Um dos livros mais interessantes que li em 2003, e que
ajudou a fortalecer minhas idéias sobre produtividade e desempenho
profissional, foi "Envolvimento Total: Gerenciando a energia e não o
tempo" do psicólogo americano Jim Loehr. Ele defende uma tese, com a qual
concordo totalmente, onde o foco do desempenho deve ser pessoal, íntimo e
começa pela capacidade física, emocional, mental e espiritual do indivíduo.
Pessoalmente fiquei muito feliz com a abordagem, pois o livro aborda, de uma
forma adaptada à realidade corporativa, conceitos já defendidos e estruturados
por métodos orientais, como yoga, tai chi, entre outros, em que o desempenho
depende da quantidade e da qualidade da energia.
Durante muito tempo achamos que saber gerenciar o tempo
adequadamente melhoraria a produtividade. Não quero dizer que fazê-lo não seja
importante, mas manter o foco exclusivamente nisso, hoje em dia, não traz mais
resultados. De fato, o tempo é um fenômeno que não gerenciamos, ele é um continuum
onde acontecem eventos gerados por nós. Podemos sim, desenvolver competências
para aproveitá-lo melhor. Para ilustrar, imagine o tempo como uma grande onda e
cada um de nós como um surfista. Este, por sua vez, não tem nenhuma pretensão
em "gerenciar" a onda, mas apenas usufruir dela. Portanto, seu foco
está em gerenciar a si mesmo, onde o seu desempenho depende diretamente de seu
conjunto de competências (físicas, psicológicas, metodológicas) para usufruir a
onda e ficar ileso.
Mas quando se fala em energia, não se trata de nada
místico, mas físico. Isso está relacionado com as reações químicas que
acontecem em nosso corpo e que nos faz funcionar e viver. Está relacionado com
o perfeito funcionamento do corpo e do cuidado que devemos ter para mantê-lo
perfeito por longo tempo. Trata-se da energia da saúde e que não há atalhos
para mantê-la, a não ser o hábito consciente e a responsabilidade. O fato é que
nós somos feitos de energia. Nosso corpo é quente, pulsa, reage aos estímulos e
um dia apagará. Somos um pacote formado por corpo, mente, emoção e espírito –
uma mesma energia que possui aspectos densos e sutis.
Obviamente, o desempenho na vida é diretamente
proporcional à quantidade e qualidade da energia que temos. E de onde vem essa
energia?
Basicamente, a produção e a manutenção da energia vem
do que chamo de "tripé da saúde", formado pelo estímulo ou movimento,
adquirido através da atividade (física, mental e emocional), da recuperação que
promovemos através do descanso e do sono adequado e do alimento que ingerimos
(qualidade e quantidade adequadas). Quanto à recuperação, a qualidade e a
quantidade adequada de sono são fundamentais. Há inúmeras pesquisas que
demonstram o estrago que a falta de sono gera no organismo, prejudicando o
equilíbrio emocional e psíquico do indivíduo. A falta de sono consome uma
quantidade imensa de energia. Então, jamais tire do sono o tempo que lhe falta.
Sobre os alimentos – a principal fonte de energia para
o corpo – as negligências são ainda mais graves. Não tenho nenhuma intenção de
mudar os hábitos alimentares das pessoas, mas devemos saber que a base de uma
alimentação saudável deve ser de alimentos crus, energéticos ou de alta
combustão. São as castanhas, mel, frutas, óleos vegetais extraídos a frio (como
azeite de oliva e de gergelim), verduras e legumes in natura que geram o que se
pode chamar de "energia limpa", isto é, energia de melhor qualidade e
pouco resíduo para a célula. Esses alimentos são absorvidos rapidamente e não
exigem muita energia do corpo para limpar seus resíduos.
Vivemos numa correria louca, buscamos a eficiência e a
rapidez em tudo que fazemos, e muita vezes, esquecemos que pressa é inimiga da
perfeição. Rapidez sem consciência gera ansiedade e muitas vezes gera erro,
gerando re-trabalho. Já sabemos que refazer não é sinônimo de gerência eficaz.
É por isso que fazer diversas pausas durante o dia é fundamental para recompor
as energias e manter o desempenho em alta.
Infelizmente, o homem moderno negligencia sua saúde e
suas ações. Mas por quê? Porque acredita, equivocadamente, que é infalível. Se
aceitarmos que somos falíveis, de que não somos eternos (na vida, nos cargos,
nos lugares), ficaremos mais atentos e responsáveis com nossa saúde e com
nossas ações. Gerenciar a energia física, mental e emocional é uma obrigação de
cada um.
Outro aspecto que determina a quantidade e a qualidade
da energia é a capacidade física do indivíduo. Na área esportiva, a capacidade
física do atleta é medida pelo grau de flexibilidade, resistência, força e velocidade,
e o atleta que consegue desenvolver essas quatro capacidades juntas, tem um
desempenho acima da média. E isso se aplica também às pessoas comuns.
Pela minha experiência, existem pouquíssimas atividades
físicas que desenvolvem, simultaneamente, essas quatro capacidades e uma delas
é o yoga. Por ser uma técnica 99% experimental, a prática regular funciona como
laboratório para a vida. Os ásanas (como chamamos os exercícios) exigem
flexibilidade, resistência, força e agilidade. Esse estímulo consciente
desenvolve essas capacidades no indivíduo. Como o yoga é um método holístico
(ou sistêmico, se preferir) quando se conquista essas capacidades no físico, há
uma conquista em todos os outros aspectos (mental e emocional). E diante das
exigências às quais estamos expostos, é desejável, por exemplo, ter resistência
emocional, flexibilidade mental e firmeza em seus valores de vida? Creio que
sim. No entanto, não há formula mágica para gerar energia, mas sim esforço
consciente, disciplina e disposição.
Percebo que quando o indivíduo conquista e mantém essas
quatro características de excelência pessoal e consegue gerenciar suas energias
através do estímulo, do repouso e da alimentação adequada, naturalmente ele
passa a ser mais resiliente, isto é, responde melhor a qualquer estímulo
ameaçador, como estresse, pressão por resultados, excesso de trabalho, etc.
Gerenciar a energia tem a ver com o resgate da
sabedoria natural de nosso corpo e mente, da qual o homem moderno,
gradativamente, vem se afastando. O desempenho na vida depende de um corpo mais
preparado, uma percepção mais aguçada e de ações mais conscientes e menos
mecânicas. Devemos buscar fazer mais com menos, mas infelizmente notamos o
inverso.
Energia elevada é ação concentrada com mínimo esforço e
o máximo de resultados.
Saúde e Energia!
Material retirado dos programas de consultoria e
treinamento em organização do trabalho, gestão do tempo e da energia.
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