Às vezes eu colocava minhas mãos rosadas de menina sobre eles, para protegê-los do sol, enquanto permaneciam em sua concha improvisada, como se isso pudesse convencê-los a voltar à vida ativa mais rapidamente. Com as mãos estendidas, disfarçadas de telhados, eu imaginava que magicamente pudesse transmitir-lhes coragem e confiança em minhas boas intenções. A gente cresce. Hoje já não brinco mais com tatus-bola, na verdade já faz muito tempo que não vejo um... será que se extinguiram? Ou será que a minha vida de adulta afastou os meus olhos dos cantos encantados onde se escondem as doces criaturinhas? Mas eu ainda penso muito neles, penso sim. Toda vez que algo difícil me acontece e tenho vontade de fugir do mundo, me lembro dos tatuzinhos. Toda vez que vejo alguém fechado em si mesmo, me vem à mente aquelas bolinhas fechadas, bichinhos assustados que buscavam proteção. A vida às vezes é áspera. Nos pega de sopetão, frustra nossos sonhos mais singelos, fere a nossa pele, rasga nosso coração. A vida às vezes é abrupta e assustadora e faz você perder o chão, eu sei. Passamos por momentos de perdas, de dor e de confusão. E nesses momentos, mesmo sabendo que também fazem parte da vida lindos dias de céus recheados de estrelas e vagalumes... Ainda assim, muitas vezes, temos vontade de sumir de tudo, fechar as janelas, apagar a luz. Temos vontade de nos encolher bem quietos, como faziam os tatuzinhos da minha infância. Todo mundo se sente assim de vez em quando, não ache que só acontece com você! O importante nesses momentos é encontrar o equilíbrio entre a necessidade lícita de nos proteger e a atitude corajosa de nos abrirmos e voltarmos à vida. De novo, de novo e de novo. Mesmo com os joelhos ralados depois de tantas quedas... precisamos ser capazes de voltar à vida, quantas vezes forem necessárias (não serão poucas). Essa disponibilidade de renascer é o que faz a diferença entre as pessoas que mantém seu brilho e as que, infelizmente, permitem que o brilho se apague. Na verdade ele nunca se apaga completamente. Resta sempre uma chaminha, às vezes bem fraca, uma chaminha que continua ardendo à espera de um ar que lhe insufle nova vida. Ouça com atenção. Estamos aqui para viver. Estamos aqui, neste lugar maravilhoso e desafiador, para manter viva a nossa chama, até o final. Desafios virão. O tempo todo. Caberá a você escolher. Escolher entre desistir ou persistir. A escolha é sua. Sempre foi sua. Sempre será. Nisso você estará só, pois ninguém poderá escolher por você. Mas se você optar pela vida, acredite, muita ajuda virá. De onde você menos espera, surgirão mãos querendo te proteger do calor do sol. Mesmo que você nem as perceba, elas estarão lá. Momentos de reclusão podem ser necessários, momentos de retirada para que você recupere sua força e a confiança em si mesmo, nas pessoas, na vida... Como faziam os tatus-bola. Saiba respeitar esses momentos. Mas confie que existe em você uma força luminosa que irá aos poucos ajudá-lo a seguir pela vida, como faziam os tatuzinhos. Saiba arriscar abrir-se novamente. Tudo tem seu tempo. E lembre-se... A vida é como um vasto jardim, com infinitas flores e aromas a serem descobertos, riachos de água cristalina prontos a saciar sua sede e uma infinidade de deliciosas novas experiências a serem vividas. Saiba que, a cada queda, você terá a oportunidade de tornar-se mais sábio. Não desista. Fique firme. E aprenda! O máximo que puder. Quanto mais aprendemos, mais fácil levantar-se e seguir em frente. Não desista... Eu ficarei aqui com as mãos estendidas na sua direção através deste teclado, enviando força e encorajamento! |
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Desistir ou persistir? A escolha é toda sua - Patricia Gebrim
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