Para ser valorizado, você precisa ser maior do que o
próprio cargo
A cena se repete. O profissional está num processo de
seleção no qual são exigidas diversas qualificações. Ele é aprovado, começa a
trabalhar na empresa e descobre que nada do que foi exigido antes será usado no
seu dia-a-dia.
O exemplo clássico é o conhecimento de línguas
estrangeiras. Muitas organizações exigem que o candidato a uma vaga saiba
inglês ou espanhol, mas esses idiomas nunca são necessários na atividade para a
qual ele é contratado.
Esse tipo de situação gera desconforto. As empresas
parecem querer pessoas superqualificadas para desempenhar funções que não
requerem grandes qualificações.
Esse desconforto atinge todos os tipos de profissional.
Os que têm as qualificações exigidas podem ficar frustrados ao perceber, após a
contratação, que elas não eram indispensáveis. Os que não as têm reclamam do
excesso de exigências. Afirmam que têm as competências necessárias para a vaga
em disputa, mas são injustamente afastados de qualquer chance.
Para desfazer essa ambigüidade, é preciso que tenhamos
consciência de que a avaliação de um candidato não se restringe mais às
habilidades específicas do cargo ocupado.
Um profissional que domina uma língua estrangeira, tem
pós-graduação ou possui especializações é sempre mais valorizado, mesmo que
essa língua, pós-graduação ou especialização não tenham relação direta com seu
trabalho. Isso porque esses conhecimentos aparentemente excedentes indicam que
se trata de alguém com capacidade de aprendizado, interesse no
autodesenvolvimento e maior amplitude de visão.
O mesmo vale para quem já está empregado. É comum a
queixa de subaproveitamento por parte de profissionais que sabem muitas coisas
que não usam diretamente em seu trabalho. No entanto, se não possuíssem esse
excedente de saber, essas pessoas provavelmente não estariam ocupando aquele
cargo. É por saberem mais do que o necessário que elas se mantêm empregadas.
Uma organização moderna precisa desses excedentes de
saber. O profissional também. Essas reservas de conhecimento constituem uma
energia potencial acumulada. É isso que permite à empresa reagir prontamente a
novos cenários e a novos desafios, que surgem cada vez com mais freqüência.
Essa reflexão nos propõe um desafio. Qual é nosso
tamanho em relação ao cargo que ocupamos? Em quanto nós conseguimos exceder as
exigências de nossa função atual?
Ao contrário do que parece, se nós somos perfeitamente
adequados, se preenchemos exatamente aquilo que é necessário, sem nenhuma
sobra, já entramos perigosamente na região da insuficiência.
Buscar a excelência -- e, antes disso, a
competitividade no mercado -- significa possuir sempre mais habilidades do que
o necessário, saber sempre mais do que o suficiente. Em outras palavras, ser
sempre melhor do que o cargo que ocupamos, seja qual for o nível dentro da
estrutura empresarial. Pois os profissionais perfeitamente adequados nunca são
lembrados para subir na carreira. São, também, mais facilmente substituíveis
por outros profissionais igualmente conformados com os limites de seus cargos.
Artigo de autoria de Simon M. Franco, publicado na
Edição 812 da Revista EXAME
Bom dia!
ResponderExcluirEntendi o conteúdo do artigo, mas também visto a isso, temos mais funcionários desmotivados, maior desigualdade entre a população, pois quem tem $$ tem mais facilidade para fazer uma viagem ao exterior, conhecer novas línguas... por exemplo eu trabalho desde os 16, sustento minha casa com pai e mãe desde os 22, consegui fazer minha faculdade aos 28.
Garanto que este caso é o da maioria da população, ocupo um cargo onde vejo o salário do mercado é 30% maior do que recebo, mas nas empresas de maior rentabilidade são exigidos atributos que não e nunca serão utilizados, como experiência no exterior ou fluência em língua estrangeira, talvez seja para conversar com o computador de uma marca diferente?
Como eu disse entendi o conceito de seleção natural, mas este caso está, também, diretamente ligado à desmotivação e "prostituição" do mercado.
Ótimo blog!!!!