Por Bruna Pires e Alexandre Peconick
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Empresas podem reduzir custos e aumentar satisfação
dos funcionários com home office, porém há a possibilidade de gerar processos
jurídicos para as organizações que não se precaverem.
Ter como trajeto para o escritório um pequeno
corredor, sem trânsito e sem se molhar nos dias chuvosos. Poder dormir até um
pouco mais tarde e almoçar em casa. No passado, esses eram privilégios de
alguns autônomos e sonho de praticamente todos os profissionais. No entanto,
cada vez mais, essa estratégia ganha espaço no mercado de trabalho.
De acordo com pesquisa realizada em 2011 pelo Centro
de Estudos sobre Tecnologia da Informação e da Comunicação (Cetic.br), do
Comitê Gestor de Internet no Brasil, 62% das grandes empresas, 40% das médias
e 23% das pequenas oferecem acesso remoto ao sistema de computadores para
parte de suas equipes – é possível utilizar todos os arquivos da rede sem
sair de casa.
O celular corporativo é outra ferramenta indispensável para quem trabalha fora do escritório. Segundo pesquisa da TIC Empresas, realizada em 2009, 65% das companhias nacionais forneceram os aparelhos para seus funcionários.
Se por um lado, a empresa ganha em economia, por
outro, o funcionário ganha em qualidade de vida. "Os profissionais têm
valorizado as companhias que prezam pelo seu bem-estar. Com a falta de mão de
obra qualificada, as empresas que oferecem benefícios como o home office saem
na frente e têm preferência dos melhores funcionários", explica Elaine
Saad, Vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos
(ABRH-Nacional).
As companhias também são beneficiadas pelo home
office. O sistema de trabalho permite melhor controle de gastos com espaços
físicos, vale-alimentação e com o vale-transporte. Além disso, também é
diminuído o consumo de água e luz – em algumas empresas o valor das contas é
reduzido em mais de 20%. Outra vantagem é a possibilidade de expandir sem ter
que necessariamente ampliar os postos de trabalho. "A valorização dos
imóveis e a baixa taxa de vacância nas cidades brasileiras dificultam a
mudança de endereço das empresas. O home office é a possibilidade de crescer
em um mesmo lugar", alerta Elaine.
No entanto, antes de implantar uma política de home
office, é muito importante que a área de recursos humanos das empresas tenha
um aconselhamento jurídico. "Há detalhes nessa prática que precisam ser
administrados, uma vez que nossa lei não prevê regras específicas para o
trabalho realizado de casa. É preciso fixar regras para eventuais
comparecimentos em reuniões ou prestação de contas com a empresa, além de
cláusulas contratuais claras entre empregador e empregado, que garantam essa
relação", explica Elaine.
O que nem todos sabem, é que ter o escritório dentro
de casa não é positivo para todos os tipos de profissionais. Há aqueles que
não conseguem estabelecer horários e aproveitam que estão em casa para
dormir, ver filmes ou realizar tarefas domésticas. Também existem os
funcionários que nunca encerram o expediente, os workaholics. "O mais
importante é ter equilíbrio. A área de recursos humanos pode criar um manual
de boa conduta. Informar sobre as roupas mais adequadas para trabalhar em
casa, reforçar a necessidade de cumprir os horários e, principalmente, sobre
a importância de estar atento ao celular corporativo e com fácil acesso ao
e-mail", diz Elaine.
Ainda não é possível precisar a porcentagem de
empresas que permitem que os funcionários trabalhem em casa. Por meio de seu
conhecimento no mercado, Elaine Saad comenta que a maioria das companhias que
permitem o home office estão concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
"Seria de vital importância para o Brasil avançar nessa prática, porém,
as empresas precisarão de orientação e apoio governamental", informa a
Vice-presidente da ABRH – Nacional.
Maximizando horizontes
Destacamos aqui também uma variação do home office,
que é part office, ou seja, o profissional atua parte de seu tempo em casa e
outra parte (em geral com flexibilidade de escolha) no ambiente da empresa.
Conforme foi publicado na edição 31 de NEWSLET (Janeiro/Fevereiro), Helenice
Gomes, Gerente de Produtos Sênior de Primary Care da GlaxoSmithKline, uma das
gigantes multinacionais do mercado farmacêutico, teve que assumir há um
trabalho part office – 10% em home office, 90% em escritório longe da matriz
no Rio. Motivo: seu marido fora surpreendido com uma promoção e o casal, com
o filho, teria que se mudar para São Paulo. Questão: ela estaria fisicamente
distante dos profissionais aos quais teria que se reportar. "Quando você
atua sem paredes, mas também sem o alcance visual dos colegas de trabalho, é
preciso estar ligado às ferramentas tecnológicas e usá-las com frequência
absoluta, por outro lado, trabalhar em qualquer lugar me ajuda a organizar a
minha agenda pessoal e profissional", revela.
A Comunicação sob um ângulo doméstico
O Grupo LET Recursos Humanos também tem um de seus
mais estratégicos profissionais atuando sob o regime de home office:
Alexandre Peconick, jornalista, Assessor de Comunicação e Editor da revista
NEWSLET. Quando recebeu, em junho do ano passado, a orientação para mudar seu
atendimento para o home office, Peconick confessa que ficou preocupado:
"é muito difícil fazer a transição no momento em que o ambiente de
trabalho é a sua segunda pele e quando, em casa, não havia, em princípio, a
possibilidade de criar um ambiente físico exclusivo para trabalho".
Some-se a isso a incerteza de que, ao não ver os colegas de empresa todos os
dias, havia o receio de não atendê-los da forma mais precisa e assertiva. A
adaptação foi difícil. Hoje, o editor de NEWSLET destaca as vantagens do seu
home office: "Como não perco horas me deslocando consigo organizar minha
agenda de compromissos de forma muito mais simples; dá tempo para cumprir
todas as metas pessoais e de trabalho, salvo algum imprevisto", conta
Peconick. Felizmente, sua esposa e filho, compreenderam a nova rotina. E para
os que imaginam que trabalhar em casa é uma moleza, um aviso de Peconick:
"Desde que passei a trabalhar em home office, a carga de trabalho
aumentou muito, pois a chance de atrasar início e final de expediente tende a
ser zero, além do fato de que todos sabem que fico mais disponível a
atender". Home office então é a panacéia para todos os problemas de
ambiente de trabalho? Não. Para Peconick, o regime ideal, para a média dos
profissionais que atuam em prestação de serviços, seria aquele que Helenice
Gomes realiza, ou seja: o part office.
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segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Minha Casa, Meu Trabalho - Prós e contras de uma nova relação profissional
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Favor cancelar meu email: ljb47@yahoo.com
ResponderExcluirainda estou recebendo todos os emails com propostas de emprego, ja enviei 3x para o e-mail de cancelamento, mas volta com erro, talvez caixa cheia, ou conta desativada, tbm já respondi no email principal e volta, desde já muito obrigado, serviu de muita ajuda, mas não estou precisando no momento, obrigado ! favor deletar este comentário assim que me ajudar.
Danilo !