quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Lembra-te que és mortal!

Alguns dizem que o poder transforma o homem.

Particularmente, prefiro a definição do meu amigo Júlio Leite: “O poder não transforma o homem, apenas o revela”!

Uma boa ilustração para essa reflexão é uma história contada no livro “Qual a tua obra” do grande professor Mario Sérgio Cortella.

Narra o filósofo em seu livro:

“Os romanos na Antiguidade tinham um hábito muito importante: todas as vezes que um general, um líder importante, voltava de uma dura batalha com uma retumbante vitória, ele entrava na cidade de Roma e tinha que deixar o exército do lado de fora, num grande campo aberto, que era chamado Campo de Marte – dedicado ao deus da guerra.

O general subia numa biga, aquele carro de combate com dois cavalos, conduzida por um escravo. O líder se apoiava na lateral da biga para ser aclamado pelo povo.

E atravessava toda a cidade de Roma até o senado, onde seria agraciado com a maior honraria que um general poderia receber naquela época: uma bandeja com folhas de palmeira em cima.

Era uma honraria inacreditável. Tanto que, contam os cristãos, no Domingo de Ramos se faz um tapete com folhas de palmeira para Jesus de Nazaré.

Qual é o outro nome que a gente dá em português para uma bandeja de prata? Salva. Portanto, o general ia receber no senado uma salva de palmas. Com o tempo, a salva de palmas foi substituída por aplausos, dado que as nossas mãos parecem mesmo com folhas de palmeiras.

O general ia em direção ao senado e, por lei, um segundo escravo acompanhava a biga a pé.

Esse segundo escravo tinha uma obrigação legal: a cada quinhentas jardas, ele tinha que subir na biga e soprar no ouvido do general a seguinte frase:

‘Lembra-te que és mortal’.

A biga se deslocava mais quinhentas jardas, e ele sussurrava novamente o alerta”.

Além de uma beleza ímpar em sua simplicidade, essa história é um bom alerta para algumas pessoas que acreditam que adquirir uma boa carreira ou uma posição social privilegiada as tornam mais importantes do que os demais seres humanos.

Hoje, o mundo mudou.

Não existem mais os generais que entram nas cidades e circulam triunfantes em suas bigas, recebendo os aplausos coletivos por suas conquistas.

Mas, talvez o mundo não tenha mudado tanto…

Afinal, em um outro ambiente de guerra, chamado atualmente de ambiente empresarial, tem muitos generais, chamados chefes, que ainda precisam, e muito, de alguém para os lembrar de que são meros mortais.

Um carinhoso abraço,

Flávio Lettieri



Nenhum comentário:

Postar um comentário