Até hoje é famosa a cena do Gene Kelly dançando e cantando na chuva. Além de se tratar de um clássico da coreografia, essa sequência contém uma mensagem simples, mas cheia de otimismo e vigor: quem consegue manter o bom humor debaixo de um aguaceiro? Quem consegue manter a alegria em situações consideradas adversas? Gostaria de fazer uma analogia com o trabalho, mas antes é necessário fazer algumas reflexões.
Aprender a rir de nós mesmos é altamente saudável, física e emocionalmente. Cura muita coisa ou pelo menos evita um monte de desconfortos. De forma inversa, levar-se demasiadamente a sério é o primeiro passo para o estresse, a inadaptação social e o mau humor.
Historicamente, os sábios, gênios e grandes em qualquer coisa sempre se deram ao luxo de brincar.
Lembram da famosa foto do Einstein com a língua de fora? E das espirituosas tiradas do Mark Twain?
E o que dizer das engraçadas travessuras do Patch Adams, com sua terapia do riso? No entanto, cada um de nós conhece inúmeras pessoas infinitamente “menores” e que, apesar disso, se arvoram em donos de verdades absolutas e pilares da seriedade, ostentando uma carranca de fazer inveja às do rio São Francisco!
Todos sabemos que na maioria das empresas existem pessoas assim, quase sempre devido a uma má formação comportamental, ainda condicionada a preconceitos e estereótipos - como, por exemplo, acreditar que competência e poder estão vinculados à cara feia e seriedade.
Como é bela, atraente e tranquilizadora a simplicidade! E mais bela fica quanto mais percebida nos chamados sábios, gênios e poderosos! Neste momento em que as empresas falam e buscam tanto a formação de equipes de alto desempenho, é preciso lembrar que a simplicidade é o mais potente e eficaz instrumento que uma liderança pode usar para aquele fim. A simplicidade aproxima e atrai pessoas pelo seu poder de cativar.
Além disso, todo mundo sabe que a seriedade bloqueia a capacidade criativa, enquanto a simplicidade a libera e nos permite perceber que a solução de muitas crises e problemas no trabalho podem estar a um palmo do nariz dos gestores.
E é tão simples ser simples... Basta que não nos levemos demasiadamente a sério, que voltemos a gostar de pipoca, que leiamos com mais frequência o “Poema em Linha Reta”, do inesquecível Fernando Pessoa e que acreditemos no Pequeno Príncipe quando nos diz que só se vê bem com o coração.
Numa recente entrevista quando esteve no Brasil, o já citado Patch Adams, apregoando a possibilidade de se criar um clima de alegria no trabalho, recomendou que as empresas estabelecessem que nas salas de reuniões só se pudesse entrar cantando...
É pouco provável que alguma empresa venha a implantar essa proposta que, acredito, ajudaria em muito a diminuir tensões e ansiedades. Mas quem iria cantar quando o tempo ameaçar chuva?
Pode ser sonho ou fantasia demais, mas acredito sinceramente que, se cada reunião da ONU começasse com todos os representantes mundiais – cada um no seu idioma – cantando “Imagine” de John Lennon, talvez o mundo não estivesse hoje chorando tanto por tantos conflitos, guerras e vidas perdidas.
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