Somos humanos, vivemos uma vida repleta
de necessidades a serem satisfeitas; mas, não podemos deixar de admitir que nem
sempre depositamos nosso desejo de felicidade em coisas que realmente valem tamanha
consideração. Temos nos acostumado erroneamente a crer que felicidade e
dinheiro caminham de mãos dadas e são parceiros inseparáveis; talvez, aquela
velha máxima de que “é melhor debulhar lágrimas no interior de uma Ferrari do
que em um banco sujo de ônibus lotado”. Mas, se de fato isso fosse verdade,
todos que dispõem de um padrão financeiro satisfatório seriam exemplos da mais
plena felicidade.
Tudo está no bom senso e no saber olhar ao redor, nas coisas que tocam fundo nossa alma e traduzem sentimentos que nos fazem sonhar acordados. Temos sonhos materiais sim; mas, conquistá-los nem sempre refletem esse esplendoroso êxtase enigmático concentrado em gotas de momentos felizes ao longo da grande jornada. Pergunte aos pais, por exemplo, qual o momento mais feliz de suas vidas e certamente eles responderão ter sido o nascimento de seus filhos. Acompanhar o desabrochar daquela diminuta criatura, cada gesto, cada palavra balbuciada, cada conquista escolar,... Simplicidades rotineiras de um valor inestimável para eles; retratos coloridos de uma vida eternizada no álbum de recordações.
Como buscar a felicidade se desaprendemos a sorrir, a gargalhar, a chorar de emoção? Apregoamos-nos felizes para não darmos impressão de casmurrice crônica; mas, estamos distantes demais de explodir a felicidade que tanto precisamos para viver. Precisamos cada vez mais redescobrir o preço dos nossos próprios sonhos! Sonhar na valoração do possível para restituir-nos felicidades diárias, bálsamos que curam e energizam nossa vitalidade para prosseguir. Parar o estresse da vida para contemplar o belo que nos circunda, para valorizar os sentidos que nos pertencem e estão funcionantes a pleno vapor. Refletir sobre nosso pequeno mundo nesta terra e perceber que somos todos reis por um dia, ao termos mais que agradecer do que a pedir. Render aos nobres sentimentos que possuímos para colher gestos de afeto, de carinho, de compreensão, de ternura, etc.etc.etc.
Onde ficaram as lembranças mais doces que sempre nos alegraram os pensamentos? Ver o mar pela primeira vez, contar conchinhas na areia, correr debaixo de chuva, ganhar estrelinhas no caderno caprichado, receber visita do vovô e da vovó, visitar o zoológico e conhecer tantos bichos de perto, conhecer pessoalmente o ídolo da juventude, curtir o show de rock da banda dos sonhos, ver a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei jogar, comemorar a vitória do time de futebol do coração, papear com os amigos pela madrugada,... Estão aqui, dentro de nós, e sem querer fazem com que os sons, as cores, o gosto, o arrepio, as lágrimas, tudo nos envolva de uma vez só e se resuma na mais pura felicidade.
Pesquisas e mais pesquisas afirmam que nós brasileiros somos o povo mais feliz do mundo porque, segundo elas, procuramos a felicidade em meio à simplicidade. Pena, que há tanta gente nesta terra ainda infeliz! É para estes que essas palavras são direcionadas, no intuito de transformar seu foco sobre a questão. Cada dia mais a vida tem posto obstáculos difíceis de transpor, situações extremas e graves impactando a sociedade como um todo, deixando pouco mais do que o próprio corpo para prosseguir adiante e se não conseguirmos beber das gotas de felicidade que nos restam, acabaremos à míngua, secos de pão, água, vida e sonhos.
Por ALESSANDRA
LELES ROCHA
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