quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Hércules, a Hidra de Lerna, os conflitos e a mais preciosa lição

Na Mitologia Grega, Hércules é o filho de Zeus com uma mortal chamada Alceme.

Desde pequeno, Hércules teve sérias dificuldades de relacionamentos, chegando a matar seus instrutores. E, como forma de penitência e também de iluminação, precisou enfrentar os doze trabalhos, nos doze signos do Zodíaco.

Um dia, o grande “Ser” que presidia os trabalhos de Hércules ordenou:

“Além do Rio Amínoma, fica o pântano de Lerna. Nesse pestilento lamaçal habita uma fera que possui nove cabeças, a Hidra. Prepara-te para lutar contra essa asquerosa criatura. Mas, não pense que as armas comuns serão suficientes, pois, se uma cabeça for destruída, duas outras aparecerão em seu lugar.”

E continuou…

“Dou-lhe apenas um conselho: nós nos elevamos quando nos ajoelhamos, conquistamos nos rendendo, ganhamos dando. Então vá, ó filho de Zeus, e supere o seu desafio.”

Hércules se dirigiu ao lugar recomendado. Logo que chegou, o insuportável cheiro do pântano quase o derrotou e as areias movediças tentavam sugá-lo para dentro da terra. Com muita dificuldade, descobriu a caverna onde se escondia a Hidra de Lerna.

Dia e noite, Hércules vagou pelo traiçoeiro pântano, aguardando o momento em que a fera se mostrasse.

Em vão vigiava, até que resolveu arremessar setas de piche em chamas para o interior da caverna.

A Hidra com suas nove cabeças fumegantes emergiu furiosa. Sua feiura era assustadora.

A fera atacou Hércules, e este com um golpe certeiro decepou uma de suas cabeças e outra sucessivamente, mas, a cada cabeça cortada, outras duas nasciam no lugar e o monstro ia se tornando mais forte.

Então Hércules se lembrou do que dissera o “Ser”: “nós nos elevamos quando estamos de joelhos”.

Hércules deixou de lado a sua clave, ajoelhou-se, agarrou a Hidra em suas mãos e a ergueu. Suspensa no ar, a fera perdeu as suas forças. De joelhos, Hércules sustentava a fera no alto para que o ar purificado e a luz do sol destruíssem o monstro que era forte na escuridão e no lodo.

A fera se debateu convulsivamente e, aos poucos, foi se enfraquecendo até que a vitória de Hércules se consumou. Quando as cabeças caíram, o semideus descobriu a única cabeça imortal, decepou-a e a sepultou sob uma rocha.

Sem dúvida, esse mito encerra preciosas lições sobre as relações humanas.

A Hidra permanecia escondida no interior da caverna, tal qual os nossos muitos medos se escondem dentro de nós. Se Hércules apenas ficasse esperando que a Hidra se manifestasse, ficaria vagando eternamente pelo pântano.

Da mesma forma, precisamos enfrentar nossos medos. Chamá-los para fora, ainda que venham furiosos…

Isso envolve olharmos para dentro de nós mesmos, ampliando a janela de nosso autoconhecimento. Envolve descobrir quem somos, o que realmente queremos e por quais valores estamos dispostos a lutar.

O desafio é que a caminhada do autoconhecimento e a disposição para lutarmos por nossos ideais provocam vários conflitos dentro de nós mesmos e nas nossas relações com as outras pessoas.

E, diante dos conflitos, precisamos fazer uma escolha: fugir ou resolver.

Se fugirmos dos conflitos, a Hidra nos destrói.

Mas, por outro lado, se na tentativa de resolvê-los, transformarmos os conflitos em brigas pessoais, enxergando apenas as nossas necessidades, estaremos apenas golpeando as cabeças da Hidra e tornando o monstro do conflito cada vez mais forte.

Por isso, para resolver conflitos, a melhor forma é sempre levar a Hidra para a luz. Isto é, usar a razão e o bom senso, deixando de lado os medos e as amarras emocionais que nos impedem de ver a realidade. Que nos impede de ver as necessidades dos outros.

E, é claro, jamais nos esquecermos da mais preciosa lição desse mito: a humildade - “nós nos elevamos quando estamos de joelhos”.

Se nos mantivermos em posição de combate, jamais nos diferenciamos da própria Hidra. Nessa posição, o conflito faz com que nós e os outros sejam como as feras, lutando imersas nas trevas e no lodo.

Apenas quando baixamos as nossas defesas teremos condições de tirar a Hidra do pântano e levá-la para a luz.

Por isso, curvarmo-nos diante de nossas dificuldades é um caminho inteligente e desafiador para transformar conflitos em auto conhecimento e crescimento pessoal.




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