sexta-feira, 28 de junho de 2013

Motivação: essência para a sobrevivência da empresa


Que empresa não gostaria de contar com uma equipe extremamente motivada e comprometida com o negócio? Certamente, esse é o desejo de qualquer organização que deseja sobreviver a uma competitividade cada vez mais acirrada. Por esse motivo, as companhias buscam alternativas, criam programas motivacionais, mas que nem sempre alcançam os resultados esperados. Onde está o erro? Infelizmente, há empresas que imaginam que promover ações esporádicas garantirá equipes estimuladas a superar obstáculos.
No entanto, há estudos que comprovam que nem sempre oferecer um salário atraente é suficiente para reter um talento. Hoje, por exemplo, não são poucos os profissionais que procuram uma nova colocação ou aceitam o convite da concorrência, porque desejam manter o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. É errado, então, oferecer atrativos diferenciados? Não, de forma alguma. Então, como proceder para manter os colaboradores motivados com as atividades que realizam? Para responder essa e outras questões, o RH.com.br conversou com Roberto Vieira Ribeiro, consultor que dedica anos de trabalho para reverter quadros de apatia nas organizações.
"Questões como a sensação de segurança, de compatibilizar o horário de trabalho com outras atividades importantes para o desenvolvimento profissional, pessoal ou social, ser pai ou mãe mais presente, enquanto atua profissionalmente em alto nível, contribuem significativamente para estimular a motivação entre os talentos", assegura Roberto Vieira Ribeiro. Se você observa que os integrantes da sua equipe ou empresa apresentam sinais claros de desmotivação, essa é uma boa oportunidade para parar e ler essa entrevista. Confira a leitura na íntegra!

RH.com.br - Há especialistas da área motivacional que afirmam que a motivação profissional depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. O senhor concorda com essa colocação?
Roberto Vieira Ribeiro - Em se tratando da motivação no ambiente de trabalho eu concordo que ela é influenciada por esses dois fatores. Que ela dependa deles, não. Porque a motivação é interna ao indivíduo e está relacionada ao que ele necessita, prioriza e valoriza. Quanto mais o exercício da profissão promover esses fatores e a pessoa sentir isso, tanto maior será a sua motivação. O que é um terreno fértil para os gestores trabalharem. Vou dar um exemplo. Eu sou coach de profissionais que estavam com baixíssima motivação devido a fatores como o ambiente organizacional e à maneira como eram liderados. Alguns já procuravam outra colocação. Após conquistar a confiança deles trabalhamos a questão da motivação, e eles concluíram que a função que exerciam naquela empresa contribuía tremendamente para o que valorizavam conquistar. Houve um salto de qualidade motivacional. Isso, apesar de alguns fatores extrínsecos que deixavam a desejar.

RH - Quais os fatores extrínsecos mais marcantes no meio organizacional?
Roberto Vieira Ribeiro - Espero que sejam as iniciativas que fazem os colaborares se sentir melhor, na empresa em que trabalham. Não me refiro a um ambiente mais bonito ou confortável, que também tem a sua importância, nem tão pouco a quirelas como uma vaga vip no estacionamento, e sim, àquelas medidas com grande potencial de mexer com as emoções das pessoas, na medida em que melhoram sua qualidade de vida, e até mesmo das suas famílias. Questões como a sensação de segurança, de saber que o filho está bem assistido, de compatibilizar o horário de trabalho com o de outras atividades que consideram importantes para seu desenvolvimento profissional, pessoal ou social, de evitar o estresse e aproveitar melhor o tempo despendido no trânsito, de ser pai ou mãe mais presente, enquanto atua profissionalmente em alto nível e assim por diante. Por exemplo, quando a empresa cria uma creche, ao permitir o horário de trabalho flexível, viabilizar para que as pessoas trabalhem remotamente, ou disponibilizar recursos para o colaborador cresça e se desenvolva. As sensações a que me referi são necessidades intrínsecas, que ao serem atendidas por medidas que são extrínsecas causam impacto intrínseco - maior motivação, com inúmeros resultados extrínsecos que interessam a organização - produtividade, clima organizacional positivo, orgulho de pertencer, maior comprometimento, lealdade, entre outros, podendo chegar a ganhos de mercado e a melhores resultados no balanço da empresa.

RH - Qual o equívoco mais comum que as empresas cometem, ao investirem em ações motivacionais?
Roberto Vieira Ribeiro - Imaginando ações motivacionais iniciativas como as campanhas de incentivos, nesse caso, o equívoco, se é que acontece, é o de supor que na ausência desse reforço o comportamento desejado permanecerá ou de que a alegria demonstrada no ambiente festivo da campanha significa maior compromisso ou lealdade com a empresa. Que a mobilização produzida por uma palestra bem-sucedida vai resultar em maiores vendas, ou ainda que o que as pessoas aparentam durante as convenções e outros eventos representam o que elas sentem, de fato. A verdade é que, assim como os gestores que organizam tais eventos, os demais colaboradores costumam jogar o jogo de aparências, praticando o que dizem ser politicamente correto. Tais ações podem ser denominadas motivacionais, podem inclusive entregar os resultados que prometeram, mas pouca ou nenhuma relação tem com a verdadeira motivação.

