Possivelmente você
acompanhou pela mídia o que aconteceu com alguns candidatos ao Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem), ocorrido no último final de semana. Refiro-me
especialmente aos atrasados, impedidos de fazer a prova por encontrarem os
portões fechados.
Houve de tudo:
pessoas sem documento com foto para identificação, que esqueceram de levar
caneta preta transparente, que erraram o endereço do local de prova.
O fato é que isso
ilustra um mal que aflige a todos nós, pois sofremos de uma síndrome de falta
de planejamento que é típica de nossa cultura. Assim, temos o péssimo hábito de
protelar e fazer tudo na última hora, simplesmente porque não programamos
nossas atividades.
Vivemos em uma
nação sem a ocorrência de catástrofes climáticas ou inverno rigoroso, situações
que em outros países demanda preocupação e preparo constantes. Convivemos por
anos com elevadas taxas de inflação que nos impossibilitavam postergar o
consumo, incentivando o imediatismo como meio de combater a perda do poder de
compra da moeda. Nas escolas, estudamos na véspera das provas e os trabalhos de
conclusão de curso entram em pauta apenas quando se aproxima o prazo fatal para
entrega.
No mundo
corporativo não é diferente. Poucas são as empresas que realizam planejamento
estratégico anual. Como consequência, surgem desequilíbrios financeiros,
interrupção da produção por falta de matéria-prima, atrasos em entregas,
problemas de qualidade, elevação dos índices de acidentes no trabalho, indisponibilidade
de capital humano qualificado, perda de produtividade.
Por conseguinte,
somos indisciplinados também na vida pessoal. Segundo o Ministério da Saúde,
51% dos brasileiros têm sobrepeso. Já a mais recente Pesquisa de Orçamentos
Familiares realizada pelo IBGE aponta que 68,45% das famílias brasileiras
gastam mais do que ganham todos os meses.
Voltando ao Enem,
os retardatários alegaram que o ônibus atrasou, que o trânsito estava intenso,
que não havia vaga para estacionar. Tudo isso explica, mas não justifica. Chegar antes a qualquer compromisso é um exemplo de
respeito e educação para com os demais. Além disso, permite a serenidade para se
preparar emocionalmente, seja para uma prova, seja para os debates que
ocorrerão durante o encontro.
O resultado disso
traduz-se em uma palavra: frustração. Para os atrasados no Enem, minutos ou
segundos que significarão um ano perdido. Para um advogado, poderia denotar a
perda do prazo para interpor um recurso, prejudicando irreversivelmente seu
cliente. Para um profissional de vendas, chegar tardiamente a uma licitação,
desqualificando sua empresa e talvez a levando à bancarrota. Para um
executivo atrasado a uma reunião, o comprometimento de sua imagem e da companhia
que representa.
Que tal começar a
desenvolver, agora, o hábito do planejamento em todas as dimensões de sua vida?
Tom Coelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário