Embora a minha
especialidade seja empreendedorismo, nos últimos anos tenho procurado evitar
essa palavra em certos círculos. Não só porque o termo se vulgarizou com a
excessiva exposição na mídia, mas também porque a minha visão do empreendedor
vai além do negócio próprio. Meus alunos e colegas já sabem que, para mim, o
empreendedor é mais do que aquele que abre um negócio. O empreendedor é aquele
que assume as rédeas de sua vida e de sua carreira, seja por meio de um negócio
próprio, de um projeto dentro de uma empresa existente ou de uma iniciativa
social.
Um nome melhor do que empreendedor para caracterizar essa pessoa
é protagonista. De origem grega, a palavra significa ser o primeiro (prótos) a
agir (agon) e remete a tudo o que o empreendedor é, acrescido das
características de liderança e sem estar diretamente relacionado com o negócio.
Protagonistas são pessoas conscientes que assumem o papel de
agentes transformadores de alto impacto, que construirão um futuro com mais
significado, mais propósito e mais harmonia. Protagonistas possuem a capacidade
de mobilizar dos líderes e a capacidade de realizar dos empreendedores. Sabem
organizar e direcionar o uso de recursos para explorar todo seu repertório de
conhecimento, experiência e habilidades, construindo um legado de relevância.
Protagonistas são abertos e curiosos. Usam suas bagagens e
repertórios pessoais para descobrir seus próprios talentos e seu potencial,
direcionando suas paixões para se conectar com o mundo e compreender o todo.
Eles são autoconfiantes o suficiente para saber que não precisam
estar ‘a frente de’, mas ‘junto de’. São maduros o suficiente para tomar
decisões que privilegiem o todo, e não só o local. São conscientes o suficiente
para posicionar cada ação dentro de uma visão de futuro.
Eles são incompletos e sempre se sentirão incompletos, sempre famintos, sempre sedentos. Eles sabem que as pessoas que se sentem completas e realizadas param de crescer, de aprender, de construir, de evoluir. Eles sabem que só os incompletos não vão resolver os problemas do mundo sozinhos e sempre precisarão de outros, sempre precisarão buscar seu complemento no outro.
Eles são incompletos e sempre se sentirão incompletos, sempre famintos, sempre sedentos. Eles sabem que as pessoas que se sentem completas e realizadas param de crescer, de aprender, de construir, de evoluir. Eles sabem que só os incompletos não vão resolver os problemas do mundo sozinhos e sempre precisarão de outros, sempre precisarão buscar seu complemento no outro.
Eles são ingênuos e se orgulham de sua ingenuidade, pois sabem
que é assim que se pode sonhar com o impossível e tornar o impossível uma realidade,
e que seus erros e tentativas serão perdoados. Só os ingênuos têm a capacidade
de se encantar e se surpreender com suas descobertas. Para os protagonistas,
não existe esperança onde existe certeza, pois a certeza leva à soberba e à
arrogância que impede o crescimento.
Eles são equilibristas. Vão buscar sempre o equilíbrio entre a
individualidade e a coletividade, entre o cosmo e o átomo, entre a ação e a
reflexão, entre o coração e o cérebro, entre o caos e a ordem, entre o muito e
o pouco, entre o certo e o errado, entre o sucesso e o fracasso, entre o
autoritarismo e a democracia, entre a construção e a destruição, entre o falar
e o ouvir.
Eles são polifônicos: ouvem todas as vozes para atingir a
harmonia, estimulam a diversidade para que ideias se choquem e se digladiem,
coexistindo e interagindo em igualdade de posições, com o único propósito de
prover um senso de identidade e significado ao longo do tempo.
Há cinco pilares que caracterizam os protagonistas.
1. Presença É a atitude ‘mindfulness’, ou seja, parar e estar presente, em
um estado mental de concentração no momento e lugar atuais, numa atitude aberta
e não julgadora. Estar sintonizado com o que acontece a sua volta, integrado e
alinhado com pessoas, ambiente e coisas. Protagonistas são focados, sabem ler o
ambiente e concentram suas energias para entrar no estado de espírito adequado
às suas percepções.
2. Autonomia Protagonistas tomam a iniciativa, não esperam ser mandados. Eles
são pró-ativos, pois têm a clara noção de que o destino deles é criado por eles
e ninguém mais. Não esperam a sorte cair do céu, não ficam lamentando o que
acontece de errado na vida deles, nem chorando a falta de oportunidades.
Protagonistas criam suas oportunidades, agem para alcançar o que querem.
3. Significado É ter um propósito, mais do que um objetivo. É dar um sentido a
tudo o que se faz. Para o protagonista, nada acontece por acaso, tudo tem um
propósito. Suas ações e decisões visam sempre construir algo maior, uma visão
de futuro que remete à sua missão de vida, uma motivação forte por trás de tudo
o que faz. Ter um forte propósito funciona como combustível, que alimenta a
determinação e a perseverança.
4. Empatia A capacidade de se enxergar no outro, ler o outro e interagir de
forma a estabelecer vínculos significativos. O protagonista sabe que não vai
construir nada de relevante sozinho e por isso ele precisa de pessoas para
construir juntos, combinando competências e habilidades. Para constituir este
conjunto de habilidades, competências e conhecimentos, o protagonista precisa
saber construir laços relevantes e perenes.
5. Audácia Ir até os limites e superá-los. O protagonista tem plena noção
que é um ser em formação, sempre aprendendo, sempre se desenvolvendo. E, para
isso, a cada oportunidade procura ampliar seus limites, vencendo barreiras,
superando obstáculos e crescendo a cada evento, a cada episódio que proporcione
um avanço na sua formação. Isso significa também correr riscos, sair da zona de
conforto e enfrentar seus medos.
Para saber se você está desenvolvendo seu protagonismo, pergunte
a si mesmo, cada vez que a vida propor que faça algo diferente, ou que
apresente alguma situação inusitada.
a. Até que ponto me engajei de corpo e alma nesta atividade/ação? (Presença)
b. Como eu exerci o meu livre-arbítrio nessa atividade? (Autonomia)
c. Que valor estou criando? (Significado)
d. Como eu interagi com as outras pessoas? (Empatia)
e. Até onde consegui avançar meus limites pessoais? (Audácia)
a. Até que ponto me engajei de corpo e alma nesta atividade/ação? (Presença)
b. Como eu exerci o meu livre-arbítrio nessa atividade? (Autonomia)
c. Que valor estou criando? (Significado)
d. Como eu interagi com as outras pessoas? (Empatia)
e. Até onde consegui avançar meus limites pessoais? (Audácia)
Ser um protagonista em sua vida é necessário para qualquer pessoa,
que segue qualquer carreira, em qualquer momento da vida, não só para
empreender, mas também para direcionar nossas vidas e gerar algum impacto
positivo na sociedade e no ambiente.
Por Marcos Hashimoto
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