O Pequeno Príncipe chegou ao meu mundo no Natal de 1992,
quando eu tinha oito anos. Foi presente de uma amiga do meu pai, veio numa
caixa vermelha e com um cartão que dizia assim: “Para que você veja além dos
seus olhos!”
Achei bonito, mas obviamente
não entendi o que aquilo queria dizer. Nem dei importância ao cartão (desculpe,
Gildete, mas eu era uma criança…) e passei um dia inteiro conhecendo os
planetas pelos quais o Pequeno Príncipe havia passado…
Longe de ser um livro
infantil, só vim entender essa e outras mensagens na vida adulta, quando o reli
sabe-se lá quantas vezes.
Hoje, véspera da estreia do
clássico de Antoine de Saint-Exupéry nos cinemas, fiz questão de fazer uma nova
leitura e separar 14 frases de O Pequeno Príncipe que
só os adultos entenderão:
1 – “Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.”
É engraçado como, muitas
vezes, não nos permitimos viver coisas legais – e aparentemente impossíveis –
simplesmente porque “parecem coisas de criança” e “não são mais para a nossa idade”.
Há quem perca grandes
oportunidades de realizar sonhos quando estabelece não mais viajar para Disney,
não mais comprar uma revista em quadrinhos, não mais se deixar sujar o cantinho
da boca (ou a boca inteira, no meu caso) ao tomar um sorvete ou não mais andar
de bicicleta na chuva…
Olhe para você e lembre-se de
quem você é de verdade! Adultos são apenas crianças que aumentaram de tamanho.
Os sonhos, lá no fundo, permanecem mágicos!
2 –
“Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe.”
Nossas maiores conquistas são
alcançadas quando exploramos outras direções além das que nos colocam na nossa
zona de conforto. Muitas vezes, faz-se necessário recomeçar a trajetória,
pois não nos demos conta de coisas valiosas naquele caminho…
3 –
“Elas [as pessoas grandes] adoram os números. Quando a gente lhes fala de um
novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente
é. […] Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa?
Quanto ganha seu pai? Somente assim é que elas julgam conhecê-lo.”
Vivemos numa sociedade na
qual as pessoas valorizam mais o “ter” do que o “ser”. Apresentamos
namorados/amigos/parentes “advogados”, “médicos”, “empresários”, mas nunca
“gentis”, “carinhosos”, “pacientes”, “tolerantes”.
Números atraem, mas sozinhos
não dizem nada, nem nas expressões matemáticas. Pensem nisso!
4 –
“Nem todo mundo tem amigo.”
Para mim, uma das frases mais
célebres do livro. Amigo é algo valioso, que só se consegue por mérito,
paciência, gentileza e respeito. Amigo é quem tem a nobreza de aceitar o outro
do jeito que ele é. Parar, prestar atenção e perceber que a “verdade” do outro”
também faz sentido. Se não for na sua vida, fará na dele.
Há quem tenha a sorte de ter
vários! Há quem, no entanto, desconheça a existência de algum…
5 –
“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”
Você certamente não se
lembra, mas para ficar de pé no seu calçado favorito precisou engatinhar,
segurar em paredes, centros e sofás, ensaiar passos – muitas vezes frustrados –
para, finalmente, caminhar pela casa.
Foram necessários esforços e
abdicações, erros e tentativas, pois crescer é isso! É preciso sair e enfrentar
os medos, as angústias, os tropeços. Eles fazem parte da vida e da paisagem linda
que ela te dá quando composta pelas borboletas.
6 –
“Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito mais simples. Todos os homens
são súditos.”
O cenário está longe de ser
exclusivo de uma monarquia e o meu post está longe de ser uma reflexão
partidária. No entanto, para quem tem – ou almeja – o poder nas mãos, o resto é
subserviência. Na verdade, os “reis” precisam bem mais dos seus “súditos” que
os “súditos” dele…
7 –
“É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.”
Não exija dos outros aquilo
que eles nunca prometeram lhe dar, nem se obrigue a oferecer algo que não lhe
pertence. Um amor, uma amizade, um carinho, um abraço, um reconhecimento, um
pedido de desculpas, tudo acontece naturalmente e só tem valor quando é
entregue sem cobranças.
8 –
“O essencial é invisível aos olhos, e só se vê bem com o coração.”
Uma das frases mais
conhecidas de Antoine de Saint-Exupery e talvez, a mais verdadeira. O melhor de
um amor, de uma viagem, de um encontro ou de um presente não é o que transmite
aos outros, mas o quanto nos toca o coração.
Amores não se tornam mais
verdadeiros quando atestados em contratos; Viagens não são mais incríveis pela
quantidade de fotos que foram tiradas. Amizades não são mais honestas quando os
envolvidos se falam todos os dias.
O essencial a gente sente e,
ao sentir, a gente sabe. :)
9 –
“É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros.”
Muitos sabem que olhar para dentro
dói e, se é para machucar alguém, melhor que seja o outro…
10 –
“A gente só conhece bem as coisas que cativou.”
Essa frase é engraçada porque
define muito bem o que a gente sente no decorrer da construção de uma relação,
seja ela de que tipo for. No começo, o outro parece longe, você mal sabe seus
gostos e preferências. Mal sente a sua falta.
Depois, é como se tudo
ficasse mais próximo e a pessoa se fizesse necessária na sua vida. Daí você
para e pensa: “Mas eu nunca imaginei. Era algo tão distante…”
Era, mas criou laços,
cativou! :)
11 –
“É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer.”
Porque amigos verdadeiros
nunca, nunca morrem! ♥
12 –
“Os homens embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram.”
O imediatismo social no qual
vivemos nos proporciona viagens que, muitas vezes, nem desejamos fazer.
Jovens de dezessete anos, ou
seja, no primeiro quarto da vida, são pressionados a estabelecer uma profissão
para uma vida inteira. Mulheres são pressionadas a casar antes dos 25, ter
filhos antes dos 30 e, não bastasse, ser bem sucedida antes dos 35. Homens
precisam sair da casa dos pais, ter uma carreira promissora, o carro do ano e
nunca, jamais, recusar sexo.
Como diria Mafalda, “isso não
é vida, é um fluxograma!”
13 –
“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar.”
Um pouco? A gente chora é
muito! E chora pelas conquistas, pelas derrotas, pela saudade, pelos abraços
que consolam, pelas palavras que incentivam… E, claro, pela confiança quebrada.
Criar laços é iluminar os
olhos, nos dois sentidos.
14 –
“E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta
importância!”
Nenhuma :)
Jéssica Vieira
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