Muitos funcionários já
ouviram referências, positivas ou negativas, a algumas de suas atitudes.
Tem
gente que não consegue progredir na carreira porque não tem atitude. Tem gente
que progride apesar das atitudes. E tem gente que usa a palavra como
escapatória, como se ela fosse auto-explicativa, para não ter que dar maiores
explicações.
Realmente, hoje em dia
atitude é uma palavra abundante em sinônimos. Por exemplo:
De ‘decisão’: “Precisamos
tomar uma atitude”.
De ‘comportamento’: “Não
gostei nem um pouco dessa sua atitude”.
De ‘ação’: “São atitudes
como essa que fazem um grande vendedor”.
De ‘determinação’: “O time
voltou para o segundo tempo com mais atitude”.
De ‘posição’: “Ele está
assumindo uma atitude preguiçosa”.
De ‘aceitação’: “Você
precisa ter uma atitude menos crítica com relação à empresa”.
De si mesma: “Eu acho que
tudo na vida é uma questão de atitude”.
De ‘sei lá’: “Ah, ela tem,
assim, atitude, sabe?”.
Atitude é exatamente a mesma
coisa que aptidão (a palavra original era ‘aptidude’). E significava ‘estar
preparado, física e mentalmente, para executar uma tarefa’.
O aluno que
aprendeu a tabuada, e sabia multiplicar oito vezes nove, sem recorrer a uma
calculadora, tinha uma atitude. Só que, aí, a palavra perde completamente o
charme. Porque atitude dá a impressão de ser algo muito mais cósmico.
No Dicionário Houaiss, a
primeira definição de atitude é “a maneira como o corpo (humano ou animal) está
posicionado”. Atitude seria, portanto, a chamada ‘pose’ – e sei que muita gente
concordará com isso.
Na maioria dos casos, atitude é mais embalagem do que
conteúdo.
E, por falar em animais, o leão, por exemplo, é um que tem atitude.
E, como todo chefe cheio de atitude, o leão vivia incomodado com os súditos que
não mostravam atitude. Principalmente a tartaruga.
E disse o leão: “Se você
pensar bem, cara tartaruga, o ser humano nada mais é que um macaco que teve
atitude. E veja onde ele conseguiu chegar na carreira”. Meia hora depois, a
tartaruga moveu a cabeça, concordando.
E o leão continuou: “Não é
que eu queira me gabar, mas veja o meu caso. Em minha casa, quem vai à caça é
minha senhora, dona leoa. Além disso, ela cria nossos filhotes. O que eu sei
fazer é rugir. Por isso, minha vida se resume a comer bem, a fazer sexo, e a
dar ordens. Sabe por que? Porque eu tenho atitude”. E a tartaruga, após 45
minutos, assentiu. Já demonstrando impaciência com tamanha preguiça, o leão
perguntou se a tartaruga tinha entendido o feedback.
E a tartaruga, uma hora
depois, respondeu:
“Sabe, Vossa Majestade? Eu não quero ser rei. Nem pretendo
ser o mais veloz dos animais. Nem o mais bonito, nem o mais forte. Essa é a
minha atitude: eu quero ser o que sou, e não o que os outros querem que eu seja.
Eu já disse isso para o seu falecido bisavô. E, um dia, vou dizer para o seu
bisneto”. E os dois ficaram se olhando, ambos convencidos de que o outro jamais
entenderia o que é atitude.
Do mesmo modo que alguns chefes e alguns
subordinados se olham, todos os dias. Porque um sempre acha que atitude é o que
já tem de sobra. E o outro sempre acha que atitude é o que está faltando.
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