segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Como motivar pessoas?

Ser uma pessoa automotivada passou a ser um pré-requisito básico para quem quer se destacar no mundo corporativo.

Ser capaz de motivar os outros, uma habilidade básica para qualquer aspirante a cargos de liderança.

As empresas investem milhões em ações como palestras motivacionais, programas de endomarketing e planos de bonificação com o propósito de dar a famosa “injeção de ânimo” em suas equipes.

A motivação está inserida em qualquer discussão sobre resultados, trabalho em equipe, superação e mudanças dentro da empresa, como uma base de sustentação para qualquer objetivo.

E, diante dessa verdadeira corrida em busca de manter as pessoas motivadas, e produtivas, o que se vê são algumas ações criativas, uma grande dose de boa intenção e de boa vontade, mas muitos, muitos equívocos no estabelecimento de estratégias motivacionais que, algumas vezes representam apenas uma simples perda de tempo e de recursos das empresas e em outras um verdadeiro “tiro que sai pela culatra” e que traz um resultado oposto ao esperado.

Para ser efetiva, a implantação de um programa ou plano motivacional precisa considerar alguns aspectos essenciais das teorias e dos estudos sobre o comportamento humano e, mais especificamente, sobre a motivação.

Em primeiro lugar, é importante nos lembrarmos de que motivar é suprir uma necessidade, ou demanda, interna. Se não existe necessidade ou se não sabemos qual necessidade deve ser suprida, não existe ação motivacional.

Além disso, não podemos perder de vista que as pessoas possuem necessidades diferentes, por isso, uma estratégia que serve para uma pessoa pode não ter qualquer efeito sobre outra.

Segundo Abraham Maslow, o mais famoso dentre os estudiosos do tema, a motivação, ou necessidade humana, é um processo interno dinâmico. A partir do momento em que uma dada demanda foi suprida e a pessoa se sente saneada, ações externas relacionadas a essa demanda não teriam qualquer efeito motivacional. Daí surge o conceito da pirâmide ou hierarquia motivacional.

De acordo com essa teoria, existem cinco níveis ou estágios das necessidades humanas: fisiológica, segurança, relações sociais, auto-estima e realização pessoal, exatamente nesta ordem. Ou seja, à medida que uma pessoa atinge determinado estágio, a sua necessidade motivacional passaria a ser o estágio seguinte.

Por exemplo, uma pessoa que possui um emprego que lhe garanta segurança e a possibilidade de se relacionar com seus pares, mas que, dentro de sua perspectiva, é apenas um número na empresa, sente a necessidade de ser aceita e respeitada dentro do grupo. Esse é o seu próximo passo na pirâmide. Ações e oportunidades para que ela seja reconhecida em sua individualidade terão forte efeito motivacional sobre ela.

Porém, se de uma hora para outra, surgir o simples rumor de cortes e demissões na empresa de forma a ameaçar esse segurança, essa passará a ser sua nova busca. Ser apenas um número no RH voltará a ser mais importante do que ser tratada pelo nome pelo chefe. Pelo menos, até que se sinta segura novamente.

Seria realmente muito simples se todo o processo motivacional fosse restrito à teoria de Maslow. Porém, entender motivação vai um pouco além…

Para o psicólogo americano David McClelland, a motivação estaria intimamente ligada à própria personalidade da pessoa.

Segundo ele, as pessoas poderiam ser divididas em três grandes grupos, de acordo com a predominância de suas “bases motivacionais”.

Os afiliativos são pessoas que se motivam principalmente pela oportunidade de se relacionar com os outros. Para eles, o importante é se sentirem parte do grupo. Um exemplo típico é o indivíduo que trabalha com afinco o ano todo para em dezembro fazer parte da festa de confraternização da empresa. Não se incomoda se precisar organizar o grupo ou até mesmo se ficar “pilotando a churrasqueira”. O que o motiva é ver o grupo reunido. E se sente ainda mais pleno se todos estiverem, literalmente, “vestindo a mesma camiseta”.

São mais motivados por ações cooperativas. Um bom prêmio por um bom trabalho: Ser convidado para jantar com o chefe, levando a família, é claro.

Outro grupo seria o das pessoas orientadas para o poder. Esses precisam de situações ou condições em que possam demonstrar seu valor e, sobretudo, onde possam se diferenciar e se destacar. Para eles o importante é a sensação de poder. Gostam de falar em nome do grupo e de assumir posições de controle. Querem ser chefes ou comandar, mesmo que não recebam pagamento a mais por essa responsabilidade.

São mais motivadas por ações competitivas. Um bom prêmio por um bom trabalho: Ter sua foto no mural, de preferência bem grande, como funcionário do mês.

E o último grupo é o das pessoas com a motivação para a realização. Essa seria a base motivacional típica dos empreendedores. Essas pessoas são movidas pelo desafio e pela possibilidade de mostrar, para elas mesmas, a sua capacidade de superação. O importante é realizar, inovar e ter a sensação de que fez e faz a diferença para os resultados.

São motivadas por ações desafiadoras onde precisem superar seus próprios padrões de excelência. Um bom prêmio por um bom trabalho: Novos desafios.

Se, por exemplo, alguém pretende realizar um programa de premiação  aplicando as duas teorias, deve considerar que, para obter resultados efetivos precisará:

1.   Enxergar o grupo e seus componentes de acordo com o momento em que estão vivendo, criando diferentes opções de premiações para pessoas em diferentes estágios na pirâmide de Maslow.

2.   Considerar que os prêmios só terão efeito motivacional se os níveis inferiores da pirâmide – fisiologia, segurança e interação social – estiverem supridos. Por exemplo: Antes de pensar em premiar a apenas um funcionário por um desempenho superior, certifique-se de que as instalações de banheiro e cozinha da empresa atendam às necessidades básicas de todos ou ainda que não existam rumores de cortes ou demissões pairando no ar.

3.   Oferecer opções de premiações contemplando as diferentes bases motivacionais, ou seja, dar o prêmio de acordo com a personalidade de cada um.

4.   Compreender que, mais efetivo do que os prêmios oferecidos de forma pontual para os melhores desempenhos, é ter as rotinas distribuídas de acordo com o perfil motivacional de cada funcionário. Isto é, alocar as pessoas certas nas funções certas.

Motivar pessoas é mesmo uma tarefa complexa. Por isso, é muito mais fácil desmotivar…

Então, se você pretende criar um bom projeto motivacional, o melhor caminho é fazer uma pesquisa um pouco mais aprofundada sobre o tema. Na própria internet existe muito material. Outra opção é contratar um consultor especializado.

Mas, se estiver sem tempo para pesquisar, ou mesmo sem verba para investir em uma consultoria, e ainda assim quer ir adiante com a ideia de motivar pessoas, lembre-se de que prêmios em dinheiro têm efeito motivacional em quase todas as ocasiões, desde que, é claro, dimensionado às condições financeiras da pessoa que vai recebê-lo e respeitando as políticas de compliance da empresa.

Além disso, é sempre bom lembrar que respeito, elogios, desafios dimensionados à capacidade das pessoas e um ambiente de trabalho que permita a integração e a valorização das relações humanas são fatores motivacionais básicos e que não custam nada.

Assim, você terá bons motivos para celebrar os bons resultados!
Por Flávio Lettieri

Nenhum comentário:

Postar um comentário