com as chamadas competências para o mercado de trabalho. E dentre as competências mais procuradas, a chamada “Excelência Pessoal” é uma pepita rara a ser garimpada entre centenas de candidatos a uma determinada vaga. E em que consiste esta raridade – “Excelência Pessoal”? Trata-se de um conjunto de evidências de que a pessoa, no caso o candidato, busca auto-aprimoramento todos os dias em todos os sentidos de sua existência. E o que é, na prática, esta busca constante de melhorar a si mesmo, de se auto-aprimorar em todos os sentidos todos os dias?

Excelência Pessoal, a prática constante e diária do auto-aprimoramento é a mais benéfica e saudável forma de competitividade. É a competitividade dos campeões. É a competitividade de quem compete consigo mesmo todos os dias e se diverte, muito, em vencer a si mesmo todos os dias.

É a competitividade de quem sente o coração palpitar de alegria por conseguir fazer melhor à tarde o que fez pela manhã pelo simples prazer de descobrir que seu limite não estava ali onde parecia estar, ou que estava, mas foi vencido, que agora está mais além e amanhã... Bem amanhã veremos...

Excelência Pessoal é a prática diária de quem acredita que a vida é preciosa e por isso mesmo muito curta em sua inestimável grandeza, e, portanto, não tem um minuto sequer a perder. É a prática de quem não tem pressa de chegar porque sabe que a vida é eterna e belo é o caminho, mas que pode dar saltos em distância e em altura só para descobrir que pode porque a vida permite e é maravilhoso experimentar e descobrir que pode mais. É a prática de quem convida a todos em volta a competir a boa competição porque se um pode todos podem, é só sentir o chamado e começar a experimentar!

No mundo do trabalho buscar a excelência pessoal, além do natural e razoável preço a pagar em termos de empenho, disciplina e constância, significa também que possivelmente você se destacará da grande maioria. E se destacar da grande maioria significa que você também precisará desenvolver a sabedoria da interação, pois muitas pessoas vibram junto e passam a se movimentar mais positivamente, outras tantas simplesmente acham admirável e aplaudem, é necessário saber lidar com isto também, e outras ainda se sentem muito desconfortáveis e se expressam de diferentes maneiras... Confesso que algumas vezes sofri por ser acusada de querer ser mais do que o outro (e às vezes ainda esse outro era uma pessoa bem amada e querida por mim...) quando na verdade estava mesmo era querendo superar a mim mesma até por acreditar que este é, além de um prazer, também um dever de todo o que nasce... Porque se nascemos é para crescer e se crescemos é para servir...

Daí a grandeza de se trabalhar em empresas que cultivam a excelência. A possibilidade de interagir em equipes campeãs, onde todos competem todo o dia consigo mesmo e todo o time ganha. É a chamada Sinergia, onde a excelência de um mais um é bem maior do que a soma de todos.

Hoje me deparo com a radiante alegria de saber que sou e posso ser altamente competitiva.
  Que posso buscar a condição de excelência em tudo o que fizer porque que esse é um direito e um dever de quem acredita que a vida é uma dádiva preciosa e que fazer o melhor é bem pouco diante desta visão. E mais, que com uma visão um pouquinho crítica posso perceber o quão longe me encontro do ideal sob qualquer ângulo, ainda que o empenho constante me coloque em posições mais favoráveis do que a média em alguns aspectos. E ainda, que saber o quanto estou longe é só mais um fator motivador para me encantar com o caminho de buscar. Posso e devo buscar a excelência mesmo que esta prática possa causar algum desconforto em alguém ao meu redor. Posso porque mais cedo ou mais tarde esse alguém descobrirá que o possível desconforto também é um chamado e que vale a pena!  Um chamado para aprender a competir com nossos próprios limites pela alegria de vencê-los e descobrir que isto é bom primeiro para si mesmo, mas também é bom para o outro, para a empresa onde estamos inseridos e em ondas, pela força do exemplo para a sociedade em que vivemos e bem mais além.

É sabido que as pessoas que mais se destacam em seu meio de atuação freqüentemente são também as que mais são felizes e se divertem com o que fazem. Que sejamos todos campeões, que possamos nos divertir mais, que o trabalho seja mais leve e mais rico de significados e que o ambiente de trabalho seja mais humano e competitivamente saudável. 

Buscar a excelência e ser campeão de si mesmo também é gostar de começar tudo novo de novo, só para fazer melhor... Vamos começar?
    
Fonte: http://www.vitoriahumanarh.com.br/artigo.php?id=24

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