quinta-feira, 6 de novembro de 2014

INQUIETAÇÕES PROFISSIONAIS REVELAM O NOVO EXECUTIVO

É impressionante o número de profissionais angustiados com a dúvida em relação à continuidade da sua carreira, e não estou me referindo exclusivamente aos que estão no mercado, ou seja, desempregados, mas aos profissionais em geral.

Faço seleção de executivos e tenho ficado impressionada com os relatos de insatisfação com a carreira e com a empresa. Nas entrevistas percebo que a busca por outro emprego camufla uma insatisfação com a sua própria atuação, com o real significado do seu trabalho. Inicialmente fiquei preocupada e até pessimista em relação a esses executivos, mas hoje faço uma leitura diferente.

O meu pessimismo inicial se transformou em otimismo e respeito. Os CVs considerados instáveis no passado, hoje revelam profissionais inquietos, tomadores de risco e mais determinados na busca por um real significado para o papel que desempenham como líderes.

Falamos tanto da geração Y e do quanto ela é diferente da nossa, mas a geração X, enquanto profissionais mais maduros, também está muito diferente das anteriores. Antes a satisfação, (ou será acomodação?) em um emprego era decorrente de um bom salário, um bônus atraente e todo o “kit” do executivo, que incluía até uma caneta Mont Blanc, hoje percebo que esses executivos buscam muito mais.

Eles questionam a sua própria missão na empresa e na sociedade, buscam a realização profissional e pessoal que significa a busca por um contexto organizacional que lhe permitam concretizar seus valores, crenças e toda a sua capacidade de criar e produzir.

As empresas que souberem aproveitar esse potencial serão fortalecidas por executivos arrojados, maduros e capazes de promover mudanças consistentes alinhadas a um crescimento sustentável, pois as inquietações desse novo executivo revelam muito mais maturidade e força do que fragilidade.

Entretanto, o mercado ainda tem dificuldade em aceitar esse novo comportamento e o executivo ainda esconde essas reflexões tão importantes, com medo de não ser aceito. Medo que pode impedir sua própria exposição e conduzi-lo a uma atuação conservadora para não dizer medíocre e a uma insatisfação constante diante da sua incapacidade de realização.

Para mudar esse cenário é preciso ter coragem. Coragem para assumir as dúvidas e buscar as respostas, é preciso mais coragem ainda para questionar as empresas e suas diretrizes e, principalmente, dar o primeiro passo e sair da reflexão para a ação, transformando sua relação com o trabalho.

Não há mais espaço para a dicotomia entre pessoa e profissional, empresa e sociedade, nem para nos esconder no papel de executivo que segue as diretrizes, se eximindo assim de qualquer responsabilidade.

É preciso ser o executivo que define ou influencia as diretrizes e para adotar um comportamento coerente com esse discurso, se faz necessário tomar a decisão de seguir uma carreira realizadora da sua competência e do seu potencial, num contexto organizacional alinhado aos seus valores, onde é possível ser você mesmo, no pleno exercício de SER HUMANO e, portanto  capaz de promover um crescimento verdadeiramente sustentável, no ambiente no qual você está inserido, onde a empresa, assim como você, são apenas uma parte desse universo maior que é a nossa sociedade.

Ana Maria Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário