O verdadeiro e o falso
por vezes caminham lado a lado.
E, em algumas situações, uma determinada informação poderia ser
classificada, ao mesmo tempo, como falsa e verdadeira.
É o caso, por exemplo, de uma suposta carta que o presidente
americano Abraham Lincoln teria escrito no ano de 1830 para um professor de seu
filho.
Como muitas outras informações que circulam pela Internet e que
atribuem a autoria de uma reflexão a determinada personalidade famosa, a
autenticidade dessa carta não passa pelo crivo de uma investigação mais
criteriosa…
Como ele poderia ter escrito ao professor de seu filho
se, nessa altura, não tinha filho? Lincoln tornou-se pai após ter se
casado com Mary Todd, em 1842.
Roger Norton, professor de história e profundo conhecedor
da biografia do 16° presidente dos Estados Unidos possui mais de
280 livros de Abraham Lincoln, incluindo “As Obras Completas de Abraham
Lincoln”, e afirma que a tal carta não é mencionada em nenhum deles.
Não há fonte segura para dizer que a carta seja de sua autoria.
Segundo o professor, é uma belíssima carta, mas não foi Lincoln quem a
escreveu.
Ou seja, sob a perspectiva de sua autenticidade, a carta é uma
informação falsa.
Entretanto, sob a perspectiva de seu conteúdo, essa carta é
absolutamente verdadeira…
Uma reflexão maravilhosa e profunda sobre a importância dos
valores na educação de uma pessoa.
Uma proposta de filosofia de vida, para pensarmos e repensarmos
os nossos conceitos.
Segue abaixo o conteúdo da carta:
“Caro professor, sei que ele terá de aprender que nem todos os
homens são justos, que nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que,
para cada vilão há um herói e que para cada egoísta, há um líder dedicado.
Ensine-lhe, por favor, que para cada inimigo haverá também um
amigo, e ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada.
Ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória.
Afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do
sorriso silencioso.
Faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se
com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota
honrosa vale mais que a vitória vergonhosa.
Ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os
duros, e ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os
outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir
sozinho.
Ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por
vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só
contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o
verdadeiro aço. Deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser
corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois
só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro
professor”.
Ao que tudo indica nunca saberemos o verdadeiro pai que fez esse
sublime pedido ao professor de seu filho.
Entretanto, temos a oportunidade de aprender muito com essa
carta falsa, mas absolutamente verdadeira!
Um forte e carinhoso abraço.
Flávio Lettieri
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