Há cinco circunstâncias em que o silêncio faz projetos
naufragar. Para Joseph Grenny, conversas cruciais não podem ser evitadas. Veja
razão.
Existem cinco situações que, quando não abertamente discutidas, tendem a levar
qualquer iniciativa ao fracasso. São questões cruciais, portanto. Elas são
abordadas nos livros Crucial Confrontations (ed. McGraw-Hill) e Conversas
Decisivas (ed. Campus). Um dos seus autores é Joseph Grenny, que também é
fundador da Vital Smarts, empresa de desenvolvimento organizacional que, em
parceria com a The Concours Group, realizou o estudo Silence Fails: The Five
Crucial Conversations for Flawless Execution. O objetivo era investigar os
porquês das derrocadas de projetos e, para isso, mais de 2 mil iniciativas de
US$ 10 mil a US$ 1 bilhão foram analisadas.
O relatório da pesquisa salienta que as tecnologias e os sistemas de gestão de
projetos evoluíram bastante nas últimas décadas. No entanto, pelo menos dois
terços deles não atingem os resultados esperados. Essa proporção poderia ser
melhorada, se nos dedicássemos mais às interações que, conforme lemos em
Conversas Decisivas, ocorrem entre duas ou mais pessoas em circunstâncias nas
quais os riscos são altos, as opiniões diferem e as emoções atuam fortemente.
Embora mereçam livros, palestras e pesquisas, as conversas cruciais fazem parte
do dia a dia de qualquer um de nós, mas têm alto impacto sobre nossas vidas. O
problema com tais trocas?
“Infelizmente, é da natureza humana escapar de discussões que possam nos
machucar ou piorar a situação. Somos mestres em evitar essas conversas
difíceis”, dizem os autores.
Quem nunca enviou um e-mail para esquivar-se do olho no olho?
As cinco barreiras
As cinco conversas cruciais para o sucesso de uma iniciativa são reflexo de
cinco obstáculos:
1. Planejamento sem fundamentação em fatos
O problema é enfrentado por 85% dos líderes de projetos, segundo o estudo
Silence Fails, que entrevistou mais de 1.000 pessoas de 40 empresas de diversos
setores nos Estados Unidos.
Os parâmetros dos projetos, como prazos e orçamentos, frequentemente não são
definidos pelos próprios líderes da iniciativa, e sim por outros
executivos.
Com o tempo, as pessoas começam a fraudar o orçamento e, se o líder não tiver
uma conversa franca com a equipe e passar a se comprometer com estimativas que
sabe ser irreais, a probabilidade de fracasso é alta.
Mais de 90% dos líderes de projetos consideraram essa questão difícil ou
impossível de ser abordada.
2. Patrocinador ausente
Esse é o problema de 65% dos líderes de projetos: falta de apoio real em
instância superior. A equipe, então, expõe-se muito e não tem poder para
implantar a iniciativa.
Não raro, patrocinadores (sponsors) que deveriam entrar em batalhas políticas
deixam os líderes se defendendo sozinhos.
Dentre os participantes da pesquisa, 88% dizem que conversas cruciais a esse
respeito são difíceis, quando não impossíveis.
3. Prioridades ignoradas
A alta administração ou poderosos stakeholders podem ignorar processos formais
de decisão, planejamento e definição de prioridades, como acontece a 83% dos
líderes de projetos entrevistados.
Afinal, não querem considerações práticas acerca do que têm em mente.
São, então, aprovados projetos para os quais não há recursos e a equipe não
entrega o resultado almejado. Sua motivação é negativamente afetada.
Mais de dois terços dos entrevistados consideram uma discussão em torno desse
tema difícil ou impossível.
4. Covardia
Ocorre quando líderes de projetos ou membros de equipe deixam de comunicar
riscos detectados, como escassez de material e necessidade de prazo maior para
entrega dos resultados.
Mais da metade dos líderes revelaram que enfrentam esse problema regularmente.
Quando alguém se omite e espera que outro se manifeste antes, para ser culpado
pelo problema, está sendo covarde.
Quando os líderes agem assim, o status e a revisão do projeto se tornam
brincadeira.
Todos, nervosos e calados, veem o projeto naufragar.
Uma conversa crucial dessa natureza é difícil ou impossível para 13% dos
líderes de projetos entrevistados.
5. Erros na equipe
Dentre os líderes de projeto pesquisados, 80% enfrentam essa barreira.
Eles geralmente têm mais responsabilidade do que autoridade, pois tentam
liderar grupos multifuncionais com pouca ligação hierárquica direta.
Resultado:
membros da equipe não comparecem às reuniões, não seguem a programação ou
carecem de competência para atingir objetivos ambiciosos.
Eles não podem ou não querem participar e apoiar o projeto. Sem autoridade, os
líderes deixam de tratar o problema. Conversar sobre isso é difícil ou
impossível para 76% deles.
O silêncio fracassa, como o título da pesquisa indica.
Às vezes, contudo, precisamos de estatísticas para nos apontar o que, no fundo,
constatamos o tempo todo e está na epígrafe do primeiro capítulo de Conversas
Decisivas:
“O vazio gerado pela falta de comunicação é logo preenchido por
veneno, bobagem e distorção” –são palavras do escritor britânico Cyril
Northcote Parkinson.
Referências bibliográficas
GRENNY, J. et al. Crucial Conversations: tools for talking
when stakes are high. Nova York: McGraw-Hill, 2002.
VITAL SMARTS e THE CONCOURS GROUP. Silence Fails: The Five Crucial
Conversations for Flawless Execution. Provo: 2006.
Por
Alexandra Delfino de Sousa, administradora de empresas e diretora da
Palavra-Mestra
Fonte: http://www.hsm.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário