terça-feira, 11 de agosto de 2015

Descanso: uma questão de saúde e necessidade humana

Acho curioso termos saído dos tempos de escravidão e de longas jornadas de trabalho da Revolução Industrial para voltarmos a elas voluntariamente. Rotinas extensas, objetivos difíceis de serem alcançados e projetos desafiadores são naturais na rotina profissional da maioria de nós que, ao fim do expediente, ainda demora a chegar em casa e mal tem tempo ou disposição para realizar outras atividades de lazer. Porém há quem não consiga se desligar do trabalho nem nos momentos de folga.

Costumo dizer nas minhas palestras que quem deseja atingir um alto cargo ou uma promoção tem de trabalhar duro e, talvez, mais horas do que o estipulado na carteira de trabalho. É claro que isso não é uma regra, pois não adianta trabalhar até a exaustão sem qualidade ou produtividade. E é exatamente isso que pretendo deixar claro. Afinal, não somos robôs. Brinco que não temos um botão “on/off” para desligar ou ligar conforme desejamos agir ou pensar.

Quando, por exemplo, estamos envolvidos em projetos grandes, muito importantes, as pessoas se mantêm em um nível de tensão que não é aliviado até que o relatório seja entregue ou o processo concluído – ainda mais quando se está nas etapas finais de elaboração. Em casos como esses, por mais que a tensão seja grande, sugiro que o profissional não tire férias, pois provavelmente não descansará. Isso acontece devido ao alto nível de preocupação e responsabilidade que temos em relação a esses projetos. O ideal é que o profissional termine o tal projeto para que tire férias ou então gaste seu “banco de horas” sem nenhum “peso nas costas”.

Entretanto, algumas pessoas, preocupadas com o trabalho, buscando uma promoção, ou mesmo os workaholics, não conseguem se desligar do trabalho durante o descanso. Isso não significa somente ligar o computador e trabalhar, mas também pensar no trabalho, “apagar incêndios” a distância ou checar os e-mails corporativos (agora facilmente acessados pelos smart­phones). Isso é prejudicial não somente à saúde, mas também à vida pessoal e profissional.

Quando estamos estressados ou mergulhados por meses ou anos no ambiente corporativo com períodos de descanso mal-aproveitados, o corpo humano começa a apresentar sinais não só psicológicos, mas também físicos de desgaste. Posso dizer que o estresse se manifesta de quatro maneiras diferentes: na mente (preocupação, má avaliação, indecisão, decisões apressadas, pesadelos, negatividade); no comportamento (perda de apetite, fumo, alcoolismo, inquietude, insônia, desinteresse sexual, propensão a acidentes; nas emoções (perda de confiança, ansiedade extrema, irritabilidade, depressão, apatia, medo); e, por fim, no corpo (dores de cabeça, infecções, tensão muscular, distensão muscular, fadiga, falta de ar, irritações na pele). Da mesma maneira, as possibilidades de riscos à saúde se agravam, como os problemas cardíacos, por exemplo.

Além disso, ninguém aguenta só trabalhar e não descansar “pra valer”. Quem não descansa devidamente nas férias, feriados e fins de semana começa a ter queda de desempenho, concentração e produtividade, além dos outros problemas citados anteriormente. O organismo não aguenta e, mais cedo ou mais tarde, falha, adoece. É ciência, e não só um discurso de saúde e qualidade de vida.

Apesar de os feriados custarem muito ao país, são uma maneira de prolongar aquele curto fim de semana que possuímos. Portanto, é fundamental que as pessoas aprendam a relaxar o máximo possível nesses períodos de folga para voltar “com tudo” na segunda-feira. É preferível não misturar muito as coisas: trabalhar durante a folga e folgar no trabalho. O recomendável para quem quer desenvolver uma carreira com sucesso e saúde é trabalhar durante a semana e descansar nos períodos destinados a isso.

Por último, descanso não significa somente viajar. Se não é possível sair da cidade, aproveite o tempo livre para ir ao cinema, ler um livro, almoçar com a família, sair com os amigos e qualquer coisa que lhe dê prazer. Vale lembrar que tempo livre não é uma opção ou luxo de alguns, mas sim uma necessidade humana.


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