quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O que te faz sorrir por dentro?

Uma amiga me disse que adora me ver comendo caranguejo porque é quando eu mais sorrio por dentro. Dei risada. Por fora, claro, pois por dentro estava gargalhando. Afinal de contas, comer caranguejo é mesmo uma felicidade sem tamanho.

Dali então fiquei pensando: quando é que a gente, de tão feliz, transparece sorrir por dentro?

Além do caranguejo, sorrio por dentro diante de batata frita, de panetone e de  camarão. Com pizza também dou uma risadinha, de leve, mais aí vai depender do sabor.

Sorrio por dentro quando sinto o cheiro da chuva e quando vejo o pôr do sol. Quando ouço o canto de passarinhos, “Felicidade”, do Lupicínio Rodrigues; “Hey, Jude”, dos Beatles; “My girl”, do The Temptations e “Tema de amor”, da Marisa Monte. Um sorriso tão grande que transborda em lágrimas.

Sorrio por dentro quando termino de ler um livro, de arrumar a casa, de fazer uma sobremesa ou de escrever uma carta. Sorrio por dentro quando a luz acaba, sem hora pra voltar. E, claro, também sorrio por dentro quando ela volta.

Sorrio por dentro quando entro num avião e quando chego ao destino que escolhi com tanto carinho. Mas sorrio mesmo quando volto pra casa e, da minha cama, começo a planejar as próximas aventuras.

Sorrio por dentro quando vejo fotos antigas, quando a peça que namorei por meses entra em liquidação, quando alguém elogia um texto meu e quando, inesperadamente, encontro uma pessoa querida que não vejo há anos!

Sorrio por dentro quando saio do médico com um “está tudo em ordem”, quando a terapeuta diz que evoluí bastante e quando encontro um dinheirinho “perdido” no bolso da calça. Neste caso, sorrio e gasto o dinheiro na mesma hora. Não é contraindicado para ninguém sorrir por dentro duas vezes seguidas, tá?

Sorrio por dentro quando vejo o reconhecimento merecido de um amigo, quando me convidam para um casamento, uma formatura ou um aniversário. Aliás, é só falar em aniversário que todos os meus órgãos cantam parabéns de sorriso aberto!

Sorrio por dentro quando passo a mão nos cabelos do meu pai, quando minha mãe me abraça e quando meu namorado encosta o pé no meu no meio da noite. Sorrio por dentro quando me oferecem a mão para atravessar a rua e quando me oferecem passatempo recheado.

Sorrio por dentro quando fico pronta antes do combinado, quando chego na parada e o ônibus ainda não passou, quando lembro que escondi um docinho na geladeira (e vejo que ainda está lá) e quando sinto o cheiro do meu perfume favorito.

Sorrir por dentro diante de pequenos detalhes. Acho que é esse o verdadeiro motivo da felicidade. Mas preciso concordar: eu sorrio muito mesmo por dentro quando como caranguejo…

Jéssica Vieira


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