RH - A evidência desse equívoco deve-se a que fatores: falta de experiência de quem conduz o processo ou à "ânsia" de querer reverter um quadro de apatia corporativa?
Roberto Vieira Ribeiro - O fato é que o tema motivação é polêmico. Basta, por exemplo, você acessar a internet e pesquisar o tema "motivação versus dinheiro", para conferir que pesquisas consideradas críveis indicam que o dinheiro está longe de figurar entre os principais motivadores. Porém, muitos leitores desses resultados os questionam. Eu não sou um deles, embora, não dispense bons honorários e entenda que os chamados fatores motivacionais extrínsecos podem ser instrumentos importantes para os resultados dos colaboradores e das empresas.

RH - Ações motivacionais necessitam obrigatoriamente de investimentos financeiros significativos?
Roberto Vieira Ribeiro - Obrigatoriamente, não. Há inúmeros casos em que o talento criativo viabilizou resultados "motivacionais" grandiosos. Convido novamente os leitores do RH.com.br a pesquisarem na internet. Encontraremos ideias ótimas que são simples de serem praticadas. E também outras mais elaboradas, que eu questiono se vale à pena correr o risco. Isso porque vão demandar acompanhamento intenso e competente em todas as fases, e falhas mínimas podem comprometer os resultados. E depois, na ausência delas, provavelmente, haverá frustração e desmotivação. Trabalhar consistentemente a motivação dos colaborares traz retorno para a empresa, porém, exige conhecimento de causa e tempo. Ocorre que é comum, geralmente por questões econômicas, os gestores buscarem o atalho das ações motivacionais, quando precisam estimular os colaborares a produzirem resultados excepcionais ou urgentes, tais como, aumentar as vendas e cumprir prazos apertados. E quando querem distrair a atenção de questões internas como decisões erradas, falhas de liderança ou insatisfações com o clima organizacional e outros fatores extrínsecos, que dificilmente serão resolvidos com dinheiro apenas.

RH - A liderança é uma personagem indispensável à motivação das equipes?
Roberto Vieira Ribeiro - Diria que não é uma personagem indispensável, porque quando as pessoas certas estão no lugar certo a sua motivação estará a favor dos objetivos da empresa. Basta não desmotivá-las. O que é mais fácil falar do que fazer, não é verdade? Daí a importância de um líder que esteja realmente preparado para liderar. Ele saberá entender o contexto de cada situação e lidar com as pessoas da maneira certa, em 360º. Assim, sempre prestara valiosa contribuição para melhorar os resultados.

RH - Um líder competente é capaz de reverter um quadro de apatia, apenas com suas ações?
Roberto Vieira Ribeiro - Há casos e casos. Mas no geral eu assumo que sim, desde que ele tenha poder e recursos para investir e agir. O que, convenhamos, é pouco comum de se ver por aí. Sendo ele bem preparado, sabe que o ser humano é mobilizado prioritariamente pelos próprios objetivos e interesses. Então, se ele alinhar harmonicamente tais objetivos e interesses com os da empresa a apatia dará lugar ao comprometimento.

RH - Quais os principais indicadores de uma equipe motivada?
Roberto Vieira Ribeiro - Destacaria clima organizacional positivo, produtividade em alta, criatividade, baixo absenteísmo, turnover em queda, elevado comprometimento, projetos iniciados e concluídos com maior índice de êxito, clientes satisfeitos, fornecedores dispostos, ótimas negociações, concorridos programas de desenvolvimento profissional bancados pela empresa, investimento nessa área por iniciativa dos próprios colaboradores, número crescente de profissionais interessados em ingressar na companhia. Por favor, me ajude a completar a lista (risos).

RH - Em que momento a área de RH se faz indispensável nas ações motivacionais?
Roberto Vieira Ribeiro - A área de Recursos Humanos não é indispensável nestas questões, mas costuma ser útil. Penso que o RH deve ter um papel mais estratégico nas empresas, inclusive, no tocante ao tratamento que é dado à questão da motivação. E pode também dar suporte às chamadas ações motivacionais, sem necessariamente ser o responsável por elas.

RH - Que orientações o senhor daria aos gestores e aos profissionais de Recursos Humanos que identificam sinais de desmotivação na empresa?
Roberto Vieira Ribeiro - Sugiro que levem em consideração as informações disponibilizadas pela Great Place to Work - que é uma empresa de consultoria americana e com escritórios afiliados em vários países, inclusive no Brasil. Ela tem ouvido colaboradores e avaliado empregadores do mundo todo, a fim de compreender o que torna um ambiente de trabalho motivador. A análise do percentual das respostas a uma das perguntas mais respondidas - O que os profissionais estão buscando no mercado atual? - é esclarecedora. Os resultados são os seguintes: estabilidade no emprego - 4%; remuneração e benefícios 14%; equilíbrio entre vida profissional e pessoal - 25%; oportunidade de crescimento e desenvolvimento - 54% e outros - 3%. Não é por acaso que investir na contratação de bons profissionais de coaching, visando promover maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, e o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores, proporciona um enorme ROI (Retorno Sobre Investimento), tanto para as empresas quanto para aqueles que investem do próprio bolso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário