segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Minha Casa, Meu Trabalho - Prós e contras de uma nova relação profissional

Por Bruna Pires e Alexandre Peconick
Empresas podem reduzir custos e aumentar satisfação dos funcionários com home office, porém há a possibilidade de gerar processos jurídicos para as organizações que não se precaverem.
Ter como trajeto para o escritório um pequeno corredor, sem trânsito e sem se molhar nos dias chuvosos. Poder dormir até um pouco mais tarde e almoçar em casa. No passado, esses eram privilégios de alguns autônomos e sonho de praticamente todos os profissionais. No entanto, cada vez mais, essa estratégia ganha espaço no mercado de trabalho. 
De acordo com pesquisa realizada em 2011 pelo Centro de Estudos sobre Tecnologia da Informação e da Comunicação (Cetic.br), do Comitê Gestor de Internet no Brasil, 62% das grandes empresas, 40% das médias e 23% das pequenas oferecem acesso remoto ao sistema de computadores para parte de suas equipes – é possível utilizar todos os arquivos da rede sem sair de casa.

O celular corporativo é outra ferramenta indispensável para quem trabalha fora do escritório. Segundo pesquisa da TIC Empresas, realizada em 2009, 65% das companhias nacionais forneceram os aparelhos para seus funcionários. 

Se por um lado, a empresa ganha em economia, por outro, o funcionário ganha em qualidade de vida. "Os profissionais têm valorizado as companhias que prezam pelo seu bem-estar. Com a falta de mão de obra qualificada, as empresas que oferecem benefícios como o home office saem na frente e têm preferência dos melhores funcionários", explica Elaine Saad, Vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional).

As companhias também são beneficiadas pelo home office. O sistema de trabalho permite melhor controle de gastos com espaços físicos, vale-alimentação e com o vale-transporte. Além disso, também é diminuído o consumo de água e luz – em algumas empresas o valor das contas é reduzido em mais de 20%. Outra vantagem é a possibilidade de expandir sem ter que necessariamente ampliar os postos de trabalho. "A valorização dos imóveis e a baixa taxa de vacância nas cidades brasileiras dificultam a mudança de endereço das empresas. O home office é a possibilidade de crescer em um mesmo lugar", alerta Elaine. 

No entanto, antes de implantar uma política de home office, é muito importante que a área de recursos humanos das empresas tenha um aconselhamento jurídico. "Há detalhes nessa prática que precisam ser administrados, uma vez que nossa lei não prevê regras específicas para o trabalho realizado de casa. É preciso fixar regras para eventuais comparecimentos em reuniões ou prestação de contas com a empresa, além de cláusulas contratuais claras entre empregador e empregado, que garantam essa relação", explica Elaine. 

O que nem todos sabem, é que ter o escritório dentro de casa não é positivo para todos os tipos de profissionais. Há aqueles que não conseguem estabelecer horários e aproveitam que estão em casa para dormir, ver filmes ou realizar tarefas domésticas. Também existem os funcionários que nunca encerram o expediente, os workaholics. "O mais importante é ter equilíbrio. A área de recursos humanos pode criar um manual de boa conduta. Informar sobre as roupas mais adequadas para trabalhar em casa, reforçar a necessidade de cumprir os horários e, principalmente, sobre a importância de estar atento ao celular corporativo e com fácil acesso ao e-mail", diz Elaine. 

Ainda não é possível precisar a porcentagem de empresas que permitem que os funcionários trabalhem em casa. Por meio de seu conhecimento no mercado, Elaine Saad comenta que a maioria das companhias que permitem o home office estão concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Seria de vital importância para o Brasil avançar nessa prática, porém, as empresas precisarão de orientação e apoio governamental", informa a Vice-presidente da ABRH – Nacional.

Maximizando horizontes

Destacamos aqui também uma variação do home office, que é part office, ou seja, o profissional atua parte de seu tempo em casa e outra parte (em geral com flexibilidade de escolha) no ambiente da empresa. Conforme foi publicado na edição 31 de NEWSLET (Janeiro/Fevereiro), Helenice Gomes, Gerente de Produtos Sênior de Primary Care da GlaxoSmithKline, uma das gigantes multinacionais do mercado farmacêutico, teve que assumir há um trabalho part office – 10% em home office, 90% em escritório longe da matriz no Rio. Motivo: seu marido fora surpreendido com uma promoção e o casal, com o filho, teria que se mudar para São Paulo. Questão: ela estaria fisicamente distante dos profissionais aos quais teria que se reportar. "Quando você atua sem paredes, mas também sem o alcance visual dos colegas de trabalho, é preciso estar ligado às ferramentas tecnológicas e usá-las com frequência absoluta, por outro lado, trabalhar em qualquer lugar me ajuda a organizar a minha agenda pessoal e profissional", revela.

A Comunicação sob um ângulo doméstico

O Grupo LET Recursos Humanos também tem um de seus mais estratégicos profissionais atuando sob o regime de home office: Alexandre Peconick, jornalista, Assessor de Comunicação e Editor da revista NEWSLET. Quando recebeu, em junho do ano passado, a orientação para mudar seu atendimento para o home office, Peconick confessa que ficou preocupado: "é muito difícil fazer a transição no momento em que o ambiente de trabalho é a sua segunda pele e quando, em casa, não havia, em princípio, a possibilidade de criar um ambiente físico exclusivo para trabalho". Some-se a isso a incerteza de que, ao não ver os colegas de empresa todos os dias, havia o receio de não atendê-los da forma mais precisa e assertiva. A adaptação foi difícil. Hoje, o editor de NEWSLET destaca as vantagens do seu home office: "Como não perco horas me deslocando consigo organizar minha agenda de compromissos de forma muito mais simples; dá tempo para cumprir todas as metas pessoais e de trabalho, salvo algum imprevisto", conta Peconick. Felizmente, sua esposa e filho, compreenderam a nova rotina. E para os que imaginam que trabalhar em casa é uma moleza, um aviso de Peconick: "Desde que passei a trabalhar em home office, a carga de trabalho aumentou muito, pois a chance de atrasar início e final de expediente tende a ser zero, além do fato de que todos sabem que fico mais disponível a atender". Home office então é a panacéia para todos os problemas de ambiente de trabalho? Não. Para Peconick, o regime ideal, para a média dos profissionais que atuam em prestação de serviços, seria aquele que Helenice Gomes realiza, ou seja: o part office.

Um comentário:

  1. Favor cancelar meu email: ljb47@yahoo.com

    ainda estou recebendo todos os emails com propostas de emprego, ja enviei 3x para o e-mail de cancelamento, mas volta com erro, talvez caixa cheia, ou conta desativada, tbm já respondi no email principal e volta, desde já muito obrigado, serviu de muita ajuda, mas não estou precisando no momento, obrigado ! favor deletar este comentário assim que me ajudar.

    Danilo !

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