É impressionante o número de profissionais angustiados
com a dúvida em relação à continuidade da sua carreira, e não estou me
referindo exclusivamente aos que estão no mercado, ou seja, desempregados, mas
aos profissionais em geral.
Faço seleção de executivos e tenho ficado impressionada
com os relatos de insatisfação com a carreira e com a empresa. Nas entrevistas
percebo que a busca por outro emprego camufla uma insatisfação com a sua
própria atuação, com o real significado do seu trabalho. Inicialmente fiquei
preocupada e até pessimista em relação a esses executivos, mas hoje faço uma
leitura diferente.
O meu pessimismo inicial se transformou em otimismo e
respeito. Os CVs considerados instáveis no passado, hoje revelam profissionais
inquietos, tomadores de risco e mais determinados na busca por um real
significado para o papel que desempenham como líderes.
Falamos tanto da geração Y e do quanto ela é diferente
da nossa, mas a geração X, enquanto profissionais mais maduros, também está
muito diferente das anteriores. Antes a satisfação, (ou será acomodação?) em um
emprego era decorrente de um bom salário, um bônus atraente e todo o “kit” do
executivo, que incluía até uma caneta Mont Blanc, hoje percebo que esses
executivos buscam muito mais.
Eles questionam a sua própria missão na empresa e na
sociedade, buscam a realização profissional e pessoal que significa a busca por
um contexto organizacional que lhe permitam concretizar seus valores, crenças e
toda a sua capacidade de criar e produzir.
As empresas que souberem aproveitar esse potencial
serão fortalecidas por executivos arrojados, maduros e capazes de promover
mudanças consistentes alinhadas a um crescimento sustentável, pois as
inquietações desse novo executivo revelam muito mais maturidade e força do que
fragilidade.
Entretanto, o mercado ainda tem dificuldade em aceitar
esse novo comportamento e o executivo ainda esconde essas reflexões tão
importantes, com medo de não ser aceito. Medo que pode impedir sua própria
exposição e conduzi-lo a uma atuação conservadora para não dizer medíocre e a
uma insatisfação constante diante da sua incapacidade de realização.
Para mudar esse cenário é preciso ter coragem. Coragem
para assumir as dúvidas e buscar as respostas, é preciso mais coragem ainda
para questionar as empresas e suas diretrizes e, principalmente, dar o primeiro
passo e sair da reflexão para a ação, transformando sua relação com o trabalho.
Não há mais espaço para a dicotomia entre pessoa e
profissional, empresa e sociedade, nem para nos esconder no papel de executivo
que segue as diretrizes, se eximindo assim de qualquer responsabilidade.
É preciso ser o executivo que define ou influencia as
diretrizes e para adotar um comportamento coerente com esse discurso, se faz
necessário tomar a decisão de seguir uma carreira realizadora da sua
competência e do seu potencial, num contexto organizacional alinhado aos seus
valores, onde é possível ser você mesmo, no pleno exercício de SER HUMANO e,
portanto capaz de promover um crescimento verdadeiramente sustentável, no
ambiente no qual você está inserido, onde a empresa, assim como você, são
apenas uma parte desse universo maior que é a nossa sociedade.
Ana Maria Costa
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