Com certeza você, dono de um pequeno negócio, já deve
ter ouvido em diversas situações que o futuro que todo pequeno negócio deve
almejar é o crescimento até se tornar uma grande empresa, certo? Os argumentos
são muito fortes para sustentar este objetivo. Empresas grandes possuem um
patrimônio que lhes dá sustentabilidade e solidez, seu poder de barganha
aumenta, sua capacidade de atrair talentos também, assim como as melhores
oportunidades surgem para quem tem grande porte.
Bem, e se eu lhe disser que você deveria pensar em ser
uma grande empresa ao invés de ser uma empresa grande?
Veja bem, não é a mesma coisa. Uma empresa grande é
grande em tamanho, têm milhares de funcionários, várias unidades de negócios,
grande cobertura geográfica, faturamento na casa dos bilhões e uma grande
visibilidade, principalmente na mídia especializada. Já uma grande empresa,
pode ser pequena ou, normalmente, média, em tamanho. Ela na verdade é fabulosa,
tem poucos negócios, mas são as referências nos respectivos setores. Seus
funcionários, que não passam de algumas centenas ou até dezenas, são grandes
talentos e têm orgulho do lugar onde trabalham. A marca não é globalmente
conhecida, mas é respeitada e admirada por quem conhece.
Bem, esta é a idéia que Bo Burlingham traz com o seu
livro ‘Small Giants – Companies that choose to be great instead of big’
(Pequenos gigantes – Empresas que escolheram ser fabulosas ao invés de
grandes). Neste livro, Burlingham traz alguns motivos para o empreendedor
repensar sua estratégia de se tornar grande:
1) Manter-se pequeno dá ao empreendedor a
autonomia na tomada de decisões. O empreendedor continua com o negócio sob seu
controle, não precisa dividir as decisões com várias pessoas como em uma grande
organização. O dono do negócio pode decidir que prefere abrir mão de lucros
para poder testar novos mercados em um determinado ano, uma empresa grande não
tem esta opção.
2) Pequenos grandes negócios possuem uma
identidade, uma ‘alma’ que permeia toda a cultura interna e que se perde quando
ela cresce demais. Isso é importante porque dá aos funcionários um senso de
pertencimento, garante sua individualidade e o faz sentir-se como parte de uma
família. Os funcionários são valorizados como pessoas e não como recursos. As
pessoas têm contato direto com os sócios da empresa e este contato aumenta o
alinhamento deles com a visão dos donos. As relações não são frias e impessoais
como nas grandes, mas próximas e calorosas como sempre deveriam ser.
3) Na medida em que a empresa cresce, o prazer de
empreender vai dando espaço às obrigações por resultados. A burocracia toma o
lugar da liberdade. A pressão por cumprir os indicadores substitui a
espontaneidade e a autonomia. Os controles e processos passam a ser mais
importantes do que a adrenalina de um novo negócio. Cedo ou tarde, o
empreendedor descobre que perdeu o que mais preza, sua independência.
4) Empresas menores se concentram em fazer pouco
mas fazer bem. Seu direcionador para o futuro é a excelência e a qualidade e
não o volume e a massificação. Pequenos grandes negócios entendem que todo
crescimento tem um custo e as vantagens de ser grande não se sobressaem aos
benefícios de ser pequeno. Eles regulam a demanda do mercado através de preços
Premium e por isso conseguem investir mais na criação de valor para o cliente
ou inovações para o mercado.
O importante a salientar aqui é que o crescimento é
necessário e importante, afinal, ninguém quer manter seu negócio na linha da
sobrevivência. O problema surge quando o empreendedor não estabelece um limite
para este crescimento e acha que quanto maior, melhor. Não podemos culpar o
empreendedor por esta mentalidade, afinal, mercado, concorrentes, clientes,
investidores, sócios, funcionários, parceiros, fornecedores, sociedade, todos
exercem forte pressão pelo paradigma do crescimento contínuo. O empreendedor
precisa ter a frieza de fazer a auto análise e se perguntar: ‘Ter uma empresa
grande vai ser bom para mim? É isso que realmente eu quero?
Lembre-se, ser pequeno ou médio não é um defeito e nem
precisa ser considerado como um estágio intermediário que todas as empresas
precisam passar para avançar ao status de grande. Ser grande não é o único
caminho. Como bem dizia uma antiga propaganda de uma distribuidora de
combustíveis, você não precisa ser o maior para ser o melhor.
Por Marcos Hashimoto
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