Por Fábio Zugman
Avaliações fazem
parte da vida. Dos boletins da vida acadêmica, testes de desempenho em
empresas, feedback de clientes até aquela cara de "não faça isso" que
sua mãe fazia quando você era criança. Receber retorno sobre nossas
qualificações e atividades é útil, e especialmente importante para aqueles que
buscam sempre mudar para melhor.
Nesse artigo,
quero chamar a atenção para uma consequência bastante natural e pouco discutida
sobre tais avaliações, sejam de pessoas, grupos ou empresas.
Tente lembrar da
última vez que você recebeu uma avaliação. Provavelmente você viu ali um
punhado de habilidades ou características, com algumas marcadas como acima da
média (ou positivas), outras na média, e outras negativas.
Digamos que você
foi recebido pelo seu chefe e aprendeu que, apesar de sua capacidade analítica
e conhecimento técnico terem tirado elogios dela e de seus colegas, foi
apontada uma deficiência em suas "habilidades com pessoas". Ao que
parece, você não é a alma da festa em uma festa de trabalho.
Qual a conclusão
da reunião? "você devia trabalhar um pouco nisso", seu chefe sugere
com a maior boa vontade do mundo. Nos próximos dias, você que sempre foi
introvertido, se pega tentando acompanhar a vida social de alguns colegas.
Fazendo um esforço para ser menos introvertido e melhorar aquela deficiência
apontada em você.
O mesmo ocorre em
diversas áreas: Se um aluno se destaca em matemática mas fica apenas na média
em história, é hora dele se dedicar mais a história. Se você se sai otimamente
bem em finanças mas não tem a mínima paciência para estratégia, é hora de
abandonar um pouco os números e estudar a matéria em que você é medíocre.
Mas será que
realmente, essa é a melhor aplicação do nosso tempo e esforço?
Como seres humanos
que somos, nossa tendência sempre é querer consertar o que está ruim. Recebemos
um feedback que somos bons em X e ruins em Y, e o que vemos é um grande Y
brilhando nos apontando no que somos ruins. Focamos nossos esforços em melhorar
aquilo.
Pensando bem, será
que não estamos fazendo as coisas ao contrário? Um aluno que apresenta um
desempenho altíssimo em matemática realmente deveria estar se preocupando em
ser algo além da média em história? Um profissional com grande habilidade
técnica deveria se preocupar com sua falta de capacidade de liderança?
O que aconteceria
se o aluno que é ótimo em matemática realmente focasse seus esforços ali? O que
aconteceria se um profissional realmente bom no que faz resolva deixar a parte
mais "humana" do negócio a algum colega que leve mais jeito para a
coisa?
Ouso dizer que, no
longo prazo, essas pessoas se destacariam. Seriam o tipo de estrelas que toda equipe
quer ter à mão quando tem uma dificuldade em sua especialidade.
Quando focamos
nossas tentativas de melhora nos pontos fracos, podemos até ter uma melhora,
mas essa melhora vem com um preço: Estamos nos tornando mais iguais a média. E
nos esforçando para isso.
Quando focamos no
que somos realmente bons, no que gostamos de fazer e fazemos com maestria, o
esforço vem com a vantagem de nos diferenciar. Além disso, sensação de esforço
de realizar algo que realmente se goste é muito menor do que forçar algo
diferente. O introvertido pode preferir ler um bom livro a participar do happy
hour no escritório.
Note que há
situações em que o ponto fraco é tão ruim que chega a ser debilitante. É
diferente ser introvertido do que ser grosso e arrogante. A grande questão é
que, uma vez que tal barreira fique para trás, por que nos preocupar tanto em melhorar
aquilo que não somos bons?
Que tal melhorar
ainda mais aqueles pontos em que somos bons? Talvez isso te torne melhor ainda.
Talvez isso te torne um profissional fantástico, uma estrela em sua área.
Nunca ouvi falar
de alguém ser reconhecido por ser o melhor profissional "na média" em
sua profissão. Profissionais de alto desempenho se destacam em algo. Mas,
quando dizemos que o que está bom já é suficiente e precisamos melhorar o que é
ruim, estamos indo cada vez mais em direção à média. Partindo do princípio que
nossa capacidade de mudar é limitada (o que é bastante realista), utilizar
nossa capacidade de mudar para nos tornar mais próximos da média pode não ser a
melhor estratégia.
Quem realmente se
destaca é bom em atividades específicas. Pontos fracos sempre vão existir, mas
felizmente sempre existem bons profissionais capazes de suprir tais faltas.
Então, da próxima
vez que receber uma avaliação, avalie se seus pontos fracos são prejudiciais,
mas olhe também seus pontos fortes. Não parta do princípio de que o que já está
bom não precisa mudar. Talvez o melhor a fazer seja trabalhar para tornar o bom
melhor ainda.
Fonte: http://www.apdata.com.br/site/page/detalhe.asp?id=10261
Que bom que você gostou do meu poema Mude.
ResponderExcluirMude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
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/// Abraços,