Uma
amiga me disse que adora me ver comendo caranguejo porque é quando eu mais
sorrio por dentro. Dei risada. Por fora, claro, pois por dentro estava
gargalhando. Afinal de contas, comer caranguejo é mesmo uma felicidade sem
tamanho.
Dali então fiquei pensando:
quando é que a gente, de tão feliz, transparece sorrir
por dentro?
Além
do caranguejo, sorrio por dentro diante de batata frita, de panetone e de
camarão. Com pizza também dou uma risadinha, de leve, mais aí vai depender do
sabor.
Sorrio por dentro quando
sinto o cheiro da chuva e quando vejo o pôr do sol. Quando ouço o canto de
passarinhos, “Felicidade”, do Lupicínio Rodrigues; “Hey, Jude”, dos Beatles;
“My girl”, do The Temptations e “Tema de amor”, da Marisa Monte. Um sorriso tão
grande que transborda em lágrimas.
Sorrio por dentro quando
termino de ler um livro, de arrumar a casa, de fazer uma sobremesa ou de
escrever uma carta. Sorrio por dentro quando a luz acaba, sem hora pra voltar.
E, claro, também sorrio por dentro quando ela volta.
Sorrio por dentro quando
entro num avião e quando chego ao destino que escolhi com tanto carinho. Mas
sorrio mesmo quando volto pra casa e, da minha cama, começo a planejar as
próximas aventuras.
Sorrio por dentro quando vejo
fotos antigas, quando a peça que namorei por meses entra em liquidação, quando
alguém elogia um texto meu e quando, inesperadamente, encontro uma pessoa
querida que não vejo há anos!
Sorrio por dentro quando saio
do médico com um “está tudo em ordem”, quando a terapeuta diz que evoluí
bastante e quando encontro um dinheirinho “perdido” no bolso da calça. Neste
caso, sorrio e gasto o dinheiro na mesma hora. Não é contraindicado para
ninguém sorrir por dentro duas vezes seguidas, tá?
Sorrio por dentro quando vejo
o reconhecimento merecido de um amigo, quando me convidam para um casamento,
uma formatura ou um aniversário. Aliás, é só falar em aniversário que todos os
meus órgãos cantam parabéns de sorriso aberto!
Sorrio por dentro quando
passo a mão nos cabelos do meu pai, quando minha mãe me abraça e quando meu
namorado encosta o pé no meu no meio da noite. Sorrio por dentro quando me
oferecem a mão para atravessar a rua e quando me oferecem passatempo recheado.
Sorrio por dentro quando fico
pronta antes do combinado, quando chego na parada e o ônibus ainda não passou,
quando lembro que escondi um docinho na geladeira (e vejo que ainda está lá) e
quando sinto o cheiro do meu perfume favorito.
Sorrir por dentro diante de
pequenos detalhes. Acho que é esse o verdadeiro motivo da felicidade. Mas preciso
concordar: eu sorrio muito mesmo por dentro quando como caranguejo… ♥
Jéssica Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário