quarta-feira, 30 de março de 2011

O que os livros falam sobre liderança - Dill Casella

Tente folhear um típico livro de negócios e verá que abordagens do tipo “trabalho em equipe”, “cultura corporativa”, “serviço ao cliente” e até “liderança” são comuns. No entanto, poucos abordam o “como” e expressões do tipo “atenção”, “carinho”, “ética”, “toque”, “olhar”, “empatia”.
Então, o que significa liderar nos dias de hoje? Qual é o segredo de alguns dos nossos principais líderes? Vamos nos concentrar no território nacional: o que Norberto Odebrecht, Bernardinho, Antonio Maciel Neto, Luiza Helena, Dorothéa Werneck e Luiz Martins têm em comum?

Além de outras qualidades, nos relacionamentos com suas equipes, eles:

» são excepcionais educadores, ou seja, são líderes em busca da formação de líderes;
» extraem o máximo das equipes, instigando cada um a dar o melhor de si;
» constroem seu carisma através de uma impecável autenticidade;
» entendem a diversidade; não empobrecem a motivação; particularizam a empatia.

Você, amigo, que está lendo este artigo, já pensou como conseguir que alguém faça algo? Imagine que algo aqui represente resultado e você é um líder. Pois bem, existe um único meio: conseguir que a outra pessoa queira fazer.

Freud disse que tudo em nós emana de dois motivos: a necessidade sexual e o desejo de ser importante, que podemos traduzir como a “ânsia de ser apreciado”. Essa “ânsia” é que nos faz procurar roupa de última moda, admirar carros e celulares modernos e falarmos sobre a inteligência dos nossos filhos.

Portanto, cabe ao verdadeiro líder possuir habilidade em despertar o entusiasmo entre seus liderados através da apreciação e do encorajamento.

Somos brasileiros, adoramos esporte e vitórias, não é mesmo? Como eram bons nossos domingos pela manhã na época de Ayrton Senna! Parecia um prenúncio de quão satisfatória seria a semana quando nosso campeão subia ao pódio, em grande parte das vezes, no topo! 
É o mesmo que sentimos com nosso vôlei! Desde que Bernardinho assumiu a seleção masculina, em 2001, o time só deixou quatro grandes títulos escaparem – foi vice na Copa dos Campeões 2001, na Liga Mundial 2002, na Copa América 2005 e bronze no Pan 2003. Ou melhor, em 15 competições, vimos 15 pódios e 11 primeiros lugares!

E a equipe de Bernardinho sempre deu a entender que só a medalha de ouro interessava em Atenas 2004, ainda mais após as campanhas decepcionantes de Atlanta 1996, ainda com a "Geração de Ouro", em Sydney 2000, com vários integrantes da equipe que hoje forma a Era Bernardinho. Em ambas as edições, o Brasil caiu nas quartas-de-final.

O que aconteceu da liderança anterior para a atual? Os atletas cresceram de tamanho? A rede abaixou? Não! O clima que sabiamente foi plantado aos bem-sucedidos atletas não foi de dinheiro, fama, etc. (praticamente todos já tinham alcançado esse estágio), e sim de que “entraremos para a história do voleibol mundial de todos os tempos”.

Cabe sempre ao líder buscar argumentos e desafios para que seus liderados queiram fazer. Antonio Maciel Neto, presidente da Ford do Brasil, teve comprometimento de tal tamanho que chegou a ir para a televisão, anunciando seus produtos e sua campanha. “Pura autopromoção”, diriam alguns. Agora, tentem visualizar o impacto desse comprometimento sob a ótica de um líder dentro da empresa.
A Ford poderia ter contratado qualquer “rostinho de destaque da novela das oito”, não é mesmo? O que aconteceu: a Ford atingiu, pela primeira vez desde 1995, resultado positivo. Atualmente, trabalha em regime de três turnos na unidade de Camaçari, produzindo os modelos Fiesta, Fiesta Sedan e EcoSport.

Em ambos os exemplos, a concorrência está de olho. Os italianos, russos e todo o mundo estão estudando as jogadas ensaiadas, posicionamento em quadra, etc. da seleção de Bernardinho. As outras montadoras lançam novos carros e buscam ações para minar o avanço da Ford do Brasil.
Será que eles conseguirão? Será que seus liderados irão conseguir fazer a diferença? É muito mais do que trabalhar, pois muitos trabalham arduamente e não conseguem resultados.

Caro líder, antes de culpar sua equipe pelos maus resultados (e não há meio mais capaz de matar as ambições de um homem do que a crítica dos seus superiores), além de oferecer seu apoio, tente preocupar-se com o desenvolvimento de seus liderados.
Compartilhe com inteligência e sensibilidade seu conhecimento, contato visual, toque e palavras. Qual foi a última vez que você indicou um livro ou um filme aos seus liderados? Como você tem dirigido palavras e olhares a eles?

Jamais limite-se ao escalão imediatamente abaixo do seu. Desperte o querer fazer para todos em sua empresa. Tenha absoluta certeza de que o mundo está em evolução e a extinção de raposas e tubarões do mundo corporativo é uma realidade.

Colaboração: Jorge Pedro - Assessoria em RH

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