segunda-feira, 25 de abril de 2016

Atitude - Max Gehringer

Muitos funcionários já ouviram referências, positivas ou negativas, a algumas de suas atitudes. 

Tem gente que não consegue progredir na carreira porque não tem atitude. Tem gente que progride apesar das atitudes. E tem gente que usa a palavra como escapatória, como se ela fosse auto-explicativa, para não ter que dar maiores explicações.

Realmente, hoje em dia atitude é uma palavra abundante em sinônimos. Por exemplo:

De ‘decisão’: “Precisamos tomar uma atitude”.

De ‘comportamento’: “Não gostei nem um pouco dessa sua atitude”.

De ‘ação’: “São atitudes como essa que fazem um grande vendedor”.

De ‘determinação’: “O time voltou para o segundo tempo com mais atitude”.

De ‘posição’: “Ele está assumindo uma atitude preguiçosa”.

De ‘aceitação’: “Você precisa ter uma atitude menos crítica com relação à empresa”.

De si mesma: “Eu acho que tudo na vida é uma questão de atitude”.

De ‘sei lá’: “Ah, ela tem, assim, atitude, sabe?”.

Atitude é exatamente a mesma coisa que aptidão (a palavra original era ‘aptidude’). E significava ‘estar preparado, física e mentalmente, para executar uma tarefa’. 

O aluno que aprendeu a tabuada, e sabia multiplicar oito vezes nove, sem recorrer a uma calculadora, tinha uma atitude. Só que, aí, a palavra perde completamente o charme. Porque atitude dá a impressão de ser algo muito mais cósmico.

No Dicionário Houaiss, a primeira definição de atitude é “a maneira como o corpo (humano ou animal) está posicionado”. Atitude seria, portanto, a chamada ‘pose’ – e sei que muita gente concordará com isso. 

Na maioria dos casos, atitude é mais embalagem do que conteúdo. 

E, por falar em animais, o leão, por exemplo, é um que tem atitude. E, como todo chefe cheio de atitude, o leão vivia incomodado com os súditos que não mostravam atitude. Principalmente a tartaruga. 

E disse o leão: “Se você pensar bem, cara tartaruga, o ser humano nada mais é que um macaco que teve atitude. E veja onde ele conseguiu chegar na carreira”. Meia hora depois, a tartaruga moveu a cabeça, concordando.

E o leão continuou: “Não é que eu queira me gabar, mas veja o meu caso. Em minha casa, quem vai à caça é minha senhora, dona leoa. Além disso, ela cria nossos filhotes. O que eu sei fazer é rugir. Por isso, minha vida se resume a comer bem, a fazer sexo, e a dar ordens. Sabe por que? Porque eu tenho atitude”. E a tartaruga, após 45 minutos, assentiu. Já demonstrando impaciência com tamanha preguiça, o leão perguntou se a tartaruga tinha entendido o feedback.

E a tartaruga, uma hora depois, respondeu: 

“Sabe, Vossa Majestade? Eu não quero ser rei. Nem pretendo ser o mais veloz dos animais. Nem o mais bonito, nem o mais forte. Essa é a minha atitude: eu quero ser o que sou, e não o que os outros querem que eu seja. 

Eu já disse isso para o seu falecido bisavô. E, um dia, vou dizer para o seu bisneto”. E os dois ficaram se olhando, ambos convencidos de que o outro jamais entenderia o que é atitude. 

Do mesmo modo que alguns chefes e alguns subordinados se olham, todos os dias. Porque um sempre acha que atitude é o que já tem de sobra. E o outro sempre acha que atitude é o que está faltando.



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