É o que os bem-sucedidos usam na seqüência e na
proporção certas
Existe uma receita certa para o sucesso?
Sim, existe. E, melhor ainda, cada um de nós possui os
ingredientes básicos para cozinhar um sucesso de dar água na boca dos outros.
Uns mais, alguns menos, mas não há ninguém que, algum dia, não tenha parado
para observar o próximo e se admirar: "Como é que ele conseguiu tanto com
tão pouco?" Porque, basta observar, os bem-sucedidos não parecem possuir
nenhum ingrediente mágico ou sobrenatural. E a resposta é mais simples do que
parece: o segredo do sucesso não está na lista de ingredientes, mas no modo de
preparo. É nesse contexto que uma pergunta tão banal e tão repetida --
"Você está preparado?" -- assume sua real importância: "Você
sabe mesmo como misturar os ingredientes que tem?"
Então, vamos à despensa (com "e"): ali estão,
bem arrumadinhos, a ousadia, a perseverança, a liderança, a criatividade, a
ética, o espírito de equipe, e mais uma batelada de outros ingredientes que
entram na fórmula do sucesso, segundo os especialistas em culinária executiva.
Mas quem um dia já preparou um bolo sabe que não adianta jogar tudo isso dentro
de uma panela, em doses iguais e ao mesmo tempo. Há sempre uma seqüência e uma
proporção, e os quituteiros de mão-cheia são os que aprenderam que existe uma
receita apropriada para cada ocasião. Se a dosagem for errada, o resultado fica
intragável.
Pausa para um aperitivo. Tudo começa por sabermos onde
estamos pisando. Por quê? Porque a palavra ingrediente veio daí mesmo, de
"passo". Em latim, passo era gradus e dessa palavrinha derivaram
várias outras, só que a gente nem percebe mais o passo escondido dentro delas,
como "gradual" (passo a passo), "degrau" (um passo acima),
"retrógrado" (queanda para trás), "congresso" (marchar
junto), e até o "dégradé" (cor que vai mudando a cada passo). Dessa
salada surgiria o verbo latino ingredi, "caminhar para dentro" e seu
derivado, ingrediente, "o que entra". Mas se trata do que entra no
passo certo. Eu trabalhei com muita gente agressiva (termo que, casualmente,
quer dizer "um passo contra") e notei que esse ingrediente era
absolutamente necessário em algumas situações, enquanto em outras era
totalmente dispensável. Na hora da avaliação de desempenho, alguns funcionários
eram elogiados por sua agressividade, enquanto outros, tão agressivos quanto,
eram criticados. E o segundo grupo ficava sem entender bulhufas, achando que
estava sendo perseguido pela chefia. Na verdade, o que as empresas avaliam
nunca é o ingrediente em si -- no caso, a agressividade --, mas sim o produto
final -- o resultado. A mesma coisa acontece quando comemos um bolo: se um
ingrediente sobressai, é porque ele foi mal calculado. E aí passa a comprometer
o todo.
Entender essa simples regrinha talvez seja a coisa mais
complicada na auto-administração de uma carreira. O mais comum é o profissional
usar sempre o mesmo ingrediente, na mesma proporção, não importa a ocasião. Ou
então, quando as coisas estão meio paradas, é sempre mais fácil imaginar que
"está me faltando alguma coisa" -- ou seja, mais ingredientes. Não é
a quantidade que faz uma receita de sucesso. É o discernimento. Sucesso é, por
exemplo, ter um vasto estoque de criatividade e de ambição, mas saber que há
momentos em que o mais recomendável é fazer um simples arroz com feijão.
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