Em janeiro de 1986, eu estava
dando uma olhada rápida pelos canais de televisão quando vi os créditos finais
de um programa chamado “Negócios Engraçados”, show sobre cartum. Eu sempre quis
ser cartunista, mas não sabia o que fazer. Escrevi para o apresentador do
programa, o cartunista Jack Cassady, e pedi seu conselho sobre como entrar na
profissão.
Algumas semanas depois, recebi uma carta de Jack, de
próprio punho, encorajando-me e respondendo todas as minhas perguntas sobre o
material necessário e também como proceder. Avisou-me da possibilidade de ser
recusado no início e aconselhou-me a não ficar desanimado se isso acontecesse.
Disse que as charges que eu enviara para ele eram muito boas e mereciam ser
publicadas.
Fiquei muito animado e, afinal, compreendi como
funcionava todo o processo. Enviei minhas melhores charges às revistas Playboy e The
New Yorker. Elas me recusaram de imediato com cartas frias e
padronizadas. Desencorajado, coloquei o material de desenho no armário e decidi
esquecer o assunto.
Em junho de 1987 – inesperadamente – recebi uma
segunda carta de Jack Cassady. Era surpreendente, pois eu não havia nem mesmo
agradecido o conselho inicial. Aqui está o conteúdo da carta:
Caro Scott:
Estava revendo os arquivos de correspondência do
programa “Negócios Engraçados” quando me deparei novamente com a sua carta e
com as cópias das suas charges. Lembro-me de tê-la respondido.
O motivo desta é estimulá-lo uma vez mais a apresentar
suas ideias a várias publicações. Espero que já tenha feito isso e esteja a
caminho não só de ganhar algum dinheiro, mas também de se divertir. Às vezes é
difícil conseguir estímulo no ramo do humor gráfico. É por isso que o estou
incentivando a perseverar e continuar desenhando.
Desejo-lhe muita sorte, boas vendas e bons desenhos.
Atenciosamente, Jack
Fiquei profundamente comovido pela carta, em grande
parte porque Jack não tinha nada a lucrar – inclusive meus agradecimentos, como
ficou demonstrado. Incentivado por ele, tirei meu material de desenho do
armário, e fiz as charges que, finalmente, se transformaram em “Dilbert”.
Agora, setecentos jornais e seis livros mais tarde, as coisas vão muito bem
Dilbertville.
Estou certo de que eu não teria tentado novamente ser
um cartunista se Jack não tivesse me enviado a segunda carta. Com uma palavra
gentil e um selo de correio ele desencadeou uma série e acontecimentos que
agora chegam até vocês. À medida que “Dilbert” começou a fazer mais sucesso,
passei a dar valor à grandeza do simples gesto de generosidade de Jack. Mais
tarde lhe agradeci, mas nunca vou me esquecer de que recebi um presente que
desafia a reciprocidade. De alguma maneira, o agradecimento não parece ser
suficiente.
Com o tempo, compreendi que o objetivo de alguns
presentes não é a retribuição. Todos nós conhecemos alguém que iria se
beneficiar com uma palavra amável. Eu o estou estimulando a fazer isto. Para um
maior impacto, faça-o por escrito. E faça-o por alguém com quem você sabe que
não tem nada a lucrar.
É importante incentivar a família e os amigos, mas a
felicidade deles está intimamente ligada à sua. Para uma maior agilização,
sugiro que você incentive alguém que não possa retribuir o valor – o gesto não
será esquecido por aquele que o recebe.
E lembre-se, não existe esse negócio de um pequeno
gesto de amabilidade. Todo gesto gera uma comoção cujo resultado não se pode
prever.
Scott Adams (criador de “Dilbert”)
Olá , tudo bem?
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