São Paulo – Ao longo da carreira, as pessoas
aprendem lições importantes para o seu desenvolvimento e ascensão profissional.
É um conhecimento que começa a ser adquirido apenas a partir da prática e da
experiência porque,entre a formação adquirida nas salas de aula das
universidades e as exigências do mercado de trabalho há muitas lacunas, segundo
especialistas.
Mas este aprendizado nem sempre transcorre em mares
dos mais calmos. Na maior parte das vezes vem acompanhado de erros e fracassos
que obrigam os profissionais a apostarem em mudanças de atitude necessárias
para o ajuste da rota de sucesso.
Pensando nisso, EXAME.com consultou dois coaches
para saber quais as lições de carreira mais difíceis de aprender na opinião
deles. Com base na experiência com seus clientes, confira o que eles disseram:
1 Colaboração é a base do sucesso
Em tempos de competitividade em alta, a atitude
colaborativa pode ser deixada de lado na busca afoita pelo sucesso
profissional. Mas, engana-se quem pensa que só assim conseguirá se destacar
entre seus pares.
“O ponto bom de trabalhar em uma empresa é que você
vai aprender a colaborar com as outras pessoas e a colaboração é a base do
sucesso de uma empresa”, diz a coach Marie-Josette Brauer. Quanto antes você
descobrir isso, melhor.
2 Motivação surge a partir do
comprometimento com a carreira e os objetivos
A temida “síndrome da segunda-feira” – que leva
muita gente a se arrastar para o escritório – é um sinal claro da infelicidade
no trabalho. “As pessoas dizem que se levantam para trabalhar porque precisam
do salário, ou porque não podem ficar em casa”, diz Marie-Josette.
Ou seja, a motivação para encarar o expediente está
ancorada apenas em fatores como o dinheiro, ou a ideia de que não é certo ficar
sem trabalhar. “Mas é o comprometimento com a carreira e com os seus objetivos
é que é necessário para se motivar e se desenvolver”, ressalta Marie-Josette.
3 Utilizar bem os feedbacks
ajuda a gerenciar melhor a carreira
É certo que nem todos os chefes sabem dar
feedbacks, mas é igualmente certo que muitos profissionais não sabem
recebê-los, quando são negativos. “As pessoas ficam com raiva, e acabam
entrando em uma luta emocional”, diz Marie-Josette.
Ela recomenda que as pessoas tirem a carga
emocional que vem ao receber uma crítica e fiquem com a parte objetiva. “O
chefe pode ter soltado os cachorros, mas em vez de só ficar bravo, tente pegar
os pontos levantados. Se ele escolheu aqueles pontos é que porque tem algum
problema com eles”, diz Marie-Josette.
4 Capacidade de síntese é
essencial para manter o foco
Qual o seu objetivo no emprego atual? Melhorar o
currículo, aprender novas técnicas e competências, crescer profissionalmente?
Identificar os objetivos principais é fundamental para relevar obstáculos e não
ficar perdido em detalhes, na opinião de Marie-Josette. É essa atitude, que ela
nomeia como capacidade de síntese, que vai ajudá-lo a manter o foco.
Ganhar pouco, aguentar horários impossíveis,
engolir sapos podem ser mais suportáveis quando você tem claro que seu objetivo
é, por exemplo, ficar dois anos na empresa, melhorar o seu currículo e ficar
mais perto da oportunidade profissional dos seus sonhos, de acordo com a
especialista.
5 Apropriação de saberes é
fundamental na construção do conhecimento
“A possibilidade de pensar a partir de vários
pontos de vista é um desenvolvimento extremamente importante para gerenciar a
carreira”, diz Marie-Josette. No lugar de uma postura arrogante em que o seu
conhecimento vale mais do que o dos outros, aposte na apropriação dos saberes
como aliada na construção do seu conhecimento.
“Cada um sempre sabe uma coisa, o segredo é refazer
o percurso intelectual dessas pessoas para descobrir a razão por que aquela
pessoa tem aquela opinião”, diz a especialista. Automatizar isso vai permitir
uma abordagem das situações de vários ângulos diferentes.
6 Autocrítica é necessária na
hora de tomar decisões de carreira
“A autocrítica é a possibilidade de se enxergar
objetivamente”, explica Marie-Josette. É conseguir pensar onde você está, aonde
você quer chegar, quais as suas limitações e o que deverá ser desenvolvido no
caminho.
Pode até parecer simples, mas muitas pessoas não se
avaliam e, portanto, não têm estas respostas. “Antes de tomar uma decisão é
preciso fazer uma avaliação do máximo de informações possível”, lembra
Marie-Josette.
7 Toda mudança pressupõe etapas
Para o coach Mike Martins, diretor executivo
Sociedade Latino Americana de Coaching, a lição de carreira mais difícil de
aprender é entender as etapas pelas quais as pessoas passam quando estão
mudando. “Na primeira sessão com meus clientes costumo perguntar se eles
conhecem as fases e, geralmente, não sabem”, diz Martins.
As etapas, diz ele, são derivadas das pesquisas da
psiquiatra suíça Elizabeth Kluber-Ross que apresentou o estudo, na área de
tanatologia (estudo da morte), das fases da morte e do luto: negação, revolta,
negociação, reflexão e aceitação. “O que começou na ciência foi levado para o
mundo corporativo e foram estabelecidas outras fases que envolvem uma mudança
profissional”,explica.
A primeira fase é a mudança em si, em seguida, há a
imobilização. “A pessoa fica imobilizada porque foi exposta a novo ambiente e
não tem evidências e fatos para saber como agir”, diz Mike. A terceira é a
recusa da mudança, que é seguida pela revolta.
Depois de ficar agressiva, a pessoa entra na fase
de questionamento e passa para a etapa da depressão. Só recuperada desta fase,
ela passa a testar a mudança. Conformidade e aceitação são as etapas seguintes
e o resultado final é a resiliência.
Conhecer as fases é, de acordo com Mike, muito
importante para não ficar preso em nenhuma delas. “Profissionais mais
qualificados já conseguem saltar direto para a etapa de testar a mudança”,diz
Martins.
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