segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Sinal amarelo para o emprego

A perda de dinamismo da economia brasileira já começa a ter reflexos no mercado de trabalho. Embora a taxa de desemprego de 6%, medida pelo IBGE, ainda revele uma situação de estabilidade, os últimos números divulgados apontam para o enfraquecimento do quadro de emprego no País. No primeiro semestre do ano, houve uma redução de 21%  nas contratações formais (com carteira assinada), ante o mesmo período do ano passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Foi o pior resultado para o período desde 2009. A perda de vigor do mercado de trabalho tem sido puxada pelo setor industrial, que cortou 120 mil pessoas em junho, retração de 3,3% ante maio, de acordo com o IBGE.  

As empresas estão tendo de se ajustar à desaceleração da economia e ao avanço da inflação, segurando custos administrativos e, em alguns casos, segurando contratações. “Não demitimos ninguém de nosso quadro de empregados fixo, mas estamos administrando a contratação de vagas, priorizando as que vão trazer maior volume de venda e deixando para depois as que são de suporte”, afirma Roberto Mar Orellana, gerente de Desenvolvimento Organizacional da Coca-Cola Femsa no Brasil. A multinacional, maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo, manteve os investimentos previstos. 

Na Basf, a ordem é reduzir custos de impressão, telefonia e viagens. "Nesse momento, essas são as únicas ações que estão sendo tomadas", afirma o vice-presidente de RH da empresa, Wagner Brunini. Segundo ele, "não houve alteração nas contratações por substituição."
  
A Epson do Brasil, que recentemente expandiu sua linha de produção, empregando mais de 100 pessoas, informa que pretende continuar contratando, mas está atenta à evolução da economia. “Planos de contratação ou investimento são continuamente revisados e ajustados de acordo com a situação”, afirma Silvia Ikeda, supervisora de RH.
   
A economista Ana Belavenuto, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), alerta que há pelo menos dois anos a indústria passa por um momento difícil. Fatores macroeconômicos, como o câmbio elevado, têm dificultado a recuperação desse segmento. “As políticas de subsídios adotadas pelo governo nos últimos tempos não foram suficientes para que a indústria voltasse a crescer e a contratar pessoal, mas permitiu que a situação não se agravasse”, afirma Ana.
  
Em relação ao futuro, a especialista, que até há pouco tempo aguardava um crescimento pequeno da indústria, viu o cenário mudar recentemente para pior, em razão, principalmente, das constantes revisões para baixo do Produto Interno Brito (PIB). “Acredito que, no curto prazo, a indústria não irá se recuperar e não contribuirá para a geração de novos postos de trabalho.” A economista do Dieese destaca que o quadro é preocupante, pois a indústria poderia gerar um efeito positivo em toda economia. “O setor de serviços e o comércio dependem em partes da indústria para continuar crescendo”, afirma.  
As incertezas dos consumidores por conta da perda de fôlego da atividade prejudicaram as vendas da Coca-Cola no País no segundo trimestre deste ano, segundo informações divulgadas pela imprensa. O volume de vendas da bebida ficou estável no período na comparação com os mesmos meses do ano passado, quando houve crescimento de 6%. 

“Mantivemos nossa linha de investimento no País, mas estamos mais cautelosos em executar gastos”, afirma o executivo da Coca-Cola Femsa. O plano de contratação da companhia também precisou ser revisto. As vagas operacionais e temporárias foram ajustadas. O ritmo de contratação da empresa também foi alterado, com aumento no tempo de recrutamento. Ele diz ter esperanças de retomar o ritmo normal de contratação nos próximos meses. “Nosso negócio é muito sazonal, mas estamos com boas expectativas para o segundo semestre. Esperamos que a economia se recupere”, afirma.

A Basf, cuja matriz declarou nesta semana dificuldade em atingir sua meta de lucro prevista para o ano em razão do encolhimento dos mercados europeus e do crescimento mais lento na China, alega estar preparada para o atual momento de volatilidade da economia brasileira. "Os nossos investimentos são estudados por muitos anos e por diversas perspectivas, desta forma, o que foi planejado anteriormente permanece sem alterações", diz Brunini, lembrando que a empresa atua há mais de cem anos na América do Sul e está acostumada a lidar com tempos mais difíceis. 

Apesar de não descartar planos de contingência, em virtude de dados macroeconômicos, como a inflação mais alta e a valorização do dólar, a Epson do Brasil também afirma que  as perspectivas para os próximos meses são positivas e por isso manteve o programa de contratações. “As contratações cresceram significativamente alinhadas à previsão do aumento do volume de produção”, diz Silvia Ikeda, supervisora de RH.

A Alog Data Centers do Brasil, do ramo de TI, também se mostra otimista em relação ao futuro. A empresa, que conta atualmente com 500 colaboradores, inaugurará em breve, no Rio de Janeiro, um novo datacenter. "Cada vez mais as empresas precisarão de infraestrutura de datacenter premium para viabilizar seus negócios e estaremos lá para atendê-los", afirma Victor Arnaud, Diretor da companhia.


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